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Aramis

Com as imagens de Wagner o álbum da Serra do Mar

Cassiana Licia Lacerda Carolo e Bebeti Amaral Gurgel, do setor de editoração da Secretaria da Cultura e Esportes, encerram o ano com um bom saldo de realizações. E hoje, ao entardecer, na entrega dos prêmios do concurso Paraná de Literatura - uma promoção [séria] e que merece ter continuidade, estarão também mostrando os cartões de Natal criados a partir de originais de artistas paranaenses e cujos resultados de venda reverterão em favor da Provopar. Na mesma ocasião, a revista "Textura", em sua edição monográfica sobre Emiliano Perneta, estará sendo distribuída. "Textura" reúne dois ensaios premiados no concurso de Literatura; elaborados por Heitor Martins e Denise Azevedo Guimarães. Já na próxima terça-feira, dia 15, o álbum "Serra do Mar do Estado do Paraná, com fotografias de Helmut Wagner, edição co-patrocinada pela Fundação Roberto [Marinho], estará sendo apresentado. Profissional de larga quilometragem - dividindo com José Kalkbrenner um dos dois melhores estúdios de fotografia publicitária no Paraná (o outro é o Zap, de Mario Kremer, Marcio e Ito Cornelsen), Wagner é um fotógrafo sensível, que sempre soube dar um toque humano em suas fotos. Assim, a beleza as imagens que colheu da Serra do Mar, principalmente pelo seu significado dentro da temática da preservação ecológica, entusiasmaram não só Cassiana e Bebeti, mas também os diretores da Fundação Roberto Marinho, que se associaram ao projeto de editar a obra. A área retratada engloba o conjunto e picos mais importantes, rios, flora, além da história ferrovia Curitiba-Paranaguá e a Estrada da Graciosa. Em 82 páginas, 62 ilustrações a cores, texto em [português] e inglês, é uma obra que pode - e deve - ser distribuída internacionalmente, pelo seu significado. Wagner já fez aproximadamente 400 exposições de fotografias no Brasil, Argentina, Alemanha e Índia e vê, com alegria, seus filhos também seguirem os caminhos das imagens: os irmãos Wagner, no Super 8, são os realizadores de filmes de animação com maior número de premiações nos últimos quatro anos. xxx Falando em termos editoriais, alguns lançamentos recentes trazem interpretações de fatos contemporâneos, necessários de serem melhor apreciados. É o caso da tese "Os Empresários e a Educação/ O Ipes e a política educacional após 1964", de Maria Inêz Salgado de Souza (Vozes, 230 páginas), que se insere como importante contribuição para se entender melhor a lógica das políticas educacionais pós-64 e a sua formulação institucional, remetendo o leitor a um foco de elaboração de políticas de ensino, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais. O Ipes, entre 1964/71, foi uma agência pensante de um amplo projeto econômico, político e social, reunindo industriais, banqueiros, personalidades da vida cultural do País e pesquisando sua atuação. Maria Inês revela uma estrutura de poder empresarial que foi capaz de estudar a questão do ensino e propor soluções a varias gestões. Já para os que se interessam pelos problemas sociais, numa visão absorvente e ampla, sai em português "Os Trabalhadores" (Paz e Terra, 375 páginas), reunindo ensaios dedicados pelos historiados inglês Eric J. Hobsbawm a problemas de um campo no qual ele é reconhecido como uma das maiores autoridades científicas vivas: a história do movimento operário. Uma nova editora, a Brasil Debates, de São Paulo, entra no mercado com "Barão de Mesquita, 425: a fábrica do medo" de Alcir Henrique da Costa (134 páginas) que ao contrário de "O Que é Isso Companheiro", de Gabeira. "Os Carbonários", de Sarkis e tantos outros livros-documentos sobre a repressão pós 1968, é um romance, obra de ficção. A história de Luis Carlos Mônica e os filhos Aninha e Luis e a sua luta de resistência ao regime militar em sua fase mais repressiva. Através do personagem Luis Carlos, o escritor leva-nos a uma penosa viagem aos porões do quartel da PE, situado na Rua Barão de Mesquita, 425, às câmaras de tortura, à cabeça e alma das dezenas e centenas de torturados, à crueldade dos torturadores, numa narrativa política impregnada de humanidade, dor e ternura. Em estilo simples, direto, que flui, "Barão de Mesquita, 425" não renega, não faz balanços, crítica ou autocrítica de um período trágico e recente. Mesmo porque é obra de ficção em cima de um tempo delimitado - os primeiros anos da década de 70. Mas, ao contrário de muitos dos relatos publicados,, ultimamente sobre aquele período, o livro de Alcir Henrique a Costa é uma história contada por alguém que não perdeu a confiança. Sem maniqueismo, cheio de calor humano. xxx Também um depoimento de anos recentes é "Antes Que o Teto Desabe", de Roberto Gomes (124 páginas, cr$ 250,00), um dos quatro títulos escolhidos por outra nova editora, a Mercado Aberto, de Porto Alegre, para entrar na praça. "Quem Matou Pacífico?", de Maria Alice Barroso (149 páginas, Cr$ 250,00), em 5a edição, é um romance policial onde a ex-diretora do Instituto Nacional do Livro junta à ficção o compromisso com a realidade, o vínculo ambiental, explorando o meio rural brasileiro onde se desenrola a ação, de maneira própria e inovadora. "A Mulher Silenciosa", de Deonísio da Silva (80 páginas, Cr$ 200,00) é uma novela que traz de volta o estilo irônico, demolidor e cheio de sensualidade deste escritor, colaborador, inclusive de O ESTADO. A partir de um crime ocorrido numa cidadezinha típica do Interior de um estado brasileiro invadido pela mecanização da agricultura, pelos donos de faculdades e pelos [fatídicos] mestres e PHDs, Deonisio expõe a vida desse pequeno aglomerado humano, dentro de uma técnica particular. Finalmente, "Cavalos e Obeliscos" de Moacy Scliar (60 páginas, Cr$ 180,00) conta as aventuras de um adolescente, numa cidade da campanha sul-rio-grandense, cuja imaginação se incendiava ao ouvir ou ler as façanhas dos heróis das revoluções, entre os quais o lendário coronel Picucha, seu avô. Uma narrativa linear, envolvente e interessante.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
10/12/1981

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