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Aramis

A [bênção], Baden Powell

"A [bênção], Baden Powell, maravilhoso [duende] da floresta afro-brasileira de sons, gênio bom da moderna canção população, Você para quem o violão é a única arma de combate ao desamor, ao convencionalismo e a indiferença, Você cuja música dá tristeza e faz pensar - Parceiro exemplar que vai devagar e sempre ganhando o coração do mundo ... A [bênção], Banden!" (Vinícius de Moraes) A começar pelo título - "27 Horas de Estúdio"- este último lp de Baden Powell dá uma idéia da dedicação e capricho com que foi executado: para gravar dez faixas, o mais famoso violonista brasileiro passou mais de três dias - em horários alterados - dentro dos estúdios da Companhia Brasileira de Discos. E o resultado foi compensador: o notável instrumentista e compositor, supera-se a si mesmo em sua arte, conseguindo novos efeitos e atingindo solos que nada ficam a dever aos maiores mestres - do clássico Andres Segovia ao jazz-man Ews Montgomery. Das 10 músicas selecionadas para esta produção Elenco - etiqueta de primeira linha e que em sete anos de atividades já lançou 57 lps da melhor qualidade - Baden escolheu seis de suas novas composições, ao lado de quatro outros temas. De Baden, temos "Lótus", "Iemanjá" (em parceria com Vinicius de Moraes), "Um Abraço no Cadó", "Violão", "O Cego Aderaldo", "Alô Ernesto". Fizemos nossas as palavras de Carlos Dantas, disc-review do "Correio da Manhã": "Duas faixas dêste lp mostram de modo particular a arte [interpretativa] de Baden Powell: "A Lenda do Abaeté" (2º, lado 2) e "Iemanjá" (2º, lado 1) - esta última como música de sua autoria e Vinicius de Moraes. São as melhores realizações, justamente porque entre as composições e o instrumentista nota-se ma integraçao radical. Em idéia e forma. Apenas na obra de Caymmi, recriada com tanta beleza, tanta propriedade, não faz o menor sentido aparecer a "Canção dos Barqueiros do Volga". Que tem a ver a lagoa baiana com o rio da Russia?". O toque sofisticado do disco é dado com a inclusão de "All The Things You Are", um clássico de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II, de seu amigo e parceiro Paulo Cesar Pinheiro (desta vez em parceria com João de Aquino) temos "Viagem" e de J. S. Bach há "Double" (de Bourrée). "A Lenda do Abaeté" - de Caymmi - é a grande faixa do disco. Nota-se em três músicas de Baden uma homenagem sincera e sonora: "O Cego Aderaldo" (ao famoso cantador cego do nordeste), "Um Abraço no Codó" (em 1961, João Gilberto gravou uma faixa instrumental em seu 3º lp na Odeon intitulado "Um Abraço no Bonfá" e "Alô, Ernesto". Uma produção cuidade de João Mello, com excelente trabalho técnico de Ary Carvalhaes e Celio Martins, que se inclui como um dos melhores lps editados no final de 1969 pela Philips. E que confirma mais uma vez o gabarito internacinal do mestre Powell. Como diria Vinicius, à [bênção], maravilhoso duende da floresta afro-brasileira de sons.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Disc-Review
12
17/01/1970

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