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Aramis

A big band de Brown e o sopro de Phil Woods

Nos Estados Unidos, a Franklin Mint Society vem editando há dois anos uma esplêndida coleção de álbuns sobre todas as Big Bands americanas. Um material fantástico, colhido em várias fontes e que possibilita se ouvir o som das orquestras que marcaram a vida americana durante várias décadas. Entre nós, infelizmente, são raras as vezes que as gravadoras se lembram de editar álbuns com as Big Bands, embora exista um público interessado – consideravelmente ampliado após "Moonlight Serenade" de Glenn Miller Ter sido incluído como tema da telenovela "Escalada" (Miller, mesmo não sendo o melhor dos maestros da era das big-bands e', sem dúvida o mais conhecido e o próximo relançamento de "Musica e Lágrimas", em versão integral, vai fazer com que cresça ainda mais o interesse por sua obra). Aos fãs das big-bands um álbum indispensável é o que a WEA acaba de incluir em sua Jazz Odissey: Les Browm and His Band of Renown no concerto público realizado no Hollywood Palladium em setembro de 1953. Lester Raymond Brown (Reinerton, 14/4/1912), filho de um professor de música que desde cedo o iniciou no aprendizado do saxofone, freqüentou o Conservatório de Música em Ithaca, de onde saiu em 1929. Entre 9132/35 cursou a "Duke University", formando então o "Duke Blue Devils", alcançando grande sucesso na área estudantil. Gravou seus primeiros discos no selo "Bluebird" mas a banda se dissolveu em setembro de 1937. Trabalho como "free lancer", fez arranjos para as orquestras de Larry Clinton e Isham Jones e, em 1938, reorganizou a sua própria orquestra que, no início dos anos 40 já se firmaria como uma das melhores big bands. A chamada "The Band of Renown" tinha como arranjadores Bem Homer (autor do maior êxito da orquestra: "Sentimental Journey") e Frank Comstock. Seus principais solistas eram Dave Pell ( sax-tenor). Dan Fagerguist (trumpete), Geoff Clarckson (piano) e Ronnie Lang (sax-alto) e como crooner uma moça que se chamava Doris Day. Em 1962, Les Brown se afastou da orquestra, deixando na liderança o saxofonista Butch Stone. O prestígio caiu e Les voltou. Mas a época das big bands começava a Ter o seu crepúsculo. Neste disco gravado há 32 anos, ao vivo, a big-band com quatro trumpetes (Fogerguist, Stan Staut, Don Paladino, Wes Hensel), quatro trombones (Stumpy Brown, Ray Sims, Dick Noel, Bob Pring), mais Ronnie Lang e Sol Libero no sax-alto; Dave Pell e Abe Aaron no tenor e Butch Stone na barítono complementados pelo pianista Clark, Vernon Bolk na guitarra, Rolly Bundock no baixo e Jack Sperling na bateria mostra o delicioso som de uma época. Com nove temas excelentes: "Caravana"(Juan Tizot/Duke Ellington/Irving Mills); "Flying Home" (Lionel Hampton/Goodman); "Begin The Beguine" e "From This Moment On" (Cole Porter): "Cherokee/Indian Love Song" ( Ray Noble), "Crazy Legis" (Frank Comstock); "Happy Hooligan" (Comstock / Geoff Clarkson), "One O'Clock Jump" (Basie) e a magnífica "Laura"( David Raskin/J. Mercer). xxx No II Festival de Jazz São Paulo/Monterrey (maio/1980), uma das mais gratas surpresas foi a participação do saxofonista, pianista e líder Phil Woods (Philip Welss Woods, Springfield, Massachussets, 2/11/1931). Embora com uma carreira marcante – trabalhos com Gillespie, Quincy Jones e Benny Goodman – antes de formar seu próprio grupo, Wood era, até então, ainda pouco conhecido no Brasil. Radicado deste 1972 na Califórnia, trabalhando com Michel Legrand, seu sopro suave e delicado se ouviu nas trilhas sonoras de filmes marcantes como "Desafio à Corrupção" (The Hustlers, 1961, de Robert Rossem) e "Blow Up-Depois daquele beijo"(Inglaterra, 1967, de Michelangelo Antonione). A vinda de Wood ao Brasil estimulou que algumas de suas gravadoras aqui aparecessem. No mesmo ano de sua participação no festival de jazz de São Paulo, a RCA lançou um de seus melhores álbuns. No ano passado, dentro do excelente pacote jazzístico, a Barclay (ex-Ariola), aqui lançou dois dos melhores discos de Phil Woods, de fases diferentes de sua carreira. "Woodlore" traz a sua formação de quarteto, com a participação de John Williams no piano, Teddy Kotick no baixo e Nick Stabulas na bateria. Já "Pairing Off" mostra uma outra fase: o septeto, com Tommy Flanagam ao piano; Kenny Dorham e Donald Burd nos pistões; Doug Watkins no baixo; Philly Joe Jones na bateria e Gene Wquill dobrando no sax-alto com Phil Woods. Nestes dois momentos sente-se a extraordinária força de Phil, imprimindo seu estilo a temas como "Slow Boat To China", "Get Happy", "Be My Love", "Falling In Love Alt Over Again" na formação de quarteto ou "Cool Aid" , "Suddenly It's Spring" e "Pairing Off" já na formação do septeto – registro que além de proporcionar um reencontro com o inspirado Donald Byrd ( Detroit, 1932) e o melodioso Tommy Flanagan (pianista predileto de Ella Fitzgerald desde 1956) nos traz o trumpetista Kenny Dorhan ( Fairfield, Texas, 1924) e o saxofonista Daniel Eugene ( "Gene") Quill ( Atlantic City, 1972). Dois excelentes discos, fundamentais a quem se interessa por jazz contemporâneo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
27/01/1985

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