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Aramis

Aqui, Jazz (III)

A transferência de Maurício Quadrio da Phonogram para a Odeon não alterou, felizmente, a disposição daquela gravadora em dar [seqüência] as edições jazzísticas. Tanto é que o sucesso das séries "Jazz History" e "Jazz Masters", mais os primeiros lançamentos avulsos da Pablo Records, vem tendo uma grande [seqüência], com edições da Pablo, de Norman Granz, quase que mensalmente. E uma nova coleção, desta vez com matrizes da Mercury Records, foi editada há alguns meses: "The Em Arcy Jazz Séries". São sete álbuns duplos, absolutamente indispensáveis a quem pretende ter uma discoteca mínima do melhor jazz: Gene Ammons, saxofonista; Dinah Washington, cantora; Buddy Rich, baterista; Clifford Brown, pistonista; Cannanball Adderley, saxofonista; Oscar Peterson, pianista e Maynard Ferguson, pianista. GENE AMMONSE (gene Ammons, Chicago, 14/4/1925 - 23/7/1974) é chamado também de "Jug", o que justifica o título do volume um desta série da Mercury: "jug" Sessions", com sessões feitas entre 1947/49, tendo a participação de outros extraordinários músicos: Ammons foi, na descrição do crítico Dan Morgenstern, autor de "Jazz People", "um homem gentil que tocou o saxofone tenor com um som e sentimento sinônimos de "soul". Sua vida musical atravessou quatro décadas e teve sucesso em cada uma delas - um recorde igualado por poucos. Sua música era direta, e honesta e sua mensagem chegou sempre até o público. Ironicamente, só agora, quatro anos após sua morte, tem o público. Ironicamente, só agora, quatro anos após sua morte, tem o público brasileiro oportunidade de conhecê-lo melhor, com instrumentista e compositor. DINAH WASHINGTON (Ruth Jones, Tuscaloosa, Alabama, 28/agosto/ 1924/14/12/1963) como Mahalia Jackson (1911-1972) e Billie Holiday (1915-1959), Bessie Smith (1894-1937), Dinah foi das grandes cantoras americanas que morreu sem que os seus discos aparecessem no Brasil. Até hoje, é pouquíssimo conhecida entre nós, embora todos que a descobrem", como o sociólogo Roberval Eloy Pereira, da Fundepar, tornem-se fanatizados pelo seu "feeling", seu encanto como cantora. Como disse Morgenstern, Dinah foi a única de sua espécie. Sua classificação como artista foi tão extensa quanto à extensão de sua voz. Educada nos clubes e arraigada nos gospels, ela amadureceu no jazz e ultrapassou todas as categorias, tornando-se uma das grandes estrelas populares da música. todavia, mesmo quando alcançou o topo, permaneceu autêntica consigo mesmo e com a sua arte. Eis porque sobreviveu artisticamente. Gravou aproximadamente 400 músicas em seus 18 anos na Mercury. Assim, não foi fácil selecionar 10 faixas para o álbum em sua homenagem, na série Em Arcy Jazz. Mas, afinal, foram encontrados, 10 temas excelentes, feitos em ocasiões diversas (1955, 1954, e 1958), com a participação de músicos como Clark Terry, Max Roach e Jimmy Cleveland, entre outros e Dinah cantando temas como "My Old Flame", "Lover Come Back To Me", A Foggy Day", "Bye Bye Blues" e "All Of Me". BUDDY RICH (Nova Iorque, 30/6/1917) é na opinião do crítico Don De Micheael "o mais extraordinário baterista que já existiu. Seu controle instrumental é inigualável. Sob suas mãos um toral cria vida; ele sussurra, grita, estimula, rosna, ri baixinho, palpita ou ruge; de acordo com a música que o atinge. A coordenação entre suas mãos e pés é quase fora do comum. Outros bateristas choram lágrimas de felicidade vendo-o em ação, produzindo uma massa sonora que se assemelha a um trovão ecoando nas montanhas". No volume 3 da série EmArcy, temos vinte ótimos momentos de fases diferentes da carreira de Rich: 1946, 1959 e 1960, com gravações feitas em Nova Iorque, com músicos notáveis, cada um merecedor de todo um espaço. Destaque-se, especialmente, os temas "Sleep", "Limehouse Blues", "Yesterdays", "Toot, Toot, Tootsie, Goddbye" e "Figure Eights", com a participação de Phil Woods no sax, Tommy Turrentine no Trumpete, Stanley Turrentine no sax tenor e até Max Roach, outro extraordinário baterista. CLIFFORD BROWN (Wilmington, 1930/1956) morreu em plena juventude, quando o quinteto formado com a participação do baterista Max Roach estava em sua fase mais esplendorosa. Brown e Roach eram companheiros ideais. O baterista, nascido em 1925, impôs-se como um dos mais importantes percussionistas do jazz; embora fosse um dos principais criadores do novo estilo de bateria do bebop e tomou parte nas principais gravações da década precedente. O quinteto Brown.Roach foi sua primeira experiência como líder, uma constante desde então. Brown, quase seis anos mais moço, era a mais brilhante das vozes novas do trumpete no cenário do jazz. Sua música já assombrava e entusiasmava seus companheiros, e um punhado de discos que gravara começou a criar grande excitação entre fãs e críticos. Entretanto, foi sua associação com Roach que permitiu ao seu talento desenvolver-se por completo, pela primeira e, lamentavelmente, última vez. Aos 26 anos, na manhã de 25/6/56, morreu num acidente automobilístico. Também pouco conhecido no Brasil, Brown pode ser ouvido, em momentos excelentes, de registros feitos em 54/55, junto com Max Roach (sax) e Richard Powell (piano), Harold Land (sax) e George Morrow (baixo), nas 14 faixas deste álbum duplo que agora sai no Brasil. CANNONBALL ADDERLEY - Na verdade Julian Edwin Adderley (Tampa, Florida, 15/9/1928 - Gary, Indiana, 8/8/75) é, ao contrário dos outros músicos incluídos nesta série, um instrumentista mais conhecido no Brasil: aqui esteve algumas vezes, junto com seu irmão, Nathaniel, pianista, flautista e clarinetista, chegando a gravar várias músicas de compositores da fase bossa-nova, incluindo da dupla Maurício Einhorn/Durval Ferreira. Saxofonista e compositor, Cannanball passou muitos anos trabalhando como músico militar, em Fort Knox. Sua produção foi numerosa e marcante, de muita influência na segunda metade dos anos 50 quando após a morte de Charlie Parker (1920-1955) não existia nenhum outro saxofonista alto capaz de preencher o seu espaço. "Beginnings" é um álbum que reúne Adderley ao lado de seu irmão, Nat, John Coltrane (1916-1969), Jimmy Cobb, Junior Mance e o pianista Horace Silver (que há anos esteve em Curitiba), em faixas como "Cynthia's In Love", "It's Tune" e "The Sleeper". OSCAR PETERSON (Montreal, 15/8/1925), é entre os pianistas modernos de jazz, o que tem a obra mais numerosa editada no Brasil: a Pablo, tem lançado seus discos mais recentes, a BASF, enquanto existiu, editou os preciosos álbuns que gravou na Alemanha Ocidental, na residência-estúdio de um amigo e, também nas séries históricas tem aparecido álbuns com sua obra. É o caso deste "Trio In Transition", com sessões gravadas em duas ocasiões diferentes: no Tivoli Gardens, Copenhague, 29/5/65, com a participação de Ray Brown (baixo) e Ed Thigpen (bateria) e Em Chicago a 3/12/65, com Ray mas Louis Hayes, na bateria; e, finalmente, também em Chicago, a 4/53/66, com Hayes mas desta vez com Sam Jones (baixo) substituindo a Brown. Para os apreciadores da obra de Peterson, uma oportunidade de comparar diferentes formas - mas sempre com a sua inigualável classe e segurança ao piano. MAYNARD FERGUSON (Quebec, Canadá, 4/5/28), pistonista, trombonista e compositor é, há 30 anos, citado sempre como um dos maiores instrumentistas do jazz. Em 49, dois anos depois de sair do Canadá e quando atuava na orquestra de Charlie Barnet, o solo que Maynard fazia em "All The Things You Are" (Jerome Kern) era citado como antológico. Maynard integrou muitas orquestras e conjuntos - Kenton, Miles Davis, antes de formar seus próprios conjuntos. "Stratospheric", apresenta-o com diferentes formações - destacando Bud Shanke, Shelly Mane, Ray Brown, Milt Bernhard, Gary Frommer etc., em sessões feitas entre 54/56, período em que esteve contratado da Mercury. xxx Assumindo a representação no Brasil da Milestone e Fantasy Records, anteriormente entregue a RCA Victor, a Top Tap tem condições de incluir em seus lançamentos excelentes álbuns de jazz. E, felizmente, está dando atenção ao excelente material que tem nas mãos: "Pretty Blue" (Milestone/Top Tap, M-47030, agosto/78), álbum duplo com West Montgomery, vem enriquecido com um didático texto de J.R.Taylor, diretor da "Rutgers University Institut of Jazz Studies", sobre a importância deste guitarrista no moderno jazz, cnvenientemente traduzido para o português. E na contracapa, um texto de José Eduardo Homem de Mello (Zuza), especialista em jazz e MPB, falando sobre Wes, que, "continua sendo ao lado de Charlie Christian, o mais influente guitarrista americano de jazz". O disco reúne 21 temas, gravados entre 59/63, com diferentes acompanhamentos orquestrais. Um álbum precioso, indispensável a quem se interessa pelo jazz na guitarra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
29
17/09/1978

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