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Aramis

Cinema

Dentro de um velho e aristocrático casarão ingles, cheio dos mais complicados jogos e brinquedos mecânicos, Joseph L. Mankiewics situou os dois únicos personagens do seu cerebral e delicioso último filme << Jogo mortal >> (Sleuth, 1972) Baseado numa peça teatral de Anthony Shaffer, também o autor do roteiro, Mankiewicz mergulha numa sinuosa e excessivamente dialogada análise do relacionamento de um velho escritor de novelas policiais com o amante de sua coquete e fútil mulher, um cabeleireiro de origens parte italiana e parte britânica. Provoca-o ad nauseam com sua superioridade insular, numa absurda guerra da qual sairia vencedor o cérebro mais privilegiado. Tem inicio, então, uma série de jogos perigosos: a vitória inicial de Andrew, o escritor, é contestada pelos 2 triunfos subsequente do talentoso Milo, o cabeleireiro casa nova, com nova vitória de Andrew ( a morte de Milo) imediatamente anulada pelo triunfo final do 2.o (a prisão de Andrew). As situações evoluem como num jogo de bilhar, todas motivadas pela << palavra >> falada, assim constatando a definição dada ao americano-polonês e aquariano Mankiewscz, 10 anos atrás, pelo critico Jean Douchet: << E o verbo se fez Mankiewicz, ou a virtude cinematográfica da linguagem, cuja misancene repousa totalmente no dinamismo da palavra, veículo da extrema inteligência que habita seus personagens.... << Jogo Mortal >>, como seus companheiros de filmografia, o famoso e novaiorquino << A malvada >> (All about Eve, 1950), o super-teatral << Júlio Cesar >> (Julius Caesar, 1953) e o tortuoso << De repente no último verão... >> (Suddenly last Summer, 1959), explora ao máximo essa obsessão pelas variáveis abertas pelo jogo armado pelos personagens, aqui literalmente transformado em peças visuais, habilmente idealizadas pelo cenarista Ken Adam (remember a série James Bond, com seus fantásticos cenários). Outra marcação mais que óbvia da direção, inclusive abrindo e fechando o filme, é o teatro que encaixa personagens dentro de um décor, obrigando-os a ficarem limitados à palavra e ao movimento psicológico formado por ela. Como elementos importantes nessa complicada teia de elementos estéticos, as interpretações virtuosísticas de L. Olivier (foto) e M. Caine, adequadamente neutralizadas pelo talento de Mankiewicz e pelo extremo charme britânico dos ambientes, - (Arnaldo Fontana).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
08/03/1974

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