Login do usuário

Aramis

Clássicos do Balé

Realmente a faixa que prestigia a música erudita não tem do que se queixar em matéria de lançamentos. Além dos pacotes produzidos por Maurício Quadrio para a Ariola (com gravações da estatal Harmonia, da URSS) e CBS (trazendo uma série de novos virtuoses, como aqui registramos na semana passada), a Polygram, que através de seus Philips, London e Deutsch Grammophon, mantém um excelente nível de edições, traz mais nove excelentes discos - entre grandes orquestras, pianistas e música lírica. São gravações digitais, da melhor qualidade com o esmero e atenção que caracterizam as produções distribuídas pela Polygram. Dois álbuns são de obras compostas para o ballet, conhecidas de outras gravações, mas agora em novas gravações. De princípio, a imensa e marcante. "A Sagração da Primavera", de Igor Stravinsky (1882-1971), na versão de 1913, com a Orquestra Filarmônica de Israel, sob a regência de Leonard Bernstein. Para se ter idéia da importância histórica desta obra - que ao estrear, há 70 anos, provocou grande escândalo foi o fato de que em novembro de 1981, um rascunho de Stravinsky para "A Sagração da Primavera" foi vendido em Londres por 330 mil libras, - o maior preço jamais pago por um manuscrito musical. Uma obra riquíssima, um marco divisor na música sinfônica moderna, que se enriquece a cada nova interpretação - especialmente quando feita por uma sinfônica como a de Israel, regida pelo lendário Bernstein. "Sylphides" o grande ballet romântico, de Frederic Chopin (1810-1896), orquestrado por Ray Douglas e a música do ballet de "Hamlet" de Ambroise Thomas (1811-1896), com a Mathial Philharmonic Orchestra, sob regência de Richard Bonynge, constituem outro lançamento primoroso da London. "Sylphides" de Fokine foi um dos ballets apresentados por Serge Diaghlev quando da histórica temporada inaugural dos Ballets Russos em Paris, tendo sua primeira apresentação a 2 de junho de 1909 - e como intérprete nada menos que Anna Pavlova, Tamara Karsavina e Nijinski; depois dessa data todas as grandes companhias do mundo inteiro dançaram as "sylphides". Já "Hamlet" tem uma origem curiosa: no século XIX a ligação entre ópera e ballet era estreita na Ópera de Paris. Nenhuma ópera era aceita se não compreendesse em ballet intercalado. Os compositores dramáticos franceses esforçavam-se pois em fazer música de ballet e procuraram atingir um padrão de excelência. O ballet de "Hamlet", a ópera de Ambroise Thomas, criada em 1868, não é exceção. Este ballet-ópera esteve no repertório da Ópera de Paris até 1938, sendo retirada então - o que explica o seu relativo conhecimento. Com esta gravação resgata-se a bela música que marcava o ballet intercalado no IV ato da ópera de Ambroise Thomas. A sétima sinfonia de Jean Sibelius (1865-1957) foi concluída em março de 1924, Sibelius a chamou de "Fantasia Sinfônica" mas mudou o título depois de ter convencido do seu verdadeiro caráter sinfônico na primeira audição; e, de fato, busca da unidade sinfônica, perseguida em toda sua vida pelo compositor, encontrou, encontrou nesta obra sua realização extrema. Esta sétima sinfonia de Sibelius, em seu caráter épico, fica engrandecida na interpretação da Orquestra Philharmonia, sob regência de Vladimir Ashkenazy, nos chega num registro perfeito - complementando com outra bela obra de Sibelius, a "Tapiola" - com todas as imagens mágicas que a obra do compositor nos sugere. Não de trata, aqui de um cartão postal de lago, floresta e céu; no terror, a majestade, a solidão de "Tapiola" é algo de nossa natureza que a nós se revela. Com a Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob regência de Iona Brown, tendo como solista de oboé Heinz Hollinger, temos três concertos originais de Johann Sebastian Bach (1685-1750): os concertos em fá maior, ré menor e lá maior para oboé ocupe uma posição muito importante nas obras orquestrais de Bach, nebhuma obra de música de câmara ou solista nos chegou. Contudo, há mais de um século os especialistas sabem que quase todos os concertos para cravo são transcrição para o instrumento de Holliger - que toca oboé e obé d'amore - Iona Brown, do Academy of St. Martin-in-the-Fields nos oferece um disco marcante e revelador.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
19/08/1984

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br