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Aramis

A caminho do Céu, a riqueza de Cascavel

Instalada como município há 32 anos, Cascavel levou três décadas para ter cerca de 30 edifícios que hoje lhe dão um ar de cidade em processo de verticalização. Em compensação, dentro de pouco mais de um ano o número de edifícios duplicará. Nunca se construiu tanto em Cascavel - como em outras cidades do Sudoeste e Oeste - numa escala que faz com que a mão de obra especializada seja cada vez mais valorizada e se busque "onde quer que exista" o material para a construção, como diz, entusiasmado, o engenheiro Eduardo Seara, 37 anos, paranaense de Londrina, dono de uma das maiores firmas construtoras da cidade. Ao lado de seu irmão, o advogado Paulo Afonso Seara, 35 anos, Eduardo vê todos os empreendimentos que lança terem aceitação imediata. Na semana passada, um edifício ainda em sua primeira lage, no qual os compradores pagaram até agora apenas Cz$ 150 mil, já tinha suas unidades revendidas a Cz$ 450 mil - numa prova da valorização incrível da área em construção. xxx Eduardo Seara, com sua experiência de quem já construiu uma dezena de prédios de alto padrão, acredita que pelo menos por dois anos o mercado manterá este nível extraordinário de prosperidade. O interessante - frisa - é que nesta etapa os compradores não fazem como investimento, mas sim para moradia - ao contrário já do que ocorre em Foz do Iguaçu, onde também são dezenas de prédios em construção. Outro detalhe importante: o interesse maior pelos apartamentos de alto padrão oferecidos parte de profissionais liberais bem sucedidos, empresários e industriais. Os bilionários do campo - pecuaristas e grandes produtores rurais - ainda preferem mansões, embora a síndrome da segurança estimule cada vez mais a busca de apartamentos dotados de todo conforto e sofisticação - inclusive piscinas exclusivas. Dentro de cinco ou seis anos, na visão de Eduardo Seara, uma geração mais conservadora, que por enquanto ainda se mantém fiel as mansões estará também optando por prédios residenciais, o que significa que o processo de verticalização de Cascavel não oferece, a curto prazo, sinais de redução. Ao contrário, as melhores áreas são cada vez mais valorizadas, alcançando o metro construído preços ao redor de Cz$ 3 a Cz$ 5 mil, dependendo do requinte e acabamento de cada apartamento oferecido. xxx Com mais de 100 mil habitantes na zona urbana e apresentando um índice de desenvolvimento que a faz caminhar, rapidamente, para ser a terceira cidade do Paraná - a disputa em passar tanto Maringá como Ponta Grossa faz com que cresça o bairrismo dos cascavelenses da segunda geração - a cidade tem hoje uma necessidade vital de áreas construídas. Jaime Martins de Andrade, 46 anos, paulista há 20 anos morando na cidade, presidente do Tuiuti E. C. e proprietário de uma tradicional empresa de eletrodomésticos, nem concluiu ainda a nova sede de sua firma - 1.500 metros quadrados em 3 pavimentos e já teve ofertas de alugar o imóvel por Cz$ 150 mil por mês. Como deseja ampliar seus negócios, Jaime vem resistindo as propostas, "embora sejam tentadoras", explica. xxx Casos como o de Jaime Andrade, repetem-se sempre, o que obriga as empresas construtoras a acelerarem seus projetos, fazendo com que os terrenos tenham uma elevação cada vez maior e, na área da edificação, tema-se até pela falta de produtos básicos. Ao lado do processo de verticalização da cidade, há também as grandes mansões. A maior delas não só em Cascavel - mas possivelmente do Estado - e uma das super-residências do País - é a que o bilionário Albino Giumbelli, 44 anos, concessionário da SLS-Valmet - um dos maiores vendedores de máquinas agrícolas do Cone Sul - vem construindo num terreno de 7 mil metros quadrados, na aristocrática rua Curitiba, bairro classe A de Cascavel. Serão mais de dois mil metros quadrados, com requintes extremos de acabamento e detalhes como nada menos que cinco cozinhas moderníssimas e garagem para onze veículos, única forma de guardar a verdadeira frota de automóveis de Giumbelli, um ex-ferreiro que prosperou em poucos anos (e que se orgulha de suas orígens, tanto é que uma de suas empresas tem a bigorna como logotipo).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
24/07/1986

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