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Casa dos Arcos, um endereço para o MIS

Dependendo apenas da boa vontade da Sra. Diana Romani, há muitos anos dividindo sua residência entre São Paulo-Roma, o pioneirismo de sua família no comércio curitibano, bem como a contribuição que seu irmão, Mário - falecido há alguns anos, na Itália - serão perpetuadas com espaços culturais na cidade. A Secretaria da Cultura deseja alugar a chamada "Casa dos Arcos", na praça Eufrásio Corrêa - pertencente à família Romani - para ali instalar o Museu da Imagem e do Som, atualmente precariamente - como sempre - funcionando num casarão na Rua Martim Afonso. Tratando-se de um imóvel já tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, a Casa dos Arcos, construída há mais de cem anos, presta-se a uma unidade cultural. Vaga há um mês, com a extinção da Promopar - que se fundindo ao antigo Instituto de Assistência ao Menor forma agora a Fundação de Ação Social do Paraná, o amplo solar está a espera de novo inquilino, que poderá ser a Secretaria da Cultura, disposta a pagar o aluguel atual de Cz$ 59 mil por mês. A intenção do secretário René Dotti, e da Cultura, é aproveitar os quase 1.500 metros da Casa dos Arcos com salões para exposições permanentes, um amplo auditório para projeções de filmes e vídeo, além das instalações normais do MIS, incluindo laboratório de som e imagens. Em homenagem à família Emilio Romani, poderá ser reservado um espaço privilegiado, para uma exposição permanente sobre a mesma - bem como sobre a própria utilização do imóvel ao longo de quase um século. Pensa-se, inclusive, em dar a um dos auditórios ou salas de exposições o nome de Mário Romani, que embora nascido na Itália foi sempre um curitibano apaixonado, aqui tendo uma intensa participação na vida cultural e artística. Sociólogo e historiador, tendo inclusive colaborado em pesquisas para os livros de seu tio, o escritor José Jofilly, o professor César Benevides, diretor administrativo-financeiro da Fundação de Ação Social do Paraná se preocupou, quando assumiu a Promopar - em sua fase final, em levantar alguns dados do prédio onde a antiga Fundação funcionou por quatro anos. Assim, com ajuda da funcionária Lair Bacelar, levantou-se que a Casa dos Arcos, construída na segunda metade do século passado, serviu ao 39º Regimento de Infantaria, durante a revolução Federalista. Houve inclusive uma época em que ali estiveram prisioneiros políticos, que teriam sido torturados e mesmo, consta, fuzilados em seus jardins. Antes de passar para a família Romani, ali funcionou também o Hotel Tissi e, neste século, independente do longo período em que sediou a firma comercial, teve outros inquilinos. Por exemplo, ali foi a primeira sede da Companhia Força e Luz do Paraná e foi alugada pela Sociedade Operária Beneficente 14 de Janeiro, com bailes famosos não só pelo entusiasmo dos participantes mas também por grandes confusões e brigas ali ocorridas. Graças ao entusiasmo do falecido Mário Romani pela preservação de prédios e monumentos de valor na cidade, a antiga construção - bastante deteriorada pela ação do tempo e diferentes ocupações - foi restaurada no final dos anos 70, sendo então alugada para o Governo do Estado, que ali instalou a Promopar - Fundação de Promoção Social do Paraná. Agora, com as novas diretrizes do secretário Rubens Bueno, do Trabalho e Ação Social, fundindo a Promopar e o IAM numa nova entidade - a Fundação de Ação Social do Paraná, toda a parte administrativa se concentrou na sede própria do antigo IAM (Rua Hermes Fontes, 315), liberando a Secretaria do aluguel mensal de Cz$ 59 mil mensais. Por sugestão do economista César Fonseca, funcionário da Promopar - atualmente assessorando tecnicamente o Museu da Imagem e do Som (do qual já foi diretor, entre 1980/81), o secretário Renê Dotti visitou a Casa dos Arcos e sentiu que a mesma se presta para sediar o MIS - a procura de novas instalações. A proposta de reaproveitamento do grande espaço cultural, excelentemente localizado na Praça Eufrásio Corrêa - (que necessita uma reativação como espaço de lazer e cultura) - faz com que o imóvel sirva para o funcionamento do MIS, que, se espera, venha a ter em breve uma grande atuação na programação da cidade. Para tanto, basta que as negociações para o aluguel do imóvel cheguem a um bom termo e assim, todos ganharão: a Secretaria da Cultura, ocupando um prédio ligado à história da cidade e à família Romani, tendo uma homenagem com um espaço nobre dentro do MIS.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
29/05/1987

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