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Aramis

Artigo em 05.11.1974

Nascido em Marília, SP, a 18 de julho de 1932, com o nome de João Mansur Lufti, o hoje consagrado Sérgio Ricardo começou a estudar piano aos oito anos, no conservatório da cidade: dona Maria Mansur, como tantas mães - sonhava muito que fosse artista - e o sonho realmente seria satisfeito: "Tuji, o mais velho, fez o curso completo de violino, Candura seria uma boa pianista, até o casamento, e Dib, o caçula, se transformaria num dos melhores fotógrafos de cinema do Brasil. O pai, Abdala Lufti, tocador de alaúde, quebrou o instrumento depois que descobriu uma misteriosa coincidência: toda vez que tocava vinha a notícia da morte de algum familiar lá de sua terra, o Líbano. Foi no conservatório de João Mansur Lufti começou a fazer suas primeiras composições, e nas festinhas da pequena Marília dos anos 40, fazia sensação com a ritualística "Dança Ritual do Fogo" (Manuel de Falla). Aos 16 anos João já tinha algumas composições, mas aos 1 anos transferiu-se para Santos, onde foi trabalhar na ZYH-3, Rádio Cultura São Vicente, de seu tio, Paulo Jorge Mansur. Ali ele fez de tudo: locutor, operador de som, propagandista, discotecário. Nesta época a trabalhar em boates - o Recreio Prainha, foi o primeiro emprego regular. Foi então convidado para trabalhar em outra rádio da família - a Vera Cruz, no Rio de Janeiro, de propriedade de outro tio. Nesta época voltou a estudar, fazendo o curso científico no Colégio Lafaiette. No Rio, voltou à vida noturna e o seu primeiro emprego foi uma boate de Copacabana, no posto5, onde costumavam aparecer dois nomes ainda desconhecidos do grande púbico: Johny Alf e Tom Jobim. Nos oito anos seguinte, João trabalhou como profissional - viajando entre São Paulo e Santos, mas conseguindo conciliar o serviço com dois anos de estudos na Escola Nacional de Música, seguidos por mais dois de harmonia e contraponto com professor particular. Compunha "modestamente, sem muita pretensão", e não tinha coragem para mostrar o que fazia. Quando já tinha um número razoável de músicas, resolveu cantar, acompanhando-se ao piano. Era a época de cantores românticos - Lúcio Alves, Dick Farney -, e logo João passou a ser, junto com Tito Madi, um dos cantores de boate mais cotados da praça. Uma noite, o compositor Nazareno de Brito ouviu o pianista cantor e convidou-o para gravar na RGE. Saiu em 78 rpm, onde João ainda não cantava suas composições mas lançava-se como cantor profissional, o disco fazendo sucesso no Rio, em São Paulo e até no Norte. E veio o segundo 78, onde João já conseguiu encaixar uma música sua - "Cafezinho". E o outro lado ainda continuava pertencendo a Nazareno de Brito. Mas não foi só Nazareno que ouviu João, Maysa soube daquele cantor-compositor (na época, ainda não era comum o autor catar as próprias músicas, o que ganharia força a partir da Bossa Nova), localizou a boate e foi conhecê-lo. Resolveu gravar uma de suas músicas - "Buquê de Isabel', que saiu num de seus primeiros elepês. Enquanto tudo isso ia acontecendo, João já fazia suas primeiras incursões na televisão. Começou em São Paulo, indo acompanhar, na TV Tupi, um amigo que tocava harmônica de boca. No monitor, o diretor Teófito de Barros reparou que aquele pianista "fotografava" bem. Propôs então um teste. João passou e foi contratado como ator para a Tupi. Mas se João era um nome comum demais, Lufti era difícil de guardar. Naquele momento, estava nascendo da boca de Teófito de Barros, o cantor, compositor e ator - e futuro cineasta SÉRGIO RICARDO. ""
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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05/11/1974

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