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David, um escultor em busca de formas

David Zugman é uma prova de que é possível conviver o lado executivo, empresarial, com a sensibilidade artística. Filho de uma família bilionária no setor madeireiro - o grupo Zugman - e tendo, assim, que assumir funções de comando, não deixou entretanto que o lucro fácil interferisse em sua capacidade criativa. Ao contrário, desenvolveu uma carreira de escultor que o tem feito merecer elogios nacionais e que o leva a fazer agora uma individual (Acaiaca, 24 de setembro a 8 de outubro) com trabalhos interessantes. Esta é a quinta individual que faz em Curitiba (a primeira aconteceu no Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, há 6 anos) e deve catapultar vôos maiores. São Paulo, se depender do entusiasmo da jornalista, crítica e agora agenciadora cultural Marlene Almeida, será a primeira etapa de uma escalada maior. xxx Marlene Almeida conta que o processo artístico de David despertou nos anos 70, quando foi para Israel fazer um curso de mestrado em administração de empresas. Lá descobriu o encanto das artes plásticas no atelier da Escola Bezalel Jerusalém (1975/76) e, logo depois, em Paris, integrou-se a uma comunidade artística da rua de Poitue, na qual conviviam - "numa espécie de ONU plástica" - jovens artistas de várias partes do mundo. A experiência o entusiasmou e, de volta ao Brasil. Participou da experiência artística comunitária Clareira Vital, na ilha de Itaparica, na Bahia. Diz Marlene a respeito de sua evolução: - "Esse envolvimento de David com a arte passou a ser uma questão vital. Daí todo um paralelo vem sendo trilhado, como parte de um processo existencial". A princípio, formas em madeira resultaram em peças escultóricas de grande porte. Eram formas sinuosas, sensuais - buscando uma associação corpo-mente. Por isso, contornos delineados mais definidos foram desenvolvidos posteriormente e a busca de material ampliou-se. O próprio processo criativo instigou David Zugman a experimentar outros materiais. Surgiram o mármore, o granito e o ferro. As emoções, cada vez mais liberadas, permitiram a descoberta de novas formas ao mesmo tempo que o artista exerceu, cada vez mais, um domínio sobre esses materiais. O trabalho evoluiu e suas esculturas atingiram outra dimensão. Uma nova linguagem. Com sua visão de estudiosa das artes plásticas, Marlene Almeida diz: - "É possível perceber como numa única peça o granito e a madeira atingem uma harmonia, apesar de serem dependentes como idéia e independentes como forma. O resultado é o belo estético". Já o próprio Zugman diz: - "Depois da madeira, veio o mármore, o granito, o ferro. E mais recentemente as instalações, com luz e som, como pinturas tridimensionais, onde os materiais múltiplos podem ser reunidos num só espaço, assim como hoje, como sempre. Tudo ao mesmo tempo, rápido e descartável. Emoção ao alcance dos sentidos" LEGENDA FOTO - David Zugman: esculturas com emoção.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/09/1989

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