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Cascavel a Porto Velho, a linha da migração interna

Há quatro meses, algumas dezenas, de modernos ônibus vem fazendo vários horários diários entre o Sudoeste e Norte do Paraná com a Amazônia - viajando lotados, com excelente rentabilidade. Uma prova definitiva de que a imigração para a "última fronteira" - representada pelos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Roraima - continua a ser grande. Ao fazer a concorrência para homologar as quatro empresas que estão explorando estas novas linhas, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem reconheceu a imensa demanda de passageiros, até então, eram obrigados a fazer percursos majores, via São Paulo ou então usando ônibus-turismo, sem periodicidade. As passagens variam de Cr$ 28 a Cr$ 15 mil - de acordo com a localidade a ser atingida, e as tinhas chegam a atingir mais de 3 mil quilômetros. Urna viagem entre Cascavel a Porto Velho, leva três dias (72 horas), incluindo baldeações de veículos. A Eucatur - Empresa União Cascavel de Turismo, pertencente a um forte grupo da qual o principal acionista é o ex-prefeito Jacy Scanagatta, inicialmente explorava apenas ônibus de turismo naquela região. Entretanto como já possuía autorizações de linhas estaduais em Rondônia, habilitou-se na concessão da linha interestadual entre Cascavel e Porto Velh9, numa extensão de 3.116km. Com 18 modernos ônibus, fazendo diariamente dois horários, a Eucatur tem uma excelente rentabilidade já que os veículos viajam com lotação total, obrigando-se, inclusive, em certos dias, a colocar ônibus extras - especialmente nas vésperas de feriados prolongados e nos meses de férias escolares. Frize-se que a Eucatur não é a única empresa que faz esta linha. A Andorinha, pertencente a um grupo paulista, também teve autorização para explorar o mesmo roteiro - tendo, igualmente, excelentes resultados. Xxx Urna viagem , de ônibus, entre Cascavel a Porto Velho, é um desafio para quem não está acostumado a percorrer grandes distâncias. Basta dizer que há mais de 20 pontos de paradas, ao longo de quatro Estados. só para se ter urna idéia, eis o percursos: Cascavel-Campo Mourão - Maringá-Presidente Prudente (em São Paulo), Campo Grande e Coxim (Mato Grosso do Sul), Rondonópolis, Cuiabá, Caceres, Mirasol D'Oeste, Jauru, Uirapuru , Vila Oeste e Padrona (Mato Grosso); Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Presidente Médici, Ji-Paraná, Ouro Preto, Jaru e Ariquemes, já na Rondônia, até atingir Porto Velho. Municípios limítrofes a esta linha, na Rondônia, também são atingidos - corno Santa Luzia, Colorado e Rolim de Moura. De Porto Velho, a mesma Eucatur continua com linhas até a fronteira do Brasil com a Venezuela, cm Roraima, em mais de 4 mil km - passando por Humaitá e Manaus. A Expresso Maringá, que dezenas de linhas interestaduais também está há 4 meses fazendo ligações com a Amazônia. Uma de suas linhas parte de Cascavel e vai até a cidade de Sinop, fundada pelo lendário Enio Pepino - colonizador do Sudoeste/Oeste/ Norte do Paraná e que deu a urna cidade de Mato Grosso, o nome de SINOP - lembrando a sua empresa de colonização implantada no Paraná, na década de 50. A ligação entre Cascavel-Sinop é de 2.104 km - levando o percurso urna média de 50 horas. A mesma empresa faz também a ligação Maringá-Porto Velho, numa extensão de 2.879 km. A Viação Mota Ltda; de São Paulo obteve autorização para fazer a ligação rodoviária entre Londrina-Cuiabá, capital de Mato Grosso do Sul. Estas novas linhas são consequências de aberturas de novas rodovias no Centro-Oeste, a malária pavimentadas e que na última década provocaram a colonização de imensas áreas em vários Estados. Até há pouco, apenas caminhões e ônibus em viagens clandestinas - ou seja, sem fiscalização e controle do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – é que trafegavam pelas empoeiradas estradas ligando o Sul a Amazônia, na chamada "última fronteira" da colonização. Hoje, há confortáveis ônibus, pontos de paradas bem instalados - e que vem sendo cada vez mais fiscalizados em seus serviços - ampliando o trânsito de passageiros. O intenso movimento e a demanda de usuários das empresas, prova de que mesmo havendo a imigração do Paraná para a Amazônia, os laços de afetividade são conservados. Que o diga a verdadeira corrida que se observa nos guichês da Eucatur, Expresso Maringá, Andorinha e Viação Motta, sempre que há um feriado prolongado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
01/09/1983

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