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Aramis

BBC fez em Londres aquilo que faltava em nosso país

Há dois anos, para comemorar seus 50 anos de emissão de programas em português, a BBC de Londres desenvolveu um projeto especial para contar a História do Rádio no Brasil. Coordenado por Luiz Alfredo Hablitzel com texto de Valênio Martins, a pesquisa foi desenvolvida pelo radialista Luiz Carlos Sarodi, da "Rádio Jornal do Brasil" e que dividiu com Sonia Virginia Moreira um livro básico - "Rádio Nacional, o Brasil em Sintonia", publicado há 5 anos passados. Recorrendo a várias fontes - especialmente ao Museu da Imagem e do Som do Estado de São Paulo, arquivos da Rádio Record, Nacional e JB, Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo, foram elaborados 10 programas, cobrindo por temas, desde as primeiras emissões feitas no Brasil - durante a Exposição do Centenário, em setembro de 1922 - até a fase das FMs, Ivan Lessa, jornalista, funcionário do Serviço Brasileiro da BBC de Londres e um apaixonado pelo campo, foi um dos principais colaboradores da série que teve narração na voz correta de Jader de Oliveira. Acondicionada numa caixa, acompanhada de um álbum-índice, esta produção - distribuída apenas a entidades culturais traz uma contribuição importantíssima para a compreensão dos meios de comunicação no Brasil. O fato, por exemplo, de omitir o pioneirismo da Rádio Clube Paranaense ou de fazer mínimas referências as emissoras em outros estados fora - Rio-São Paulo (e Pernambuco, onde em 1919 já aconteciam algumas transmissões amadorísticas) não diminuiu a importância deste trabalho documental que, ironicamente, foi produzido na Inglaterra, com material enviado do Brasil, onde, até hoje, praticamente as entidades oficiais se esqueceram de estudar as origens e evolução do rádio e da televisão. Na voz do pioneiro Edgar Roquete Pinto, (1884-1954), antropólogo, médico, e que, ao ouvir a primeira transmissão radiofônica feita em 7 de setembro de 1922, quando, dentro das comemorações do centenário da Independência, foram trazidas dos Estados Unidos para o Rio de Janeiro duas estações transmissoras - uma Westinghouse e outra Telefunken, instaladas no Corcovado e Praia Vermelha, respectivamente - sentiu a importância deste novo veículo, o primeiro disco é dedicado aos "Pioneiros e Desbravadores". E nesta introdução, afora a didática condução cronológica da chegada do rádio entre nós, na belíssima voz de Saroldi, ouvem-se depoimentos dos próprios homens que participaram dos fatos: Renato Murce, Almirante, Paulo Machado de Carvalho (fundador da rádio Record), Ademar Caspe (pioneiro na produção de programas patrocinados), Ariovaldo Pires (Capitão Furtado) e, especialmente Paulo Tapajós, a filha de Roquete Pinto, Beatriz, recorda como o antropólogo-radialista fazia o primeiro programa de radiojornalismo que se ouviu no país, recortando os jornais e transmitindo, via telefone, para sua emissora - a Rádio Sociedade do Brasil, que em 23 de abril de 1923, com um dos equipamentos trazidos no ano anterior, começava a funcionar. Almirante, outro pioneiro, lembra que as primeiras duas rádios - Rádio Clube do Brasil se instalaria poucos meses depois - se alternavam para transmitir e aos domingos não havia rádio. Paulo Tapajós, 75 anos, 61 de ininterruptas atividades radiofônicas - o que lhe deve valer citação no Guinnes Book of Records, edição 1990 - com sua memória privilegiada, diz que "O rádio naquele tempo era uma coisa muito amadorista. Você vê pelo nome "Rádio Sociedade do Rio de Janeiro". Era uma sociedade, um grupo de amigos que pagavam uma determinada importância para a manutenção do rádio. Além disso, além desses amigos, havia algumas firmas comerciais e eu me lembro do tempo em que o locutor (que naquele tempo se chamava speaker) da Rádio Sociedade chegava e dizia assim: - "Vamos ouvir agora a relação das firmas que contribuem para a manutenção da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/06/1990
Fui aluna do Prof. Luiz Alfredo Hablitzel quando ele lecionava no SENAC, em São Paulo (faz tempo). Foram tempos muito bons. Navegando na web, cheguei nesse site e, para minha alegria, vi o seu nome . Gostaria de entrar em contato com ele. Será que voces poderiam me ajudar? Desde já agradeço. Atenciosamente, Rosa Maria Krisztan Pozo

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