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Crise do cinema brasileiro será discutida em Gramado

A boa estrela de Esdras Rubine, secretário de Turismo de Gramado - e que, por cinco anos (1978/1982) já havia presidido a comissão organizadora do mais importante festival do cinema no Brasil, brilhou. Apesar da crise na indústria das imagens - entre 1987/89, a produção caiu em seus níveis mais baixos - a 17ª edição terá não só filmes importantes para disputarem os Kikitos, como alguns bons títulos ficaram de fora. Assim é que para evitar problemas, o limite de seis longas em competição foi observado e com isto "Lua Nova", de Alan Eresnot, produção paulista, recém concluída, embora com muitos méritos, não entrou nesta competição. Concorrem seis longas, inéditos, entre o que de melhor se produziu na última safra. Também na área de curta-metragem em 35mm, a comissão julgadora pode escolher criteriosamente os treze concorrentes, mais cinco em média-metragem 16mm e cinco em curta-metragem 16mm, numa boa amostragem do que se tem de novo em nosso cinema. xxx Esdras Rubine, 46 anos, capixaba de Vitória, mas há 19 anos no Rio Grande do Sul, é um identificado ao cinema. Ex-vereador, na primeira administração de Nelson Dinnebier na Prefeitura de Gramado, foi quem possibilitou ao Festival dar o seu grande salto - deixando a característica restrita das cinco primeiras edições e se tornando uma mostra competitiva respeitada nacionalmente. Agora, com a vitória de Dinnebier na Prefeitura de Gramado - numa disputa difícil com o ex-vice-prefeito Eloir Zorzanello (que nos últimos 6 anos foi o presidente da comissão organizadora do festival de cinema), Esdras está cuidando para que o evento mantenha-se em seu lado promocional - "mas valorizando basicamente a criatividade e o talento dos nossos realizadores", como, nos explicava na última sexta-feira. Assim, paralelamente a mostra competitiva, Gramado deverá estimular encontros de profissionais de diversas categorias - diretores, roteiristas, fotógrafos e jornalistas, já que a participação será basicamente de quem está identificado ao "fazer o cinema no Brasil". Numa época em que a produção caiu a níveis mínimos e de mais de cem filmes que eram realizados anualmente, não se chegou nem a 20 novas produções desenvolvidas no ano passado, sem duvida que há muita coisa para ser analisada. Portanto, neste aspecto, o encontro que Gramado possibilitará a comunidade cinematográfica terá a maior validade. xxx O orçamento do festival será NCz$ 500 mil, cobertos através do município, iniciativa privada e, pela primeira vez, com uma real parceria com o governo do Estado - através do Conselho de Desenvolvimento Cultural do Rio Grande do Sul. A Assembléia Legislativa, como faz há muitos anos, oferecerá premiações para os realizadores gaúchos, que tem merecido sempre uma categoria especial. O festival de cinema Super 8 será mantido - em sua 13ª edição - pois Esdras, que introduziu a competição nesta bitola, em 1976, diz, com orgulho, que muitos nomes hoje em destaque, no 35mm, tiveram no Super 8 as suas primeiras oportunidades. Entretanto como não se pode ignorar também o vídeo, Esdras pensa que, no futuro, o Super 8 e o vídeo poderão justificar outro evento específico. xxx A idéia de promover uma amostragem do cinema latino-americano, paralelamente, foi abandonada, já que não haveria condições de trazer os trabalhos mais representativos. Em compensação, haverá homenagem a sete cineastas representativos, falecidos nos últimos três anos, com exibição de seus filmes mais representativos: "A Guerra Conjugal", de Joaquim Pedro de Andrade; "O Mágico e o Delegado", de Fernando Cony Campos; "Beth Balanço", de Lael Rodrigues; "Os Amantes da Chuva", de Roberto Santos; "São Bernardo", de Leon Hirzman; "1º de Maio", de Rui Santos e um longa do realizador gaúcho, Pereira Dias, cuja morte passou praticamente despercebida há poucos meses.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
28/05/1989

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