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Aramis

Bahia e o seu samba-reggae para consumo de marketing

Assim como o Rio Grande do Sul, a Bahia é um território fonográfico à parte. Com bons estúdios - como o WER, ocupando um prédio de três andares e produzindo discos para fábricas e etiquetas do Sul, mais de uma dezena de etiquetas e, principalmente, um elenco de artistas de vários gêneros que se espraiam por todo o País, além de ali terem o maior prestigiamento dos veículos de comunicação (especialmente das emissoras AM/FM), ao contrário do que acontece em Curitiba, a Bahia é auto-suficiente fonograficamente. Auto-suficiente e hoje internacional, depois que superstars como David "Talking Heads" Byrne e Paul Simon souberam capturar o potencial rítmico de uma geração emergente - e com um som facilmente internacionalizável - que centenas de grupos, compositores, instrumentistas e intérpretes ali produzem. Com um mercado seguro no Nordeste e chegando as paradas do Sul, entrando também no mercado americano e europeu - via França, e geléia geral da música baiana - com sua salada sonora de influências afro-carabainas - jamaicanas, misturada ao molho brasileiro, tem um som dos mais comerciais, o que somado ao bom marketing e trabalho organizado das gravadoras faz com que ritmos tradicionais ou novos, fussions, experiências, um ritmo dançante e new-carnavalesco garantam milhões de dólares. Um exemplo disto está no álbum-antologia "O Som da Bahia e o melhor do samba Reggae", com direção artística e repertório de Mayrton Bahia, que a Polygram produziu naturalmente com olho na exportação. São dez longas faixas com mais de 15 sambas-reggae (considerando o pot-pourri entregue a Margareth Menezes, uma das revelações da música baiana nestes últimos anos) que vale como um geral do swing baiano, misturando desde nomes consagrados como Caetano Veloso e Gilberto Gil na abertura ("Boas-Vindas", do próprio Cae), a intérpretes-compositores que aconteceram nestes últimos anos como Luiz Caldas ("Mama Yayá/Ça Moin Di Ou Fé") e "Dengo" (Edil Pacheco-João Nogueira), ao lado de um ex-filho de Elomar (Figueira de Mello), Carlos Pita - hoje em ritmos mais rentáveis, que comparece como compositor em "Benção" para a Banda Cheiro de Amor. Outra banda popularíssima, a Beijo, ataca com "Me dê Amor" (Jorge Zarath); Ricardo Chaves vem com um sambão de Gerônimo ("Nobre Guerreiro") e na mistura geral, há sambistas como Agepê ("De Amor é Bom", do carioca João Nogueira em parceria com o baiano Edil Pacheco), o carioca Marquinhos Satã ("Negritude Axé"), mas o grande destaque fica por conta mesmo de Margareth Menezes, que em temporadas nacionais e internacionais já ganhou seu espaço - comparecendo com "Menininha Dandará" (Paulo Debetio e Rezende) e no pou-pourri em que mistura "Faraó Divindades do Egito", "Brilho de Beleza", "Depois que o Ilé Passar", "Deus do Fogo e da Justiça" e "Uma História de Ifáce "ejigbó").
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
05/07/1992

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