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Aramis

E 27 anos depois, a BN volta ao Carnegie

A vodka é a mais recente musa inspiradora de Antônio Carlos Jobim. Há exatamente 11 dias, noite de 15 de março, no superlotado Carnegie Hall, em Nova Iorque, o mais importante compositor brasileiro - e considerado um dos cinco melhores contemporâneos - mostrou a sua mais nova composição: " Absolutilly [Absolutely]", letra em inglês, como todas suas obras, perfeita estruturalmente. Jobim fez questão de dedicar esta sua última música aos executivos da Absolut Vodka, que bancaram o patrocínio do seu concerto - com as participações especiais de Dori Caymmi e Gal Costa, em Nova Iorque, numa quarta-feira de muito frio. O sucesso do espetáculo foi tão grande, que desde a tarde de domingo, 12, a lotação daquele templo musical já estava esgotada. Na segunda-feira, ao entardecer, durante o coquetel no luxuoso The Westbury Hotel, Jobim teve que insistir junto aos produtores Pat Philips e Ettore Strada, para que ao menos fosse conseguido um lugar para o jornalista Zuza Homem de Mello, seu velho amigo - e um dos poucos profissionais da imprensa brasileira que assistiu ao espetáculo. Sônia Braga só garantiu seu lugar porque uma semana antes havia avisado a Guto Burgos, irmão de Gal, sua disposição em assistir ao show no qual, indiretamente foi homenageada com o tema "Gabriela", da telenovela por ela estrelada - e cuja música foi gravada por Gal. Já a pianista Tânia Maria, radicada em Nova Iorque, até horas antes do show, ainda aguardava um ingresso. No programa, basicamente standards do repertório de Tom - que hoje vivendo a maior parte de seu tempo em Nova Iorque desfruta de um prestígio imenso. Dori Caymmi fez um tema-solo, "arrancando entusiásticos aplausos do público" comentava, entusiasmado, Zuza - experiente crítico e produtor de espetáculos, que, nos bastidores do teatro, após o encerramento, sentiu a emoção de todos os participantes. - Afinal, para os 30 anos da Bossa Nova - e os 27 de sua chegada a Nova Iorque, no mesmo Carnegie Hall, em novembro de 1962, o evento não deixava de ser novamente histórico. LEGENDA FOTO - João Gilberto e Antônio Carlos Jobim, em 1961: a Bossa Nova em sua fase mais fértil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
26/03/1989

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