Login do usuário

Aramis

Boni, Globo & Cia. (I)

Dentro da linha independente e num enfoque jornalístico admirável que caracteriza a revista "Status" (Editora Três, São Paulo), uma (boa) versão tupiniquim de "Playboy", a reportagem-entrevista de abertura do número que está nas bancas nesta semana (Nº 7, Fevereiro/75, 98 páginas, Cr$ 12,00) focaliza a Rede Globo de Televisão ("Boni, Globo & Cia."). O jornalista José Angelo Caiarsa inicia o texto com uma afirmação entusiástica: "A Rede Globo é uma das melhores cadeias de televisão do mundo (sem ufanias...), exportadora de novelas e de shows para os Estados Unidos, diversos países da América Latina e da Europa, empresa colocada entre as 40 primeiras do Brasil". Em seguida dados objetivos que dão a dimensão da grandeza da empresa: durante os programas "Fantástico" e "Jornal Nacional" (mercado nacional, com rede 19 emissoras), 30 segundos, da Globo custam 100 mil cruzeiros. Já a "Sessão Coruja" e "baratinha": 4 mil pelo mesmo espaço de tempo. Novelas: 41 mil cruzeiros a mais cara ("Fogo Sobre Terra"), 23.500 na de preço baixo ("O Rebu"). Pagamento médio de 30 segundos da Rede globo: 21 mil (8quanto menor a área alcançada e o IBOPE, menor o preço). Como regulamentos federais só permitem 15 minutos de propaganda por hora (em geral a Globo usa apenas 12), a Rede recolheria meio bilhão por hora, se vendesse todos os segundos dos intervalos comerciais, durante o chamado horário nobre. Esse faturamento resulta em maciços investimentos na produção e renovação do complexo equipamento eletrônico que leva diariamente o produto da Globo a um terço da população do Brasil. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (mais conhecido como Boni) é quem comanda pessoalmente a equipe responsável por esse delicado e explosivos setor, uma equipe que inclui alguns dos nomes mais expressivos da televisão brasileira: Mauro Borja Lopes (o desenhista Borjalo), Armando Nogueira, Daniel Filho, Augusto Cesar Vannuci, engenheiro Wilson Britto e muitos outros. Esse alto comando aciona um exército de autores, músicos, bailarinas, cenógrafos, figurinistas, maquiladores e técnicos que, em revezamento, se mantém em ação 24 horas por dia. Da entrevista com Boni (39 anos), Borjalo (49 anos, diretor da Central Globo de Produções, filmes, novelas, shows), Armando Nogueira (47 anos, diretor da Central Globo de Telejornalismo) e dois assessores diretos de Boni - Edwaldo Pacote ("jornalista maduro, rosto sofrido, que se anima e apaixona quando fala - parece estar sempre brigando") e Homero Icaza Sanchez ("mago dos números, principal figura do setor das pesquisas da Globo"). Alguns dados importantes: há no Brasil atualmente dez milhões (450 mil a cores) aparelhos de televisão no Brasil, dos quais 40% em São Paulo (capital e interior). Estatisticamente uma média de três espectadores por aparelho de tv, registrando as novelas da Globo uma média de 12 a 15 milhões de espectadores - mas número que pode chegar à 20 milhões, ou seja um quinto da população do Brasil. Como diz Boni, "não existe outro meio para exercer influencia sobre tanta gente, de uma só vez". Os programas são vistos pelo Brasil inteiro - tendência cada vez mais intensa com a formação das transmissões via Embratel, inclusive filmes de longa-metragem. Borjalo diz que há pequenas diferenças no gosto da população, "insensíveis".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
27/02/1975

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br