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Aramis

Cinema

Quando se propôs a escrever "O Chefão", Mário Puzzo tinha em mente fazer apenas um livro capaz de lhe render o suficiente para pagar algumas grandes dividas. Jamais pensava, apesar de suas esperanças de boas rendas, que estivesse produzido um novo fenômeno de literatura e que, menos de dois anos depois de publicado, basearia o maior êxito de bilheteria da historia do cinema. Sem as pretensões de Edna Ferber ("Gigante", "Palácio de Gelo", "Cimarron"), ele partiu também para a fórmula de contar um período da vida americana, através de uma família: os Corleones, italo-americanos, influentes de decisivos nos anos 40-50, dentro da luta entre as cincos maiores do crime organizado. Esta visão aparentemente panorâmica que foi possível no romance (edição no Brasil da Expressão e Cultura) foi bastante reduzida na versão cinematográfica, embora Puzzo tenha colaborado com o diretor Ford Coppola (foto), na elaboração do roteiro. Dom Vito Corleone (Marlon Brando) não tem na visão cinematográfica - apenas da eloquente e gloriosa interpretação de Brando - a dimensão que assume no livro. Nas páginas do romance, mais do que o simples patriarca - o "Godfather" do titulo original, Corleone tem a dimensão de um estadista, o que alias justifica o diálogo de seus filhos Michel (Al Pacino) com a namorada (Diane Keaton), comprando-o a um Presidente ou a um senador, quando a jovem lhe responde: "Não seja ingênuo, Michel. Presidentes e senadores não mandam assassinar ninguém?" E Michel, responde: "Quem e ingênuo, Kay?". Perante "The Godfatrer" (Cine Plaza) muitas questões podem ser levadas: até que levadas: até que ponto a superprodução limita uma obra de arte? Até onde a Lígia Italo-Americana dos Direitos Civis impediu. A maior sinceridade de Puzzo-coppola? São questões a propósito do qual voltaremos, já que "O Poderoso Chefão" permanecerá ainda várias semanas em cartaz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
1
07/01/1973

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