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Beethoven, Brahms e trios de Rachmaninov

Apesar dos colecionadores de música erudita darem preferência as versões em CD, o mercado de elepês convencionais resiste - pois o preço do laser ainda restringe o acesso ao som do ano 2.000. A Polygram não só mantém um catálogo renovado da melhor produção erudita como também vem dando opções em fitas cassete, de dióxido de cromo, com excelente nível - e das quais já fez 36 edições. Incansável, com bom gosto, Leo Barros, diretor da área de clássicos e jazz, sabe o que editar e a prova está em quatro lançamentos recentes - todos com públicos seguros, embora dentro das limitações do mercado de clássicos. Ludwig Van Beethoven (1770-1826) - os últimos quartetos de corda - álbum quádruplo com o Melos Quartett (Wilhelm Malcher, primeiro violino; Gerhard Voss, segundo violino; Hermann Voss, viola e Peter Buck, violoncelo) este lançamento especial (preço médio de Cz$ 6 mil) traz os sete últimos quartetos de cordas de Beethoven, obras que provocaram polêmicas ao serem lançadas. Caracterizadas musicalmente, pela exploração der todas as variáveis da composição, como acentuou Jorge Caldeira, "formas de todos os tipos, contrastes violentos, pausas, dissonâncias, durações. Como em poucas outras obras Beethoven se subordinava apenas à idéia musical". Uma obra que influenciou até Schoenberg, que ouvindo os quartetos escreveu: "o que aprendi com Beethoven: a arte de alongar sem hesitação, mas também de escutar bruscamente, segundo as necessidades da causa". Portanto uma obra importante, para ser apreciada com atenção - e que vem acompanhada da síntese de um ensaio, em tradução de Mario Wilmesdorf Jr. O Quarteto Melos foi criado há 28 anos e só em 1985 concluiu a gravação do conjunto de todos os quartetos de cordas de Beethoven, iniciados em 1983. Johannes Brahms (1833-1897) - Apesar de estar praticamente aposentado da Filarmônica de Berlim, gravemente doente, Herbert Von Karajan, 80 anos, continua a ser o grande nome da música erudita em termos de regência. Em janeiro de 1987, ainda encontrou forças para fazer uma nova gravação em CD - e também registrada em vídeo - com a Sinfonia nº 1 em Dó menor, opus 68, de Brahms. Uma obra que ele só completou em 1876, quando já contava com 43 anos - embora vinte anos antes tivesse começado a pensar em desenvolvê-la (consumiu sete anos para completar só o primeiro movimento). Só este dado mostra o cuidado com que Brahms trabalhava em suas obras, especialmente nas Sinfonias. De certa forma como complemento, a Polygram lança simultaneamente outra gravação de Deutsche Grammoophon, também com a Filarmônica de Berlim, regida por Karajan, apresentando a Sinfonia nº 2, em Ré Maior, opus 73. Só que se trata de um registro feito em fevereiro de 1983, quando Karajan estava com maior vigor. No lado B, temos as "variações sobre um tema do Joseph Haydn", opus 56, escrita entre a conclusão da Primeira Siinfonia - que consumiu 20 anos - e só concluida em 1876, e a sua Segunda, que, ao contrário, foi desenvolvida no verão e outono de 1877. Trio Beaux Arts, formado por Menahen Pressler (piano), Isidore Cohen (violino) e Bernard Greenhouse (violoncelo) fez uma recente excursão ao Brasil (apresentando-se em Curitiba, pela Pró-Música) e a Polygram aproveitou para fazer a edição da gravação que o trio havia realizado em maio de 1986, no La Chaux-de-Fonds, Suíça, com os Trios elegiásticos nº 1 (em Sol Menor) e 2 (em Ré Menor) de Sergei Rachmaninov (1873-1943). A obra em sua forma elegíaca foi uma homenagem de Rachmaninov a Tchaikovsky, sua morte ocorrida a 6 de novembro de 1893, o atingiu duramente - pois ele o tinha como um grande mestre. Iniciado no mesmo dia da morte de Tchaikovsky, estes dois trios foram completados em 27 de dezembro do mesmo ano.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
24/07/1988

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