Fundada há mais de 40 anos, a Orquestra Sinfônica Brasileira não tem mais do que dez elepês gravados. Há outras orquestras no Brasil que até hoje nunca conseguiram fazer registros fonográficos. A Orquestra de Câmara de Blumenau, fundada em 1981, termina o ano com o lançamento de seu quinto álbum - o segundo feito este ano. Um recorde, sem dúvida, considerando-se que a ultra prestigiada Orquestra Sinfônica de Campinas, sob a regência de Benito Juarez, só agora está fazendo um álbum pelo selo 3M/RCA. E a própria Sinfônica de São Paulo, regida pelo internacional Eleazar de Carvalho, teve somente no ano passado um álbum-brinde, gravado por ocasião do Festival de Inverno de Campos do Jordão, com produção do crítico João Marcos Coelho e patrocínio da Souza Cruz. xxx Em cinco anos, o curitibano Norton Morozowicz, 43 anos, ex-primeiro flautista da Sinfônica Brasileira (na qual esteve por 20 anos), não só consolidou a orquestra de Câmara de Blumenau como, graças ao trabalho disciplinado junto a administração da mesma, a viu projetada nacionalmente. No último dia 13, quinta-feira, o conselho da Orquestra, presidido pelo industrial Diatfer Hering (o grande estimulador da mesma) e que conta com a participação de executivos do prestígio de Hilda Ulbrich Schutzer (diretora da CBBA-Castelo Branco Associados) e Ricardo Botelho (BASF), fez uma avaliação da Orquestra em 1986 e definiu projetos para o próximo ano. Coroando tudo isto, o lançamento do quinto álbum da orquestra, patrocinado pela Bosch, com obras de Bach, Radamés Gnatalli, Henrique de Curitiba e Edino Krieger. A Orquestra de Câmara de Blumenau inicia 1987 com condições de autonomia e profissionalização de seus 25 integrantes. A alta direção da BASF - que já patrocinou dois dos cinco álbuns - independente dos benefícios da Lei Sarney, já decidiu: passa a bancar 80% do custo da orquestra, orçado em mais de Cz$ 3 milhões para o próximo ano. Um contrato desenvolvido em termos elegantes, que visa antes de tudo dar condições a Orquestra a ter uma tranqüilidade financeira, nada exigindo de absurdo, será firmado ainda este ano pela BASF e a diretoria da instituição de Blumenau. Independente do patrocínio da multinacional, a Orquestra continuará a fazer tournées e concertos com patrocínios de outras empresas ou instituições, cumprindo um calendário que se afigura como dos mais apertados. Basta dizer que ainda este ano, após a recente apresentação ocorrida no SESC da Esquina (no dia 6 de novembro para convidados da Bosch), haverá um concerto em Brasília - com patrocínio da Ipiranga, no próximo dia 27, com um programa que inclui o "Concerto Para Bandolim e Orquestra", de Radamés Gnatalli (gravado no penúltimo álbum) e que tem como solista o notável Joel Nascimento, ex-Camerata Carioca. No dia 18, o concerto será em Campinas. Para o primeiro semestre de 1987, já confirmados concertos em São Paulo (19/3), Manaus (28/5) e Salvador (3/6). A VARIG estuda também um projeto para se integrar ao patrocínio das locomoções da Orquestra e o empresariado de Blumenau mostra-se sensível, usando os incentivos da lei Sarney, a também se integrar a orquestra. O prefeito Dalto dos Reis, através da lei 3.309, assinada a 20 de outubro último, destinou uma contribuição anual de 1.800 OTNs, numa mostra de contribuição a unidade cultural que melhor vem divulgando nacionalmente a arte e a cultura daquela cidade. Portanto, hoje a Orquestra de Câmara de Blumenau, é uma orquestra consolidada, com um prestígio cada vez maior e que só nestes últimos 3 anos já foi convidada para acompanhar solistas da dimensão dos franceses Maurice André (pistão), Jean Rampal (flauta) e alemã Ingrid Haebler (piano), além de brasileiros como os pianistas Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti e o violoncelista Antonio Menezes. LEGENDA FOTO - Norton e a orquestra de Blumenau: consolidados.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 13

Data: 25/11/1986

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