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Aramis

CCI, a noiva e o desejado terraço

- Depois que a noiva foi ao altar, os antigos pretendentes lamentam não terem se antecipado ao que acabou casando com a moça. Com um peninsular bom humor, o elegante comendador Evaristo Comolatti, 59 anos, circulando entre as centenas de convidados na inauguração do Centro Comercial Itália, na quarta-feira, repetia esta frase aos que lhe indagavam sobre a venda das lojas. Afinal, o coquetel de padrão internacional - "como dificilmente serve-se", na opinião do experiente Jacob Mehl, do buffet Ilha do Mehl (convocado para dar o suporte logístico à equipe do Terraza Italia, que veio de São Paulo) foi servido na área livre, onde existirá um florescente número de lojas. A curiosidade era saber qual o grupo que se instalará nos 2 mil metros quadrados da loja-âncora, onde, apesar do preço de Cr$ 150 mil o metro quadrado (o que significa um investimento de mais de Cr$ 300 milhões, sem contar a decoração do ambiente), já existiriam três interessados de muito poderio: o Mappin, o Grasilim (de Porto Alegre) e a Incosul. Mineiramente, Comolatti não confirmou - nem negou - as negociações com estes grupos, ficando ainda indefinido qual será a empresa que ocupará a maior área do novo centro comercial. Assim como não teve pressa em concluir o gigantesco edifício de 62 mil metros quadrados, na área mais privilegiada do centro da cidade, Comolatti também não se apressa em negociar as lojas. Sabe do seu valor, considerando que, face as alterações da lei de zoneamento, praticamente será impossível a incorporação de um prédio em dimensões semelhantes na área central. Assim, só o movimento diário de mais de 25 mil pessoas, devido ao funcionamento de 35 andares de escritórios, mais a localização estratégica do CCI, tornam bastante otimistas as perspectivas comerciais do empreendimento. Além do mais, comandando um império de 14 empresas, formadas em apenas 23 anos de Brasil, Comolatti, nascido nos Alpes italianos, fronteira com a Suíça e que aqui chegou em 21 de abril de 1948, detém hoje uma das maiores fortunas individuais do Brasil. Iniciando-se no setor de peças e acessórios para caminhões FNM, a partir de 1957 com sua primeira loja em São Paulo, Comolatti vem diversificando suas empresas. Em 1967 inaugurou, no topo do edifício Itália, o terraço que se tornaria um dos restaurantes mais famosos de todo o mundo. E que pela tradição somente terá sua filial curitibana quando "a infra-estrutura estiver concluída". A infra-estrutura significa um detalhado estudo de mercado, fixação nas áreas necessárias para evitar o super (ou o sub) dimensionamento, o treinamento de uma equipe de garçons, mestres e cozinheiros com padrão internacional, enfim tudo que se possa fazer no Terraço Itália, no 26o andar da torre, no ponto mais alto da cidade, um estabelecimento de padrões únicos. Assim, ao menos antes do primeiro semestre de 1982, não adianta incluir nas agendas como programação o almoço ou jantar no terraza local. xxx Com humildade e simplicidade, características das pessoas talentosas, Comolatti fez questão de em seu discurso, após o mestre de cerimônias Jamur Junior ter aberto a solenidade, dividir com todos - dos operários da obra às autoridades, o sucesso do empreendimento. Reiteradamente, o comendador Evaristo não se cansou de enaltecer a boa vontade que, ao longo dos quase 15 anos em que se estendeu a obra, encontrou. Inicialmente associado à extinta construtora Farid Surugi, o projeto original - desenvolvido pelo arquiteto Lubomir Ficinski, previa um hotel internacional 5 estrelas. A decisão de excluir o hotel e ampliar o shopping center (com 30 mil metros quadrados, em lojas distribuídas nos pisos "Roma" e "Veneza"), fez com que Ficinski deixasse o projeto, que passou para um de seus ex-associados. Roberto Albuquerque, que, entretanto trabalhou com íntima colaboração com um poderoso grupo de arquitetos de Roma. Comolatti, mesmo com inúmeras ocupações, pessoalmente supervisionou o andamento desta obra, "pois tudo que faço é com muito carinho e atenção", repetiu várias vezes. "Assim, construir um edifício destas proporções ou implantar a primeira granja de criação de trutas da América Latina, em São José dos Campos, são projetos diversos, mas que vejo com a mesma atenção", disse, enquanto os convidados puderam experimentar as deliciosas trutas, servidas ao lado de legítimo caviar russo, camarão e outras especialidades por uma equipe de 50 garçons, que, generosamente, distribuíam imensas doses Chivas Regal durante mais de 3 horas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
02/10/1981

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