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Aramis

Cursos que formaram os novos cineastas

Paralelamente ao trabalho de pesquisa, preservação e guarda do que fosse possível da memória filmada do Paraná - o que por si só justificaria a sua presença nos quadros culturais do Paraná - Valêncio Xavier, com sua visão de pioneiro da televisão curitibana ( a partir de 1960, foi um dos mais ativos roteiristas e diretores da TV-Paraná, passando depois para o Canal 12-TV Paranaense) se preocupou em abrir espaços para uma nova geração interessada em fazer cinema. Assim, mesmo sem contar com recursos, mas valendo-se de suas boas amizades com cineastas, roteiristas, montadores, etc., hospedando-se em sua casa, trouxe a Curitiba, realizadores como Ozualdo Candeias, Noilton Nunes, Mauro Alicie, Eduardo Escorel, Sílvio Tendler, Flávio Ferreira, Rogério Sganzerla - entre outros nomes que, para aqueles que acompanham nosso cinema e televisão, sabem da sua importância. Nos cursos práticos realizados na Cinemateca, sempre acompanhados de filmagens e trabalhos de montagem, revelaria-se uma geração de jovens que hoje, mesmo com imensas dificuldades, tenta fazer cinema como Berenice Mendes (*), os irmãos Schulmann - Werner e Willi, Nivaldo Lopes ("Palito"), Fernando Severo, Altemir Silva ("Bolinha"), irmãos Wagner, Rui Vezaro, Eloi Pereira, entre outros. Esta política de procurar abrir espaços para a formação de realizadores, deixando a teoria entrar na prática, e que resultaria em mais de 30 filmes, em super 8, 16 e mesmo 35mm (o vídeo ainda não existia em escala de produção fora das televisões), permitiu que o Paraná tivesse ao menos rapidamente, uma presença em festivais nacionais, obtendo premiações - inclusive do próprio documentário "Carta ao Sr. Fellipe", que Valêncio Xavier realizou para servir de convite ao cineasta de "Amarcord" vir a Curitiba, mas que nunca chegou a ser por ele visto. Em compensação, conseguiu o prêmio maior na Jornadas de Cinema da Bahia, em 1981, onde também seria premiado outra de suas produções, "Póstuma Cretã". Nota (*) Berenice Mendes se revelaria como uma das mais brilhantes cineastas paranaenses. Começando com o documentário sobre a visita do Papa a Curitiba em julho de 1980 ("Como Sempre"), faria depois "O Foguete Zé Pereira" e "A Classe Roceira", o grande premiado no II Festival de Cinema de Fortaleza, em 1987. Há três anos, Berenice vem tentando realizar o longa "O Drama da Fazenda Fortaleza". Seu último trabalho é o vídeo "Água Viva", 10 minutos, sobre a poluição da bacia hidrográfica de Curitiba. LEGENDA FOTO - Berenice Mendes, uma das mais brilhantes cineastas reveladas graças aos cursos práticos que Valêncio Xavier desenvolveu na Cinemacoteca a partir de 1975.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
05/05/1991

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