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Aramis

A BASF no Brasil

Um dos mais poderosos grupos industriais da Alemanha, a BASF está instalando no Brasil também algumas de suas unidades. Após a fábrica de fitas, com um mercado extraordinário frente ao crescimento dos minicassetes e mesmo gravadores de rolos, a Basf está começando a editar discos. Embora de uma maneira tímida, sem promoção e divulgação, já fez alguns lançamentos. Ao lado da fundamental série de elepes com Oscar Peterson, gravados no estúdio particular de um amigo alemão, a Basf aproveitou o fato de ter gravado, na Alemanha, há três anos, por ocasião de uma excursão de Maria Bethania, Paulino da Viola, e o Terra Trio, um elepê documental, e lança agora este disco, com o título de "Nova Bossa Nova / Festival Folklore e Bossa Nova do Brasil "72" (BASF/MPS, stereo 2121557-1, novembro/74). Evidentemente que este disco foi produzido para o mercado Europeu, o que justifica o título, a nota de contracapa (mantida em ingles, neste lançamento nacional) repleta de erros e mesmo a confusão que se estabelece. Alguns músicos brasileiros que participaram da gravação residem na Europa há anos, como o excelente violonista Sebastião Tapajós, o percussionista Pedro "Sorongo" Santos e o vocalista, percussionista Jorginho Arena, que se destaca em algumas faixas. Todos os defeitos que este disco apresenta para nós, são perfeitamente desculpáveis: foi um lançamento internacional, de dois dos maiores nomes da música brasileira - Maria Bethânia e Paulinho da Viola, que passaram assim a serem conhecidos no influente mercado germânico. Ainda sem uma elenco nacional, o que não será fácil formar, haja visto que a maioria dos bons valores já estão divididos entre as fábricas estabelecidas há décadas no Brasil - é natural que a nova gravadora aproveite um disco em seu catálogo na Alemanha, com nomes do prestígio de Bethania e Paulinho da Viola, para apresentá-los em nosso País. Esperemos que a BASF organize sua promoção nacional e coordene seus lançamentos, pois em termos de qualidade de gravação, e bom gosto de capas - a prova está no layout deste "Nova Bossa Nova", a Basf não tem concorrente no Brasil. Vamos aguardar seus próximos passos, que esperamos sejam firmes e seguros. Afinal, estrutura internacional para isso é que não falta. Um lançamento despretensioso da CBS, que possivelmente emplacará uma nova série: "Super-Super-Super Sucessos" (Epic, 1441129, dezembro/74). Misturando artistas nacionais e a italiana Gigliola Cinquetti, possivelmente venderá junto a faixa de consumidores menos exigente, que buscam discos unicamente como entretenimento. Assim temos Ted Carlos (Meu aniversário) Antonio Soler (Olhos tristes) José Ribeiro (Suely), Fernando Barros (A noiva mais linda do lugar), entre os interpretes menos expressivos daquela gravadora, ao lado de gente nova, como Sandra Monica, cantando o bonito samba "1800 colinas" de Gracia do Salgueiro, Aloisio Ventura (Maria Mariazinha) e Matie-Malú (Que lugar danado). Do astuto Zuzuca (Adail de Paula) um novo samba "Morro Velho", nas vozes do grupo Samba 4. E a veterana Nubia Lafayette, que já foi sucesso anos atrás, reaparece com uma música cujo titulo já diz e tudo e demonstra que a moça parece não ter mudado apesar da idade: "Lama" de Aylce Chaves e Paulo Marques. Ah! A música que a italiana Gigliola canta é "Alle porte del sole".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
14
20/02/1975

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