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Aramis

Artigo em 15.04.1992

"O objetivo é concentrar, nesta primeira etapa, os investimentos numa área específica - no caso, o teatro, para obtermos resultados mais concretos". Com esta explicação, o governador Roberto Requião descartou parte da reclamações em relação a uma pulverização dos recursos do Pipa - Programa de Incentivo Artístico, também para o cinema e música. xxx A área audiovisual, entretanto, não está abandonada. Apaixonado por vídeo - e sabendo da importância desta linguagem econômica e portátil - Requião está aceitando sugestões para um projeto, "que poderá ficar em torno [de] US$ 500 mil", para que o Paraná possa, no futuro ter uma grande central de produção de documentários - idéia, aliás, que há anos temos defendido em nossos espaços. xxx Quando de sua marcante administração na Prefeitura, Requião teve visão de adquirir um moderno equipamento de vídeo, generosamente, destinado à FUCUCU, para ali ser formado um núcleo de criação. Entretanto, uma das primeiras providências na administração Jaime Lerner foi transferir aquele equipamento caríssimo para servir única exclusivamente à Secretaria da Comunicação, no registro de atos oficiais. Com isto, na atual administração não se produziu um único vídeo mais criativo e personalizado que pudesse representar Curitiba externamente. xxx Aliás, há duas semanas, a "Vejinha", suplemento semanal da revista "Veja", confirmou esta denúncia, que também vem sendo feita em nossas colunas há mais de três anos. Ë até tolerável que a atual e badalativa administração municipal registre suas "centenas" de realizações, mas utilizar o equipamento apenas para este fim tem sido muito discutível. xxx O compositor Erom Viana, que está lançando seu satírico elepê "Pepino Verde", na qualidade de procurador do Sindicato Nacional dos Compositores Musicais, aplaudiu a iniciativa do Pipa, "mas espero que em breve o governador Requião, sempre tão aberto às nossas reivindicações, lembre-se também da necessidade da música popular ter maior espaço. Poderia, por exemplo, começar, em injetar, de fato, recursos para que a Rádio Estadual, deixe de ser uma emissora fantasma e passe a ter uma programação [cultural], prestigiando de fato a música paranaense", comenta o compositor paranaense. xxx Descontraidamente, camisa esporte e calça jeans, o governador Roberto Requião recebeu alguns artistas globais e pessoas da comunidade artística para jantar no Palácio Iguaçu, segunda-feira. Uma das presenças mais festejada era da veterena atriz paranaense Lala Schneider, hoje radicada no Rio. Outro paranaense que está dando certo na televisão é o jovem Rafael Veiga Camargo, para [alegria] de sua bela prima, Tina, uma das elegantes presenças no jantar. Maristela Requião, ao contrário do marido, preferiu um traje bem formal, cor preta e comentava com amigos detalhes de sua recente viagem ao Oriente. xxx Apesar de procurar chamar a atenção, pouca gente deu importância à [Sra.] Ipojuca Pontes - atriz Thereza Rachel, que aliás, há anos não vinha a Curitiba. Juca de Oliveira ficou na mesa principal, conversando longamente com o governador Requião. xxx [Cumprimentado] mesmo, com entusiasmo, era o escritor Domingos Pellegrini Jr., há um mês na Secretaria Municipal da Cultura de Londrina - embora desde dezembro já esteja dinamizando a área. Hoje o mais respeitado nome da literatura paranaense, relacionado nacionalmente, "Dinho"- como é chamado por seus amigos, tem planos sérios concretos para, neste ano, intensificar as atividades culturais de Londrina. Pellegrini veio a Curitiba para manter seis importantes reuniões e ficou para o jantar, viajando à meia-noite, de ônibus. Ao despedir-se de Requião, lembrou uma pitoresca estória de como foi que os dois se conheceram numa manifestação política, ele vestindo um kimono japonês (que havia trazido para seu amigo Paulo Leminski) e Requião, furioso na ocasião. O governador não lembrava-se dos detalhes. xxx O advogado Renato Costa, que era o empresário do compositor Luiz Gonzaga Jr. - e que sofrendo seríssimos ferimentos no acidente que custou a vida do autor de "Começar de Novo", há um ano - também estava no jantar. Veio a Curitiba, permanecendo até hoje, para ultimar com Claúdio Ribeiro, os detalhes do grande evento musical para marcar o 1º ano da morte [de] Gonzaguinha, no próximo dia 29, e a formalização da Fundação Aza Branca, em homenagem ao grande "Lua", o Gonzagão. xxx Confirmando o que já publicamos em diversas ocasiões, esta produção - programada em princípio para uma praça - reunirá grandes acordeonitas, como Dominguinhos e Oswaldinho. Duas familiares e emotivas presenças: Chiquinha Gonzaga - também acordeonista, irmã do velho "Lua" (não confundir com a outra "Chiquinha", a Francisca Edwiges Neves Gonzaga, 1847/1935, autora de Ö Abre alas") e Daniel, primogênito de Gonzaguinha. Luís Vieira, autor de clássicos como "Menino Passarinho", também poderá ser uma das presenças especiais nesta grande noite.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
15/04/1992

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