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Aramis

Colonialismo

Ao organizar a programação do II Festival Internacional do Jazz, em São Paulo, Zuza Homem de Mello pensou num nome capaz de levar mais de 5 mil pessoas ao Anhembi, especialmente a faixa jovem, surgiu um nome: Peter Tosh. O que tem este compositor-intérprete jamaicano em relação ao jazz? Nada, é claro, segundo os cânones tradicionais. Mas, na abertura que os organizadores do FIJ (e do Rio-Montreaux, em agosto próximo) se propõe, podem ser feitas ligações. Além do mais Tosh vem sendo ultrapromovido no Brasil, dentro do ritmo jamaicano - o reggae, que está entrando para disputar a faixa jovem. E influenciar comercialmente os << compositores >>, mais vulneráveis. Por exemplo, Fernando Santos, do elenco << b >> da CBS, que no ano passado tentou chegar as paradas com adaptação de pontos de macumba ao ritmo discotheque, gravou agora << Tudo Vai Dar Certo >>, versão do << hit >> << Three Little Bisrds >> e seu << Regresso >>, parceria com Betto Baiano, também no ritmo do reggae jamaicano. Explica a divulgação da CBS que << a idéia nasceu depois de sua viagem, no final de 79, aos EUA e se tornou realidade após sua passagem pela África quando pôde verificar a força do reggae junto às comunidades negras do Senegal, Guiné e Mali e sua incrível ligação com a batida rústica dos tamborins nativos >>. O compacto simples do astuto Fernando Santos, aparece simultaneamente a carga promocional que a temporada de jimmy Cliff faz no Brasil, ao lado de seu amigo Gilberto Gil (que há quase 2 anos aqui trazia o reggae, na versão de << Não Chore Mais >>). A WEA lança << I Am The Living >>, lp de Jimmy Cliff - que ao lado de Tosh e Bob Marley, é um dos nomes em ascensão deste gênero. De certa forma, Jimmy está apenas << voltando >> ao Brasil: há 12 anos, FIC, ele aqui apresentava << Waterfall >>, que chegou a fazer sucesso no Exterior, gravando depois << Vietham >>, que Bob Dylan teria classificada como << a melhor canção de protesto jamais escrita >> e << Many Rivers To Cross >>. A Ariola tem em Bob Marley um de seus triunfos para o mercado internacional e tanto é que o trouxe ao Brasil, há dois meses, quando aqui inaugurou suas instalações. E por isso já há dois elepês deste compositor-cantor-guitarrista inglês, com o seu grupo The Waikers: << Live! >>, gravado no Lyceum, em Londres, a 18 de julho de 1975 e << Survival >>, um trabalho mais recente. O reggae, com sua carga de protesto - nascido junto as faixas mais humildes da ilha da Jamaica, durante século dominada pelos ingleses, teve uma razão social ao explorar na Europa há alguns anos. Chega ao Brasil com atraso e num marketing tão comercializado que se faz ficar com um dos soid pés atrás, pela inflação de subprodutos que inventavelmente trará. Um exemplo é << Super Reggae >> (WEA, 28036), que ao lado Jimmy Cliff (<< Look At The Mointains >>, << No Womam No Cry >>), já mistura The Jimmy Castor Bunch a grupos ou vocalistas menos importantes como Joe Gibbs & The Prefessionals. Demais Brown, Michael Campbel, Mickey Dee, Mark Older e The Draytons Two. Bob Marley e Peter Tosh continuam, entretanto, a serem os nomes de maior público dentro de gênero. E Tosh, tem em << Mystic Man >> um álbum vigoroso para mostrar suas composições como << Recrutining Soliders >>, << Can`t You See >>, << Crystall Ball >> e << Rumours Of War >>. Na contracapa, aparece sobre seu monociclo, que o acompanha em todos seus shows. Sem pretender entrar na linha << Reggae >> - mas igualmente barulhento e com pintas sociais de brabeza (embora sem maior conseqüência), James Brown continua a ter seus discos entrando na praça: << Take A Look At Those Cakes >> e o dançante << The Original Disco Man >>, ambas edições da Polydor/Polygram, nesta segunda incluindo << It`s Too Funky In Here >>. São discos de intérpretes negros, que, infelizmente, vêm suas conotações sociais talvez bem intencionadas - deglutidas e comercializadas pelos esquemas empresariais. FOTO LEGENDA- Bob Marley and the Wailers LIVE! FOTO LEGENDA1- Peter Tosti MYSTIC MAN
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
1
01/06/1980

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