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Aramis

Cecília que o Brasil não verá

Realmente os importadores cinematográficos no Brasil não têm muita imaginação ou qualquer interesse por aquilo que possa merecer atenção cultural. Para não citar exemplos de filmes magnificos, sucessos internacionais que poderiam se constituir em grande sucesso de bilheteria - e que não terão problemas com a Censura - como "Os Palhaços", de Frederico Fellini (realizado inicialmente para a RAI, na Itália, mas depois lançado em cinemas de toda Europa e Estados Unidos) e "Lumiére", que Jeanne Moreau dirigiu e interpretou em 1975, com música de astor Piazolla - há outros casos de produções que permanecem inéditas no Brasil (sem contar aquelas que ficam por culpa mesmo da censura). É o caso de "La Cecília", que o francês Jean-Comolli, Ex-critico do "Cahiers Du Cinema", rodou há três anos passados, tendo por tema a única experiência de colonização anarquista desenvolvida no Paraná, em fins do século passado. *** Rodado em 1975, com roteiro baseado no livro do ex-jornalista Newton Stadler de Souza, hoje apenas professor da Universidade católica do Paraná. "La Cecília" foi exibido, com relativo destaque, na França, onde alguns raros curitibanos privilegiados - como a professora Oksana Boruszenko, do Departamento de História da UFP, que ali se encontrava em suas férias regulares, tiveram oportunidade de assisti-lo. E, descontados os exageros, o filme mais ou menos fiel a experiência aqui desenvolvida, um aspecto da história paranaense que, exceto o livro de Stadler de Souza e algumas pesquisas da professora Beatriz Pelizetti (ela também descendente de uma família de anarquistas no Vale do Itajaí), pouco tem sido estudado entre nós. *** Enquanto "La Cecília" parece condenado mesmo a jamais ser exibido no Brasil, chegou no sábado passado, dia 2, em duas projeções (8,45 e 10,30 horas) nos vídeos de milhões de telespectadores ingleses. Foi projetada na programação especial segundo canal da BBC, merecendo inclusive anúncios especiais, com um resumo da estória e destacando o nome do roteirista, Eduardo de Geórgio, mas sem fazer referência ao livro de Stalder de Souza. "Time Out", o principal guia de espetáculos e programas de Londres, em seu número 412 (82 páginas, 30 pounds) chegou até a publicar uma cena do filme. *** Já que falamos em cinema, aqui mais um registro que confirma aquilo que já escreviamos, há mais de um mês, quando reassumimos esta coluna: o sucesso de "Guerra nas Estrelas" estimulou a conclusão, ultra-rápida, de mais de 12 outras superproduções do gênero ficção-científica. A Columbia só está esperando passar a festa do Oscar (4 de abril), quando "Clouses Enconters with the third kind", de Steven Spielberg, deverá receber várias estatuetas, para lançá-lo no Brasil. E em Londres, na semana passada, estreou em dois dos principais cinemas (London Pavilion e Classic 4), "Holocaust 2000", com Kirk Douglas, Simon Ward, Agostinho Belli e o italiano Adolfo Celli, que residiu muito anos no Brasil. Trata-se de mais um SF, dirigido pelo italiano Alberto De Martino, com música de Ennio Morricone.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
09/03/1978

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