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Aramis

Confetes & Serpentinas

Quando a Escola de Samba Acadêmicos da Sapolandia aproximava-se da arquibancada central, na Rua Marechal Deodoro, sábado de carnaval, o prefeito Saul Raiz virou-se para o vereador Luís Fernando Kuster, ex-diretor do IPMC, ao seu lado e perguntou: Mas eu não sabia que v. iria ser homenageado pelos sambistas? O cirurgião-dentista Erailtho Thiele, diretor do Departamento de Material da Prefeitura e admirado pelo seu permanente bom humor, acrescentou: - É que o Kuster trabalha em silêncio... Logo após a comissão de frente da escola de samba Acadêmicos da Sapolandia, que escolheu como enredo "O mundo encantado das histórias infantis", vinha um grande estandarte, com o desenho de um senhor gordo, supostamente o escritor José Bento Monteiro Lobato (1882-1948). Mas, o artista que o desenhou não foi muito feliz e o desenho lembrava muito mais a Kuster do que ao autor das estórias de Narizinho, Emilia e Visconde de Sabugosa, os encantadores habitantes do Sítio do Pica Pau Amarelo. xxx Ao contrário do que aconteceu na administração Jaime Lerner quando por imposição de uma de suas assessoras técnicas, sempre foi proibido o trabalho dos humildes vendedores de cervejas, refrigerantes, pipócas e sorvetes na área do desfile, este ano a Prefeitura liberou o comércio. Não só dos ambulantes como também para barracas, que funcionaram todas as tardes e noites. Foi sem dúvida uma atitude simpática, já que o comércio normalmente estabelecido fecha suas portas. O restaurante Tingui que ocupa uma loja na Rua Marechal Deodoro, próximo as arquibancadas chegou a cobrar Cr$ 1,00 por pessoa para permitir o uso de seus sanitários. Aliás, em estados deploráveis. xxx Por não aceitar a determinação de Sr. Erwin Bonkoski, proprietário das Rádios Cultura e Colombo, em que fosse aproveitada a cobertura carnavalesca para iniciar a sua campanha política, através da insistente colocação da frase "coordenação geral de Erwin Bonkoski, o homem que o povo quer", o radialista Mário Celso, agora também vereador e líder da bancada do MDB, demitiu-se na noite de sexta-feira do cargo de diretor artístico da Cultura. Com isso, a equipe que fez a cobertura do carnaval curitibano ficou reduzida, mas nem por isso os ouvintes deixaram de receber, de 5 em 5 minutos, intercalada aos flashes feitos na rua e clubes da cidade, a insistente frase: "Erwin Bonkoski, o homem que o povo quer". Erwin, conhecido líder religioso da cidade, proprietário de várias emissoras, quer ser deputado estadual nas próximas eleições. Mário Celso, vereador emedebista e líder da bancada, entendeu, coerentemente, que seria prejudicial a sua imagem oposicionista transformar-se em carnavalesco cabo eleitoral de seu patrão. Pediu demissão e já assinou contrato com a Rádio Clube Paranaense. Com salário melhor do que tinha na Cultura.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
24/02/1977

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