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Aramis

Bach, Marsalis e Mozart perfeitos

Enquanto o disco-laser - identificado como CD - ainda permanece como privilégio para poucos a Polygram amplia as opções em musicassetes de cromo, de música erudita - já com três coleções (dez volumes cada), lançando a "Opera Gala", que com uma perfeita seleção, vem atender tanto aos novos consumidores, leigos, quanto aos experts - reunindo vozes das mais belas (Renata Tabaldi, Mirella Freni, Joan Sutherland, Carlo Bergonzi, Giuseppe di Stefano, Regine Crespi, Birgit Nilsson, Marilyn Horni, etc.). Léo Monteiro de Barros, que com eficiência dirige o setor de jazz e música clássica da Polygram, tem sabido sentir as preferências do público (de alto nível) exigente, que consome o gênero e a chamada música antiga tem sido das preferidas. Assim, pouco a pouco, o conjunto de Música Antíqua Koln, formado por oito excelentes instrumentistas que utilizam instrumenos de corda - e mais o cravista Keith Hill, estão tendo suas gravações (originais da Archiv Produktion) aqui editadas, ainda em lançamentos convencionais, mas com ótima qualidade técnica. Um dos melhores lançamentos e o que traz o grupo num álbum duplo em que o disco um é ocupado por "A Arte da Fuga", um dos momentos culminantes na obra de Johann Sebastian Bach (1685-1750), enquanto no disco dois estão os chamados "Cânones", nos quais Bach exibia em "miniaturas obras" (como diz Werner Breig) "uma espantosa diversidade de meios contrapontísticos". Apesar de praticamente aposentado, Herber Von Karajan, 80 anos, continuará por muitos anos a ter obras lançadas no mercado, já que até há dois anos, a frente da Filarmônica de Berlim, continuava a reger gravações de um repertório imenso -a partir do advento do CD, registrando novamente as obras mais importantes. Pela Deutsch Gramophon/ Polygram temos um novo disco com a Berliner Philarmoniker, com Karajan regendo três peças das mais conhecidas: "Bolero" de Maurice Ravel (1875-1937) - que após ter sido o lightheme do filme "Retratos da Vida" ("les Uns Et Les Autres", de Claude Lelouch), se tornou conhecidíssimo - numa gravação de quase dezesseis minutos, complementada com outra peça do mesmo autor, a "Rapsódia Espanhola", em quatro movimentos. No lado dois, "Quadros de uma Exposição" do russo Modest Mussorgsky (1839-1881), em orquestração de Ravel, em seus dez movimentos. Uma obra de imensa presença e que teve nos anos 60 até uma respeitosa versão do grupo Emerson, Lake & Palmer - mas aqui na grandiosidade da Filarmônica de Berlim. xxx Conseguindo o (raríssimo) feito de ser tão admirado como músico de jazz como erudito, Wynton Marsalis, 27 anos, alterna as gravações dos dois gêneros e acumula premiações. Seu último disco é o "Baroque Music For Trumpets" (CBS Masterworks), no qual acompanhado pela English Chamber Orquestra, regida por Raymond Leppar, com peças de Vivaldi, Telemann, Pachelbel, Haydn, e Henrich Von Biber. Exemplo do álbum que estará nos indicados ao Grammy na sua categoria e que vence vários desafios - o primeiro dos quais num repertório perfeito para um disco com solos de pistão e uma orquestra de câmara (com quem Marsalis já havia feito dois outros discos, que ganharam os prêmios Grammy). Gravado na Igreja de São Barnabé, em Londres, o disco teve uma produção original como detalha Steven Spstcin, desenvolvida em duas etapas e que permitiu que após a gravação com a orquestra, Marsalis repetisse, na igreja então vazia, apenas os solos, resultando uma dupla presença do seu sopro - originalmente - com a Orquestra, posteriormente em solo, e com uma sincronização perfeita. Entre os muitos discos de música clássica que Marsalis tem feito, sem dúvida esta produção lançada no Brasil simultaneamente aos EUA está, sem dúvida, como um momento maior. xxx Para encerrar: com o QuartetoTakácz, formado em 1975, em Budapest, por alunos da Academia Lizt Ferenc, temos em lançamento da Imagem/ Musison, duas peças de Mozart: acrescentando-se ao grupo original, o executante de viola Dénes Koromzay, gravaram os Quintetos de Cordas nº s 3 e 4, compostos por Mozart na primavera de 1787 em Viena e que nascera em hora de grande crise: o pai (e uma espécie de empresário) de Mozart, Leopold (John Georg, 1719-1787) estava gravemente doente e viria a falecer. Quando teve notícia de sua morte, Mozart ficou deprimidíssimo e criou estes dois Quintetos, com uma intensidade dramática impressionante.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
14/08/1988

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