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Aramis

Bumba, Meu Queixada

Há cerca de 11 anos era fundado, no Brasil, o TEATRO UNIÃO E OLHO VIVO, grupo que tinha (como tem até hoje) o objetivo de fazer teatro popular, especificamente voltado para trabalhos na periferia da cidade de São Paulo. Surgido da iniciativa do dramaturgo Cesar Vieira - pseudônimo do advogado Idibal Pivetta - o UNIÃO E OLHO VIVO entendia como teatro popular não só um teatro feito por elementos do povo, em locais populares e identificado com as causas do povo. Mais que isso, teatro popular era, para eles, um teatro que se baseasse nos grandes espetáculos populares brasileiros (e o Carnaval é a maior deles), nas festas, tradições e costumes em que é tão rico o povo do Brasil. Daí surgiram as primeiras experiências do União e Olho Vivo: a ópera samba "REI MOMO", a montagem "O EVANGELHO SEGUNDO ZEBEDEU", que contava a história de Canudos em linguagem de poesia popular, e peças como "IMPÉRIO BRASÍLICO" e "APITO DE FÁBRICA", baseadas em temas da vida popular brasileira e tratadas politicamente. Todo esse trabalho significou para o UNIÃO E OLHO VIVO não só acúmulo de experiência teatral, como também um amplo reconhecimento no Brasil e no exterior. O grupo, que tinha como proposta apresentar-se para as comunidades de periferia de São Paulo, viu seu trabalho crescer e começar a ser solicitado por platéias cada vez maiores e mais diversas. Assim, o UNIÃO E OLHO VIVO passou a viajar pelo mundo e a participar de diversos festivais de teatro popular, como representante do Brasil. E onde se apresentasse era sempre bem recebido, conquistando prêmios e tornando-se, por assim dizer, o grupo teatral brasileiro mais conhecido em todo o mundo. Sem deixar de apresentar-se para as platéias da periferia de São Paulo, já que isso era e é ainda a sua proposta básica, o UNIÃO E OLHO VIVO tem se apresentado também para platéias dos Estados Unidos, da França, da Polônia, da Iugoslávia, de Cuba, do México e de quase toda a América Latina. Em novembro de 1979 o UNIÃO E OLHO VIVO estreou o seu mais novo espetáculo: "BUMBA, MEU QUEIXADA". Baseado na estrutura cênica do bumba-meu-boi nordestino (que é conhecido dos moradores da periferia de São Paulo, em sua grande maioria vindos do Nordeste), a peça conta para as novas gerações, o que foram as greves de Perus e Osasco, ao final da década passada. Os personagens do bumba-meu-boi, assim, apareceram recriados na linguagem do UNIÃO E OLHO VIVO para contar, de forma ágil, inteligente e divertida, um episódio dos mais importantes na história operária brasileira. Como todo bom espetáculo popular, e para ser fiel ao espírito do "bumba" nordestino, esta nova peça do UNIÃO E OLHO VIVO tem uma ótima trilha sonora. Composta por José Maria Giroldo, as músicas do "BUMBA, MEU QUEIXADA" mantém-se fiéis aos ritmos nordestinos e, tendo por base as letras de Cesar Vieira, obtêm uma excelente acolhida por parte de quem as escuta. Foi por tudo isso que a DISCOS MARCUS PEREIRA resolveu lançar um disco com as músicas do "BUMBA MEU QUEIXADA" e com algumas outras obras que compõem o repertório do UNIÃO E OLHO VIVO. Por entender que já é tempo do Brasil conhecer melhor o trabalho deste grupo que, fazendo não só um teatro da melhor qualidade, realiza também uma música de excelente nível, de muita garra e, principalmente, de muita fidelidade e amor às coisas brasileiras. Com direção musical do próprio autor das músicas, José Maria Giroldo, "BUMBA, MEU QUEIXADA" traz ainda, em participações especiais, MARCUS VINICIUS, ADAUTO SANTOS e um côro infantil formado por alunos do Colégio Equipe. A capa do disco é de André Boccato, com Lay-out de Anibal Monteiro. "BUMBA, MEU QUEIXADA" é uma produção da DISCOS MARCUS FERREIRA e é distribuído pela SOM INDÚSTRIA E COMÉRCIO (Discos Copacabana).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
29
20/01/1980

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