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Aramis

Atrações comerciais no circuito especial

Quatro estréias já ocupariam o tempo dos cinéfilos. Há, entretanto, uma mostra de importantes filmes japoneses - que raramente chegam a nossa cidade, e, nesta sexta-feira, o encerramento da mostra de vídeo de arte (auditório da Caixa Econômica Federal do Paraná, 14, 16 e 20 horas) e também da retrospectiva do Cinema Alemão (sala Brasílio Itiberê) com "O Dia dos Idiotas" (1982, de Werner Schroeter, legendas em espanhol - 19 horas) e "O Poder dos Sentimentos" (1981/82, de Alexander Kluge, 21 horas, legendas em português). Acrescente-se aos filmes que continuam em cartaz e mais a reprise de "A Comilança" (Le Grande Bouffe), 1973, de Marco Ferreri - com Marcelo Mastroianni e Ugo Tognazi (Groff, amanhã, meia noite; domingo, 10h30) para se ter uma programação bastante movimentada. O "Thriller Chic" - Depois do hitchcookiano "Busca Frenética", de Roman Polanski, estréia no Astor outro thriller importante: "Perigo na Noite". Com o título inspirado numa das mais belas canções de Gershwin ("Someone to Watch over Me", aproveitada com muito bom gosto na trilha sonora de Michael Kamen), este é um novo filme de Riddley Scott, que a partir de "Blade Runner - O Caçador de Andróides", se transformou num dos cineastas mais cultuados junto ao público intelectualizado (em vídeo, pode ser reapreciado o seu primeiro longa, "Os Duelistas"). O roteiro de Howard Franklin, coloca a ação num elegante apartamento do Upper East Side, Nova Iorque, no qual o policial Keegan (Tom Berenger, o sargento Barnes de "Platoon") deve proteger a bela e rica Claire Gregory (Mimi Rogers), uma testemunha ameaçada. Há conflitos familiares (Mike é casado, tem um filho, mas acaba se apaixonado por Claire) e muito suspense. Riddley Scott é um cineasta requintado, de bom gosto - e o filme deve agradar. "A Voz do Silêncio" - A estréia mais promissora da semana é "A Voz do Silêncio" (Cinema I, desde ontem), de Mike Newell, inglês, realizador do ótimo "Dançando com um Estranho" (que permaneceu três semanas no Ritz). O roteiro de David Field - também produtor - retoma aquela linha do cinema-fábula, de histórias ternas e elevadas que, nos anos 30 e 40, consagrariam Frank Capra. Com um toque de fábula, voltado a valores profundamente espirituais, "Silent Voice" tem sua ação ambientada numa cidade do interior "porque a maioria das pessoas é tão sofisticada que seria difícil acreditarmos que uma criança pudesse fazer o que este menino faz", disse o produtor-escritor Field, em torno deste filme terno, que tem justamente no ineditismo da história (e por isso mesmo, a própria Columbia evita divulgar a sinopse previamente) o seu grande encanto. Atraente também o elenco: além de marcar a volta de Gregory Peck, que estava numa voluntária aposentadoria há seis anos - interpretando o presidente dos EUA, o filme revela Alex English, ala do Denver Nuggets e cestinha de 1980 pela Associação Nacional de Basquetebol, como "Amazing Grace Smith", um personagem introspectivo e íntegro. Joshua Zuehlke, interpreta o garoto, escolhido através de rigorosos testes. William Peterson ("Viver e Morrer em Los Angeles") é o pai de Chuck, o menino sobre o qual se centra a história. Jamie Lee Curtis (filha de Tony Curtis / Janet Leight), amadurecida em relação aos filmes que fazia há 10 anos ("Halloween"), interpreta a empresária de Amazing Grace Smith. Com trilha sonora do excelente Elmer Bernstein (um dos mestres dos anos 50/60), fotografia de Robert Elswitt, "A Voz do Silêncio" é programa indispensável. Outras Opções - A presença de Burt Reynolds, Liza Minelli e da cantora Dionne Warwick no elenco de "Um Tira de Aluguel" (Rent a Cop) deve atrair algum público para este policial dirigido por Jerry London, em exibição no Bristol. "Inferno Vermelho" (Red Heat), de Walter Hill, com todo seu marketing de violência e a presença do halterofilista Arnold Schwarzenegger interpretando um oficial russo, Ivan Danko, que, em Chicago, faz dupla com o tira Art Ridzik (James Belushi) para capturar um traficante russo, Viktor Rostavili (Ed O'Ross) tem um público cativo. A promoção prévia foi boa, o cinema em que está em exibição (São João) tem um público que se entusiasma com filmes deste gênero e a esperança de Aleixo Zonari é que a renda justifique a sua manutenção ao menos por três semanas. "Poltergeist III" (Lido II), "A Farsa" (Lido I), "Mais Forte que o Ódio" (Astor) e "Quero ser Grande" (Plaza), continuam em exibição. Entre as reprises, a melhor opção é "Olhos Negros", que o russo Nikita Michalkov rodou na Itália há 2 anos e que valeu a Marcelo Mastroianni o Leão de Prata como melhor ator e sua indicação ao Oscar deste ano. Está em reprise no Groff. No Luz, infelizmente, o frei Chico tirou de cartaz o belo "Setembro", de Woody Allen para, religiosamente, ali lançar "O Milagre das Águas", produção amadora, rodada em aparecida do Norte, São Paulo, com direção e interpretação do padre Roncaldo Pelaquim. Para quem deseja conhecer o cinema japonês, no Ritz, a mostra organizada pela Fundação Japão / Cinemateca Brasileira, prossegue neste fim de semana com "Árvore Desfolhada" (Rakuyoju), 1986, de Kaneto Shindo (hoje, 14 e 20 horas) - e "Vida de Casado" (Meshi), 1951, de Mikio Naruse (1905-1969, hoje 16 e 22 horas). Amanhã e domingo, estarão sendo exibidos "Portal do Inferno" (Jigokumon), 1953, de Teiunosuke Kinusaga - Palma de Ouro e Oscar de melhor filme estrangeiro há 35 anos passados, e "Não Lamento minha Juventude" (Waga Seishun Ni Kui Nashi), 1946, de Akira Kurosawa. O melhor filme da mostra será programado para segunda e terça-feira: "Os Amantes Crucificados" (Chikamatsu Monogatari), 1954, de Kenji Mizoguchi (1898-1956). LEGENDA FOTO - Com ternura e emoção, "A Voz do Silencio", em exibição no Cinema I, é a melhor estréia da semana.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
07/10/1988

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