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Aramis

Arruda, o pioneiro

A preocupação que, finalmente, o Ministério da Educação e Cultura demonstrou com a invasão de enlatados na televisão brasileira e a necessidade de estimular a produção de séries com heróis nacionais, representa, o reconhecimento com 12 anos de atraso, de uma tese pela qual se bateu um paranaense idealista e que, na tentativa de produzir filmes para a televisão, perdeu sua fortuna e vida. xxx Claudio Eduardo Samuel Arruda, filho do gaúcho Brenno Arruda (1899-1954), primeiro juiz do trabalho em Curitiba, em 1961 fundou as Produções Ribalta, com a qual pretendia realizar em Curitiba filmes em 16 mm, destinados as televisões brasileiras. Com seus recursos pessoais. Claudio adquiriu equipamento, instalou estúdios e laboratórios num amplo barracão na rua Lysimaco da Costa (local onde há pouco foi inaugurado um grande edifício residencial) e, durante mais de 6 anos tentou, inutilmente, levar os seus projetos adiante. xxx Enfrentando a falta de colaboradores em todos os setores - interpretes, técnicos, administração, desdobrando-se em todas as funções - de roteirista a iluminador, Cláudio conseguiu realizar duas dúzias de curta-metragens, dentro das séries "Quando As Lendas Criam Vida" e "Encontros Com O Além". Estes filmes, alguns com a participação de atores e atrizes hoje famosos, mas que a época davam os seus primeiros passos - chegaram a serem vendidos ao Exterior, para exibição em televisões da Grécia, Itália e alguns países socialistas. Entretanto, a morte de Cláudio, por enfarte, há seis anos interrompeu o projeto. xxx Cláudio Arruda nunca recebeu qualquer ajuda oficial em seus projetos e, apesar dos prejuízos que sofreu, sempre cobriu todos os seus débitos. Seus filmes, infelizmente, parecem que se perderam, quando poderiam ser depositados no acervo da Fundação Cultural, já que bem ou mal, registraram [uma] tentativa de fazer cinema no Paraná. Num deles, "Trégua de Natal", atuavam dois atores que hoje são bastante conhecido: Ary Fontoura, desde 1964 no Rio de Janeiro e Maurício Távora, atual superintendente da Fundação Teatro Guaíra. xxx O MEC está anunciando que os filmes seriados, para a televisão serão financiados pela Embrafilmes. Por certo, agora aparecerão muitos produtores. Na época em que Cláudio tentou realizá-los, só houve uma outra experiência: a do cineasta paulista Ary Fernandes, que fez a série "O Vigilante Rodoviário" com um dos capítulos inclusive rodado em Curitiba, em princípios de 1962.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Seis Colunas
4
11/07/1976

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