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Aramis

Brizula, dobradinha imbatível?

Em "Brizula" - lançado há menos de uma semana em Brasília, o jornalista Gilberto Vasconcelos desenvolve algumas idéias que já havia colocado no ensaio "O preço da esquizofrenia na esquerda brasileira", a partir da página 27 de "Collor - a cocaína dos pobres". E na qual, inicia fazendo a seguinte análise: "É provável que neste ano de 1989, às vésperas das eleições presidenciais, o povo brasileiro ainda alimente a esperança de ver concretizada a dobradinha Leonel Brizola e Luiz Inácio Lula, aliança trabalhista essa que seria imbatível, sejam quais forem seus adversários políticos e ideológicos: Jânio Quadros, Ulysses Guimarães, Sílvio Santos, Mário Covas, Antônio Ermírio de Moraes, Collor de Mello, etc. Nunca a direita no Brasil esteve tão acéfala quanto agora, mas não devemos nos esquecer, como advertia o saudoso jornalista, Cláudio Abramo, que no hora H a direita se une; e, a depender das circunstâncias, se houver um bloco forte e bem articulado da reação direitista, não há dúvida de que a esquerda fracionada corre o sério risco de perder a chance de chegar ao poder. Se por ventura forem muitos os candidatos da direita, a separação em chapas diferentes de Brizola e Lula pode não representar um fator tão grave a construção da Democracia Social; no entanto, se por uma infelicidade qualquer, nenhum dos dois candidatos chegar ao segundo turno, caberá à direção das esquerdas trabalhistas a responsabilidade por essa lamentável involução histórica. O povo, na sua inabalável vocação musical, já denominou a dobradinha Brizola e Lula de Brizula, aliás, um feliz anagrama que antecipa a possibilidade concreta de tal aliança: Brizula Já! Destarte, o que parece atrapalhar tal aliança não são fatores históricos inamovíveis, e sim pessoais, idiossincrasias ou senão injunções de ordem partidária. Acontece porém que o povo brasileiro não tem o hábito de conceber o jogo político sob o prisma das estruturas partidárias. De acordo com a mentalidade coletiva, se realmente Brizola e Lula estão no mesmo barco, por que então os dois nomes não se unem para ganhar a batalha eleitoral? Essa é a questão decisiva do ponto de vista popular; fora daí a coisa complica porque torna-se imprescindível justificar os verdadeiros motivos pelos quais cada um dos candidatos corre em chapas diferentes".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/11/1989

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