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Aramis

Amor & ação, com Ivan, Gonzaguinha e Taiquara

Enquanto a WEA lança o último lp de Luiz Gonzaga Jr. ("Luizinho de GONZAGÃO/GONZAGA/GONZAGUINHA), com canções inéditas, na voltagem criativa que caracteriza Luís Gonzaga do Nascimento Júnior (RJ/22/09/1945) não como um simples herdeiro das tradições de seu grande pai, Luiz Gonzaga (1912-1989), mas como um artista de (muita) energia própria, aliás, numa linha que, quando de seu início de carreira, há mais de 20 anos, o fez procurar os seus próprios caminhos - o temos também na série performance. Os muitos álbuns gravados na EMI-Odeon, período em que ali foi contratado, Francisco Rodrigues Jr., selecionou faixas das mais significativas "Grito de Alerta", "Comportamento Geral", "Com a Perna no Mundo", "Moleque", "Diga Lá, coração", "O que é o que é?", "Lindo Lago do Amor", "Sangrando", "Um Homem Também Chora", "Não dá mais pra segurar" e o clássico "Começarei Tudo Outra Vez". Momentos em que Gonzaguinha, unindo às vezes a raiva, o protesto naqueles anos de repressão, ao nunca negado romantismo, plantava momentos intensos de nosso cancioneiro - que hoje, reouvidos, adquirem ainda maior significado. Igualmente, Ivan Lins é outro compositor que nos anos 70 soube unir o coração à razão e marcar uma posição político-ideológica em suas canções - síntese da qual se encontra agora neste volume em que não poderia faltar momentos como "Cartomante", "Somos Todos Iguais Nesta Noite", "Dinorah", "Aos Nosos Filhos", "O Passarinho Cantou", "Desesperar Jamais" etc. Mesmo sem ter encontrado na coleção PERFORMANCE, mas como saiu no mesmo pacote, o álbum de reedição dessas canções mais conhecidas de Taiguara (Chalar da Silva, Montevidéu, 09/10/1945) torna-se bastante significativo neste suplemento. Como Geraldo Vandré (cujas reedições a RGE tem cuidado de fazer), Taiguara foi um talento que a política e pirações pessoais o fizeram, precocemente, deixar o cenário musical. Seu último elepê saiu há alguns anos, num parto doloroso só concluído nos estúdios SIR, aqui em Curitiba, e bancado pela Continental. Entretanto, antes de sua fase de auto-exílio, Taiguara, filho do notável executante de bandolim, Ubirajara Silva e uma cantora, Olga Chalar, fez uma meteórica carreira como cantor romântico no início (em 1964, cantando pela primeira vez em público, interpretava "Poema dos Olhos da Amada", de Vinícius/Paulo Soledade). Abandonou o curso de Direito, tornou-se cantor do Sambalanço Trio, em 1965 fez seu primeiro lp na Philips, participou de um show com Miéle que virou disco ("Primeiro Tempo 5x0"), esteve em festivais importantes (1966, FIC, com "Chora, coração", de Vinícius/Baden; II FIC, com "Center", de Roberto Menescal; classificou "Modinha", de Sérgio Bittencourt no festival "Brasil Canta" e no I Festival Universitário da MPB, foi quem defendeu a antológica "Helena, Helena", de Alberto Land, sua primeira e única música de sucesso. Em 1970, faria na EMI-Odeon seu lp "Viagem", com composições próprias, seguindo-se vários outros discos mas, em 1973, foi para a Inglaterra, de onde partiu para outros países. Apesar da longa ausência, seu público se manteve fiel e deverá buscar esta antologia "Teu Sonho Não Acabou", com muitas composições próprias - "Universo no teu corpo", "Berço de Marcela", "Teu sonho não acabou", "Carne e Osso", "Mudou" etc., ao lado de canções de outros autores que ajudou a se tornarem grandes momentos de nossa MPB.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
24
10/06/1990

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