Login do usuário

Aramis

Artigo em 05.08.1975

O artista Carlos Eduardo Zimmermann, 23 anos, estava com um sério problema ontem pela manhã: vinte e cinco dos quadros que vai expor na galeria Grafite, do humorista Millor Fernandes, no Rio de Janeiro, a partir de hoje, seguiram na sexta-feira, pela Transbrasil, sem problemas. Mas o maior dos quadros, com 1,40 x 1,50 não teve jeito de entrar no setor de bagagens do avião. O mais elogiado artista plástico da nova geração, Carlos Eduardo investiu mais de Cr$ 20 mil nesta sofisticada mostra carioca, destinada a ter ampla repercussão junto a crítica, que aliás, lhe tem sido pródiga. O finíssimo catálogo da exposição traz apresentação de Olivio Tavares de Araújo, crítico da Veja, há um mês, passando todo um dia analisando o seu trabalho. E que encerrou o texto afirmando que "Zimmermann propõe que se olhe de novo para certos objetos, tornados novos por sua própria visão. Confere, com isso, a seu trabalho, aquele valor de re-descoberta e revelação preconizada e perseguida, igualmente, por um Paul Klee. Também em Zimmermann, "a arte não fornece o visível. Ela faz visível". O médico Kit Abdala, proprietário de um dos maiores hospitais do Sudoeste, em Francisco Beltrão, merece sete páginas na edição de "O Médico Moderno", no 4, julho/75. Com uma dezena de fotos, Kit descreve para seus colegas de todo o Brasil, a sua viagem de Kansas, EUA, a Curitiba, em seu novo Cessna Turbo Stationer, texto aliás que O ESTADO, já havia publicado. A propósito de Kit: o arquiteto Julio Pechmann está concluída a sua nova mansão, que terá sofisticações de tal ordem, na mesma linha do minicastelo do britânico-santista George Kern, o poderoso senhor da Coca Cola, em Curitiba. O empresário Raimundo Egg, 73 anos, que sexta-feira passou ao seu velho amigo, Braulio Zipperer, 58 anos, a presidência do grupo Móveis Cimo S/A, tem um segredo para justificar sua extraordinária vitalidade e o fato de nunca precisar abater, de sua gordíssima declaração de Imposto de Renda (é um dos maiores contribuintes como pessoa física do Paraná), despesas de médico e hospitais: a prática de esportes Pois o "sêo" Raimundo como é conhecido, nunca dispensou a máxima latina do Mens Sana IN Corpore Sano. Aos 17 anos, já era um dos craques do Coritiba F.C. do qual é ainda um dos mais entusiástico torcedores e pelo qual foi, em 1923, campeão paranaense, jogando como goleiro. Mais tarde, deixando o futebol, se destacou no basquete, obtendo inclusive um tricampeonato paranaense e um brasileiro. Com a idade, passou para o golfe, sendo um dos imbatíveis campeões no grei do Country Clube. Empresarialmente, Raimundo Egg tem muitas estórias para contar: na década de 20 foi um dos dirigentes do histórico Teatro Hauer, onde hoje existe o cine Marabá, depois teve uma cervejaria. Na década de 40, associado a Martins Zipperer, pai de Braulio, começou no setor de madeiras, inicialmente em Rio Negro e fundando em 43 a Companhia Industrial de Móveis a CIMO que, em 32 anos, transformou numa das maiores empresas de móveis do Brasil. A partir desta semana, presidirá apenas o conselho consultivo do grupo, mas pelo seu próprio temperamento, por certo não deixará de diariamente assinar o ponto em seu escritório. Na tradição dos grandes carnavalescos, o próspero Afunfa (Oswaldo de Oliveira, 34 anos), corretor zoológico, proprietário de uma frota de Galaxies de aluguel e, sobretudo, presidente do Bloco Carnavalesco Dom Pedro II, já decidiu o tema com que sua escola sairá em 1976: Homenagem a Nhô Belarmino & Nhá Gabriela. Bicampeão (73/74) do nosso Carnaval, só tendo perdido no ano passado para os Acadêmicos da Sapolândia por aquilo que Afunfa classifica de "um engano estratégico", o Dom Pedro II voltará ao asfato da Marechal com mais de mil sambista e uma cenografia e guarda-roupa que significará o investimento de mais de Cr$ 300 mil: um grande parque de diversões, no meio do qual estarão as estimadíssimas figuras de Belarmino & Gabriela (Salvador Graciano, 55 anos e sua esposa, dona Júlia), os artistas mais populares do Paraná, com mais de 30 anos de atividades ininterruptas no rádio, circos e parques de diversões do Interior, Afunfa não poderia prestar homenagem mais justa. Pouco a pouco, o Paraná vai perdendo seus poucos valores artísticos. Agora é Paulo Vítola, 28 anos, sem favor nenhum um dos mais sólidos talentos musicais surgidos nos últimos anos, que está acertando os detalhes, para se fixar, definitivamente, no Rio de Janeiro. Conhecido e admirado por toda a cidade pelo seu trabalho na televisão (foi um dos mais criativos produtores da TV-Iguaçu), teatro ("Cidade Sem Portas" e Paraná - Terra de Todas as Gentes"), música (mais de 100 composições, responsável pelo movimento de Atuação Paiol) e publicidade (um dos diretores da P.ªZ.), Paulinho vai, sinceramente e com a coragem dos que creditam no próprio valor, desenvolver um trabalho artístico na Grande Cidade. Uma primeira sondagem já mostrou boas possibilidades: assessoramento numa empresa de audiovisuais, free-lancer como redator e, principalmente, composição - com chances (grandes) de, em pouco tempo, aparecer nacionalmente. Sozinho ou com parceiros (Lapis, Marinhos, Zé Roberto Oliva), Paulinho tem músicas do melhor nível, onde demonstra toda sua lírica de poeta. Imaginativo, cuidadoso no que se propõe a realizar, seus projetos desenvolvidos até agora foram bem encaminhados, com bons resultados. Agora, um nova etapa profissional inicia. Adulta, difícil, mas por isso mesmo, por certo, com resultado gratificantes. E nossa Cidade Sem Portas fica cada vez mais vazia dos bons talentos. O Arquiteto Abrão Aniz Assad, 33 anos, prestigiado profissional da nova geração, deixa a direção do Centro de Criatividade de Curitiba nesta semana. Interinamente será substituído pela professora Julieta Borba Cortes Fialho dos Reis, gravadora formada pela Escola de Música e belas Artes do Paraná, com especialização no atelier do MAM-Rio de Janeiro. Em menos de dois anos de existência, esta será a terceira modificação na direção do Centro de Criatividade, que teve como primeiro responsável o competente pintor Vicente Jair Mendes, hoje diretor do Museu Guido Viaro. Assad foi o responsável por projetos de grande impacto na cidade: a restauração do Teatro do Paiol e a transformação da rua XV em sua feição atual.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
05/08/1975

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br