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Aramis

Aqueles jovens premiados dos primeiros concursos

Pelo menos três dos seis escritores convidados para o Seminário de Literatura (Biblioteca Pública, 6 a 10 de junho), evento paralelo para marcar o reaquecimento do concurso nacional de Contos, aceitaram vir a Curitiba com uma certa dose de emoção. Dois deles, mais jovens, por terem justamente tido na antiga fase do concurso nacional de contos, suas primeiras oportunidades de aparecer nacionalmente. E a única mulher presente ao seminário como conferencista - Edla Van Steen - por ter raízes profundas com Curitiba, onde passou sua adolescência. Luiz Fernando Emediato, mineiro de Belo Vale, tinha 19 anos em 1971 quando ganhou o prêmio "Revelação de Autor" na 7ª edição do Concurso Nacional de Contos - instituído em 1966, quando Paulo Pimentel assumiu o governo do Paraná. No ano seguinte, 1972, um dos premiados seria um estudante de Medicina, de nome estranho - e que muitos imaginavam como pseudônimo - Doc Comparato. Hoje, Luiz Fernando Emediato é um dos mais conhecidos jornalistas e escritores brasileiros, uma dezena de livros publicados, Prêmio Esso de Reportagem e Prêmio Rei da Espanha de Jornalismo Internacional (que mereceu por uma série a guerrilha na América Latina). Emediato será o último palestrista do seminário, falando no dia 10 sobre "O Conto". xxx Doc Comparato tornou-se conhecido autor de mini-série de televisão ("Plantão de Polícia", "Malu Mulher", "Lampião e Maria Bonita", "Padre Cícero", "O Tempo e o Vento"), mas antes de chegar à linguagem do vídeo estudou a técnica de roteiro e playwright em Londres, durante três anos (1975/78). Três anos antes, diplomado pela Faculdade Nacional de Medicina sentiu que levava mais jeito para a ficção do que para a Medicina - embora a exercesse. No cinema, roteirizou já sete longa-metragens (entre eles "Beijo no Asfalto", "Bonitinha mas Ordinária", "Hospital Brasil", "O Bom Burguês", "O Cangaceiro Trapalhão" e "O Trapalhão na Arca de Noé"), sendo hoje profissional dos mais requisitados. Democraticamente, sem esconder as regras do jogo, publicou há dois anos "Roteiro - a arte e técnica de escrever para cinema e televisão" agora editado também em espanhol. Doc Comparato fará a primeira palestra do seminário (dia 6, 19 horas) abordando justamente o tema que melhor conhece: "Literatura na TV". xxx Para falar sobre a poesia, a coordenação do seminário foi muito feliz, escolhendo um dos mais expressivos poetas gaúchos: Luís Coronel. Advogado, escritor, poeta e letrista - com centenas de composições com os melhores músicos gaúchos, vencedor de inúmeros festivais nativistas, Luís Coronel é personalidade das mais conhecidas no Rio Grande do Sul. Seu "Gaudêncio das sete luas", é um épico, com imagens que lembram até "Martin Fierro" - e vários de seus cantos já foram transformados em canções nas vozes de Fafá de Belém e Zizi Possi, entre outras intérpretes. "Buçal de Prata", reuniu sua poesia regionalista, "Retirantes do Sul" é uma experiência cênica-lírica e também a poesia infantil tem merecido sua atenção: "O dia da inauguração do mundo" e "Cavalos do Tempo". Falará dia 7, sobre poesia. Gaúcho também é Moacyr Scliar, 51 anos, inúmeros prêmios, 24 livros publicados a partir de 1962 ("História de Médico em Formação"). A vinda de Coronel e Scliar para o Seminário é significativa por muitas razões - especialmente por iniciar um maior contato com o Rio Grande do Sul intelectualmente tão rico, com inúmeros autores de respaldo nacional mas que, por falta de maior intercâmbio, são ainda pouco conhecidos entre nós.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
31/05/1988

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