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Aramis

Com biomassa queimada, Bodner economiza óleo.

Uma máquina simples, de custo reduzido e cujo segredo o próprio inventor, Gabriel Miguel Bodner, 37 anos, define como "uma questão de regulagem", poderá ser uma possibilidade viável na "guerra" da economia de combustíveis: uma queimadora de biomassas, utilizando resíduos de várias procedências e que pode substituir a energia elétrica, o óleo diesel e a queima de madeiras em indústrias de pequeno e médio porte. Em Curitiba, trabalhando numa improvisada oficina nos fundos de sua residência, na Vila Kwasinski, o gaúcho Bodner, homem de múltiplos talentos e habilidades mecânicas, já conseguiu montar quatro queimadoras de biomassas, três instaladas na cerâmica Klemtz, no Pinheirinho e uma quarta, menor, na panificadora Brunetti, no Bairro do Portão. Não existem ainda números, tabelas e gráficos que possibilitem uma comprovação oficial da invenção de Bodner, razão aliás pela qual os técnicos do Departamento de Economia Rural da secretaria da Agricultura que foram verificar a invenção de Bodner não se manifestaram ainda oficialmente. Em compensação, o empresário Orlando Brunetti, 37 anos, proprietário da panificadora onde funciona uma queimadora de biomassas, há 45 dias, garante que a mesma já lhe possibilitou economia de muitos mil cruzeiros e o estimulo a substituir os demais sistemas de energia dos fornos pela queimadora de biomassas. Em óleo diesel, Brunetti gastava de Cr$ 100 a Cr$ 140 mil por mês, ativando apenas um forno de sua panificadora. Com a queimadora de biomassa, usando cepilho de madeira que apanha (ainda gratuitamente) nas serrarias do bairro, seu gasto não chega nem a Cr$ 10 mil. "Com energia elétrica ou o óleo não haveria condições de sobreviver, pois o produto que fabrico é tabelado: a invenção de Bodner foi um presente do céu", diz, entusiasmado, Brunetti. Xxx A queimadora de biomassas não mede mais do que três metros quadrados. De construção simples, quase artesanal, se compõe de um receptor da biomassa, que caindo sobre duas hélices a mantém no ar, enquanto o material é queimado, através de fogo provocado pela injeção de oxigênio através de entrada lateral. O calor resulta na energia, através da saída por uma serpentina. São poucos os acessórios utilizados, o que tem permitido a Bodner instalar as máquinas a apenas Cr$ 100 mil com um custo de material ao redor de Cr$ 60 mil. A grande dificuldade é encontrar o ponto exato do registro do calor necessário, de acordo com o tipo da indústria a que se destina (na panificadora de Brunetti regulou em 300o , trabalhando 15 dias para chegar ao nível ideal). Sua máquina pode, entretanto, fornecer calor até 1.900o, necessários à indústria cerâmica - como a Klemtz, onde já montou três unidades. Bodner vê a sua invenção, em termos práticos, como uma semi-industrialização do lixo. "Afora cepilhos, bagaços de cana-de-açúcar, cascas de arroz, soja etc., também pode funcionar com capim, resíduos de plásticos, papel, papelão, enfim tudo que é jogado fora às toneladas, diariamente", explica Bodner, que vê imensas possibilidades de sua invenção a curto prazo substituir ao consumo diário de milhões de litros de óleo diesel. Já com patente requerida de sua invenção (afora várias outras, incluindo utilidades domésticas), Bodner, entretanto, trabalha de forma artesanal, humilde. Para custear o desenvolvimento de seu projeto teve que comprometer seu (pequeno) patrimônio familiar e até agora poucos foram os que acreditaram nas possibilidades de sua queimadora de biomassas. Entretanto, na prática ao menos na panificadora Brunetti existe uma unidade dando resultados. Num momento em que o problema da energia exige atenção de todos, está na hora dos bem remunerados técnicos oficiais darem a Bodner a atenção (e ajuda) que merece. Antes, que, chateado pela falta de apoio, se dedica a levar a invenção para outro pais conforme já lhe foi sugerido.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
25/11/1980

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