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Aramis

A arte da boa impressão com tradição paranaense

Em sua visão cultural, o professor e colecionador Newton Carneiro, tragicamente falecido há dois anos em acidente rodoviário, foi um dos intelectuais que mais se preocupou em mostrar o pioneirismo do Paraná nas artes gráficas. Percorreu galerias na Europa, investiu muito de sua fortuna na compra de raras edições de arte ligadas ao Brasil (e especialmente ao Paraná) que foram parar no Exterior, escreveu artigos e livros para demonstrar que a imigração de gráficos alemães para Curitiba, no século passado, fez com que aqui fosse desenvolvida uma tradição de alto nível na área da produção gráfica. Portanto, ao fazer de sua revista uma publicação hoje reconhecida pelos mais exigentes leitores (diretores de arte, fotógrafos, publicitários, jornalistas, etc.), Oswaldo Miranda Jr., está retomando uma tradição quase centenária. Nas coleções existentes na Documentação Paranaense da Biblioteca Pública pode-se observar que mesmo quando eram produzidas com poucos recursos, as revistas que circulavam no início do século já traziam excelente nível. Hoje o parque gráfico de Curitiba oferece excelentes recursos, do que prova a qualidade de inúmeros trabalhos aqui desenvolvidos. Ainda agora o cartunista Dante Mendonça recebe cumprimentos não só pela qualidade na criação das charges de seu recém lançado "Álbum de Figurinhas e Figurões" - com distribuição nacional, desde a semana passada - mas pelo excelente nível de impressão, obtida graças aos recursos da gráfica pertencente ao Positivo. xxx Oswaldo Miranda Jr., embora admita que a "Gráfica" existe em decorrência de seu idealismo (lucro, que é bom, até hoje não teve: ao contrário, já perdeu muitos milhões para o projeto não ser interrompido), generosamente tem buscado transferir para todos que o auxiliam - tanto industrialmente, como na participação de cada número - os elogios que recebe. Obviamente, se não fosse a credibilidade que obteve como editor e a forma correta e honesta com que utiliza o material recebido do Brasil e Exterior, Miran não teria material de tão bom nível para fazer de cada número lançado um volume absolutamente indispensável na coleção de todos que se interessam pela comunicação visual. Ao idealizar uma edição dedicada apenas ao trabalho de mulheres - desenhistas, cartunistas, redatoras, produtoras, diretoras de arte, fotógrafas, calígrafas, etc. - encontrou tantos originais de qualidade que não teve outra solução do que dividir o acervo em duas etapas. Um primeiro volume, que circulou há três semanas - com o título de "Women Gráfica Design", e uma segunda parte, já em fase de impressão, que deve sair até o final de agosto. xxx Pela primeira vez reuniu-se uma mostra do talento de mulheres - a maioria brasileiras, mas também algumas estrangeiras - numa área profissional que, até há poucos anos, era um território machista. A edição abre, muito justamente, homenageando Bea Feitler (1938-1982), uma brasileira que se tornou designer das mais admiradas nos Estados Unidos, especialmente na fase em que foi o nome maior do grafismo do "Herper's Bazzar". Outro destaque é dado a Frances Jetter, cujos desenhos e ilustrações são disputados por publicações como "The New York Times", "The Boston Globe" e "Time". Na área da fotografia, entre tantas mulheres que tem se destacado com as imagens, Miran selecionou alguns dos trabalhos mais expressivos de Mariza Alves Lima. No designer propriamente dito, em criação de embalagens, rótulos, etc., a curitibana Tere Faria Zagonel, com a linha desenvolvida para o Boticário, ganhou, merecidamente, quatro páginas a cores. Seriam muitos os criadores a merecerem registros, que o melhor mesmo é recomendar aos interessados o esforço para adquirir a revista (que vale o que custa). LEGENDA FOTO - No número especial sobre a arte das mulheres, "Gráfica" destacou várias páginas com ilustrações como esta, de Frances Jetter, colaboradora habitual do "The New York Times".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/07/1989

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