Login do usuário

Aramis

Bluebird chega ao Brasil

O primeiro grande lançamento de jazz neste ano foi o pacote de oito álbuns da Bluebird, etiqueta ligada ao grupo RCA - no Brasil BMG/Ariola, que havia sido programado para dezembro, mas que, afinal, só saiu no final de janeiro. Apesar disto, quem já conhecia da edição americana esta preciosa coleção - como Zuza Homem de Mello - não teve dúvidas em incluí-la como das melhores do ano, especialmente o magnífico "And his Mother Called him Bill", o melhor de todos os discos do pacote - e um dos maiores momentos da carreira de Duke Ellington. Foi uma homenagem que fez ao seu pianista e arranjador Billy Strayhorn, com quem trabalhou por mais de 25 anos - e autor, inclusive, do prefixo de sua banda - "Take The A Train", que, erroneamente, muitos atribuem como de autoria do próprio Duke. Em 1967 numa homenagem ao amigo e colega recém falecido, Duke reuniu 12 de suas composições para um álbum absolutamente imperdível. Mas este pacote traz outras preciosidades. Por exemplo, o cantor Joe Willians, que veio no último Free Jazz Festival, mas que não tinha nenhum álbum na praça, surge num de seus melhores momentos - "The Overwhelming Joe Willians", que soa "esmagador e irresistível" como registrou Carlos Callado. Louis Armstrong tem reeditado em seus álbuns, já conhecidos em versão anterior, mas sempre atual: "What a Wonderful World". Dizzy Gillespie, último dos grandes band-leaders - e que em setembro volta ao Brasil, trazendo em sua orquestra o percussionista Airto Moreira - em "Dizziest" conduz algumas das raras experiências do bebop gravadas no período 46/49. Com uma constelação de boppers, Dizzy redefine clássicos do estilo como "Anthropology" e "Cop-Popp-A-Da" ou "Standards" como "You Go To My Head", "investindo ainda em sua requebrante fusão com os ritmos latinos, o afro cuban jazz, em faixas como "Cubana Me", "Cubana Bop" e "Manteca" - conforme a análise da "Folha de São Paulo" (29/12/89). Três outros álbuns que oferecem o som harmonioso de grandes do jazz: "Major Glenn Miller & The Army Air Force Band", traz gravações entre 1943/44, quando a orquestra do autor de "Moonlight Serenade" estava engajada na USAF - trazendo músicas menos standartizadas. De uma fase mais recente (1963) temos o clarinetista Benny Goodman ("Togheter Again"), com um quarteto marcante - Lionel Hampton (vibrafone), Teddy Wilson (piano) e Gene Krupa (bateria), com faixas como "Somebody Loves Me" e "Who Cares" de Gershwin, "Say Is Isn't So" de Irving Berlim e até Ellington ("I Got It Band and That ain't Good"). De 1963, o encontro do sax alto Paul Desmond e o barítono Gerry Mulligan ("Two of a Mind"), com o jazz west coast - acompanhados por três baixistas e dois bateristas diferentes, numa atmosfera cool. Finalmente, encerrando a série, temos "The Third World Revisited" do saxofonista argentino Gato Barbieri. Álbuns marcantes, merecedores de análises mais detalhadas, mas que aqui também ficam hoje registradas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
6
04/03/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br