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Aramis

Coco & Carimbó, em dois documentários

No documentário "Nordeste, Repente & Cordel", de Tânia Quaresma, um painel sobre a música daquela região, um dos melhores momentos era o que focalizava a participação da dupla Caju & Castanha. Repetistas no estilo coco, os irmãos João Albertino (o Caju) e José Roberto da Silva (Castanha), pernambucanos de São Lourenço da mata, formam uma dupla única e admirável. Há dois anos, participando do "Som Brasil", fizeram imporvisações magníficas, ao ponto de emocionar milhões de telespectadores. Artistas do povo, capazes das mais incríveis improvisações, Caju e Castanha chegam ao sexto elepê na Copacabana ("A Glória de uma Família"). Edi Cury, a simpática coordenadora de imprensa, pessoalmente supervisionou a produção do disco anterior da dupla - que por sua espontaneidade e criatividade tem que ser deixada a vontade, para improvisar naturalmente. Assim, é até meio estranho que se destaque duas faixas do disco como de autoria da dupla ("Sete Anos de Idade" e "Eu Tenho Pena de Morrer e Deixar o Mundo"). Caju e Castanha explodem como se fossem jazzistas do sertão. Ou seja: os seus "instrumentos" vocais permitem improvisos e repentes de tanta genialidade quanto o mais sofisticado bebop. Embora em disco se perca muito da grandiosidade que estes artistas do povo possuem, ao vivo, o elepê não deixa de ser um documento indispensável. Outro elepê de raízes populares é o de Pinduca, o rei do Carimbó. Em onze anos, treze elepês - em todos trazendo o ritmo quente, cultivado no Interior do Pará. Originário da África, o carimbó sofreu entre nós as influências indígena e portuquesa e da junção das palavras curi (madeira) e 'mbo (oco) no decorrer dos anos passou a se chamar carimbó. Pinduca foi o primeiro a gravar o ritmo - que logo teria outros seguidores (até Eliana Pittman fez sucesso com o carimbó "Sinhá Pureza", que Pinduca havia incluído em seu segundo elepê). Pinduca, 47 anos, paraense de Igarapé-Mirim foi músico da Banda da Polícia Militar de Belém e líder de um conjunto musical. Mas foi interpretando os carimbós que se tornou o grande divulgador deste ritmo forte e vigoroso - que transpôs os limites da Amazônia para chegar a todo o País.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
04/11/1984

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