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Aramis

"Criação Monstruosa", o terror explícito

A temporada é do Oscar. Naturalmente que as filas voltaram a acontecer nos cinemas que exibem filmes como "O Último Imperador" (Bristol) e "Feitiço da Lua" (Condor), que na segunda-feira, 11, levaram 12 bonecos. Mas mesmo os que não tiveram nenhuma premiação - como "O Império do Sol", de Spielberg, ou o filme-canalha do ano "Atração Fatal" continuam atraindo grande público. O excelente "Broadcasting News - Os Bastidores da Notícia", de James Brooks - e que já não vinha muito bem, agora foi para a cucuia: como não levantou nenhum boneco, a Fox já o substituiu no Cine Plaza, que desde ontem exibe um filme de terror que, consta, faz juz ao título que ganhou no Brasil: "Criação Monstruosa". Fugindo do ciclo do Oscar - e que prosseguirá não só com a permanência dos filmes, mas as próximas estréias de "Wall Street - Poder e Cobiça", de Oliver Stone e "Um Grito de Liberdade", de Richard Attenborough - temos no Groff uma inspirada mostra de filmes inéditos trazidos pela Embaixada da Espanha, via Cinemateca do Museu de Arte Moderna. A mostra teve início ontem com "O Matador", 86, de Pedro Almodovar (um cineasta brega, que aborda temas homossexuais em seus filmes, mas que começa a ser curtido em vários países) e prossegue hoje com "La Escopeta Nacional", 77, de Luís G. Berlanga - um dos mais importantes cineastas-espanhóis. Terror Assim como na pornobiografia e na violência, o público que busca filmes de terror quer cada vez mais os exageros. Isto explica sucessos de séries como "Sexta-Feira, 13" (já em sua sétima parte) e da terceira parte de "A Hora do Pesadelo" (Nightmare On Elm Street 3 - Dream Warriors), em terceira semana no Palace-Itália. Produzido por Wes Craven, que realizou o primeiro da série, mas agora dirigido por Chuck Russel, trata-se de mais um festival de sangue, violência e horror, no que só se salva a trilha do imaginativo Angelo Badalamenti, autor aliás das trilhas das duas primeiras partes (a primeira, editada em elepê no Brasil pela SBK Songs, uma etiqueta especializada em trilhas sonoras). Ao mesmo público que curte o terror explícito, violento, há outro programa que deverá fazer sucesso: "Criação Monstruosa" (The Kindred) se insere naquela categoria de filmes em que seres repulsivos, nascendo de experiências provocadas por seres humanos, ameaçam a humanidade. No caso, uma cientista, Amanda Hollins (interpretada pela veterana e admirável Kim Hunter, que fez grandes filmes mas teve sua carreira destruída pelo álcool) desenvolveu pesquisas com uma substância chamada hemacianina. Um colega, Philip Llotd (Rod Steiger, outro veterano) também desenvolve perigosas experiências no campo genético e o resultado é a formação de um monstro que se multiplica e se constitui em terrível ameaça. Com dois diretores - Jeffrey Obrowa e Stephen Carpenter (este também responsável pela fotografia), "Criação Monstruosa" teve um roteiro desenvolvido por nada menos que 5 pessoas. Mais uma dupla Não é só na publicidade que as duplas (de criação) funcionam. Também no cinema policial a fórmula de reunir duplas, nem sempre das mais harmoniosas, tem oferecido curiosos resultados, que começam com Sherlock Holmes e Dr. Watson e chegam aos policiais durões de filmes recentes como "Arma Mortífera", "Viver e Morrer em Los Angeles" e "Tocaia". Agora, mais uma dupla: Joe Friday (Dan Aykroyd) e Pep Streebeck (Tom Hanks) em "Dragnet - Desafiando o Perigo" (Lido II, a partir de amanhã), baseada numa famosa série de televisão americana. A ação se passa em Los Angeles e os intérpretes começam a se popularizar: Dan fez "Caça Fantasmas" e Hanks apareceu em "Splash" e "Um Dia a Casa Cai". O diretor é Tom Mankiewicz, que reuniu ainda alguns veteranos - como Christopher Plummer, Harry Morgan e Elisabeth Ashley, neste policial bem humorado em cuja trilha sonora, Ira Newborn (o mesmo que fez a trepidante música do medíocre "Quem tudo quer...", de Brian de Palma, em exibição até hoje na mesma sala) reuniu canções com Patti La Belle, Jimmy Jam e até um tema original de "Dragnet" criado pelo grande Miklos Rozsa. Um programa só para quem tenha tempo de sobra...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
2
15/04/1988

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