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Aramis

De Brel inesquecível aos novos da música dos EUA

Na multiplicidade de lançamentos fonográficos, que fazem hoje do Brasil o 5º mercado mundial em termos de discos / fitas, é natural que os cantores-compositores internacionais, das mais diversas tendências e gêneros, tenham também sua presença. Hoje, um panorama multinacional, sem preconceitos, dos que estão na praça, em lançamentos mais ou menos recentes. JACQUES BREL/ GREATEST HITS (Band / Bandeirantes, BR-33035, dezembro /79) - Ao morrer, há menos de 2 anos, Jacques Brel, (Bruxelas, 7/4/1929 - Paris, 9/9/1978), ator, cantor e compositor, deixou uma obra expressiva, entre as quais um clássico que Edith Piaf imortalizou: "Ne Me Quittes Pas". Neste lançamento da Bandeirantes, com letras em inglês de Rod McKuen (o autor da trilha sonora do clássico "Joana" e um dos grandes compositores ingleses) temos uma seleção de primeiríssima ordem, incluindo as parcerias Brel-McKuen, como "Un Enfant", "Les Amants De Coeur" e "Je Sais Pas". Todas as faixas mostram o grande intérprete romântico que foi Brel, que entre 1966/77 afastou-se dos palcos, só voltando a aparecer com um elepê em fins de 1977, ocasião em que nos encontrávamos em Paris e vimos o carinho com que foi recebido o seu retorno. Ironicamente, poucos meses depois morreria deixado uma lacuna na música européia. NICOLAS PEYRAC (EMI/ Pathe, 31C06416911, setembro/79) - Entre os novos cantores e compositores franceses, o jovem Peyrac merece atenção. E o autor das 12 faixas deste elepê de excelente apresentação, com diferentes maestros revelando-se na condução das orquestras e arranjos e dedicando inclusive uma música a Jacques Brel: "Les Vocalises de Brel". Sente-se uma influência americana em Peyrac, a partir do título de certas músicas: "Goodbye Califórnia", "Mississipi River" e "So Far Away From LA", mas, de qualquer forma é um cantor agradável e um compositor inspirado. Merece ser ouvido com toda atenção. NICO FIDENCO ("La Mia Mania") (Continental, LP 3-41-404-014, dezembro/79) - Para a maioria do público, a identificação de Nico Fidenco (na verdade Domenico Colarosi, Roma, 24 de janeiro de 1933) é apenas com a música "A Casa de Irene", sua composição mais conhecida no Brasil - e que tem atraído público para as apresentações que fez em várias cidades brasileiras, em constantes excursões aqui realizadas. Mas na verdade a obra de Nico Fidenco é bem mais extensa, desde que há 20 anos passados o cineasta Francesco Maseli, impressionado com sua voz, aceitou a sugestão do maestro Ennio Morricone e o inclui, cantando "What a Sky", na trilha sonora de "Os Delfins" (Il Delfini), estrelado por Cláudia Cardinale, no auge de sua beleza. "What a Sky" vendeu 550 mil cópias, seguindo-se "Legata ad un Granello di sabbia" (um milhão de cópias) e o prestígio foi aumentando, ao ponto de "Si mi perderai", "Tra le piume di una rondine", "Como nasce um amore, etc., o transformaram num dos maiores vendedores de discos da Europa - acima de 8 milhões de cópias e lhe valendo, naturalmente, vários discos de ouro. Sua voz se ouviu nas trilhas sonoras de filmes como "A Raça da Valise", "Truste me", e "L'uomo che non sapeva amare" (Black Emmanuelle), entre outros. Portanto, muito mais do que "La casa de Irene", Fidenco é um dos vocalistas mais populares da Itália - embora tenha passado algum tempo meio esquecido do Brasil. Com a edição de "La Mia Mania", cuidadosa produção onde apoiou-se em piano-moog, pequeno coral e cordas da Sinfônica de Roma, Fidenco soma a antigas composições ("Legata Ad Un Granello Di Sabbia"), uma homenagem ao Brasil ("Ciao, Brasile!") uma coleção de outras composições - "Mia Am ica, Mia Amante, Mia Sposa", "Un Viso Tra La Golla", "Como Nasce Un Amore" etc., que deverá fazer o encanto dos apreciadores da música italiana. NEIL DIAMONG (Polygram/MCA, 232209) - Aos 38 anos, este cantor nascido no Brooklyn, Nova Iorque, tem, pelo menos, 13 de sucesso, a partir de "I'm a Believer" (1967) e "A Litle Bit Me, A Litle Bit You", ambos lançados pelos Monkees, grupo de popularidade no final da metade dos anos 60. "Brother Love's Travelling Salvation Show" foi o título de outro de seus sucessos, que deu título inclusive a um de seus primeiros lps e que agora, reaparece neste lp, onde foram selecionadas músicas que no período 1969/76, de uma forma ou outra marcaram a sua carreira: "Dig In", "River Rus, Newgrown Pluns", "Juliet", "Memphis Streets", "You're So Sweet Jorseflies Keep Hagain Round Your Face" - talvez uma das canções com títulos mais extensos, além da suave "Sweet Caroline". ART GARFUNKEL / FATE FOR BREAKAST (CBS, 138147) - Paralelamente a reedição da trilha sonora de "A Primeira Noite de Um Homem" (The Graduate, 1967, de Mick Nichols), que consagraria o trabalho da dupla Simon / Garfunkel, com músicas como "Mrs. Robinson" e "The Sound Of Silence" - após o aproveitamento de um tema peruano em "The Condor Passa", Art Garfunkel, 38 anos, americano de Nova Iorque, formado pela Columbia University mostra novamente seu trabalho solo, num lp dos mais vigorosos, onde preferiu ser apenas o intérprete de músicas selecionadas - do que acumular também a responsabilidade de autor. Desde a separação de Paul Simon - que a seu exemplo também tem feito experiências cinematográficas (por exemplo apareceu em "Annie Hall", numa curta mas marcante atuação) - Garfunkel tem se dividido entre o cinema e a música. Neste "Fate for Breakfast", canta músicas como "Miss You Night" (D. Towsend), "Sail On A Tabow" (S. Bishop), "Since I Don't Have You" e "In A Litle While". SHAUN CASSIDY / ROOM SERVICE (Warner / 36.125) - Se Garfunkel em seu "Fate For Breakfast" preferiu um "cardápio de outros mestres-cucas, o garotão Shaun, filho do casal de artistas Jack Cassidy-Shirley Jones (quem se lembra dela em filmes como "Feira de Ilusões / State Fair", 1961, um dos últimos trabalhos musicais do recém-falecido Richard Dodgers para o cinema), preferiu, ele mesmo, preparar 5 das nove composições que integram este seu novo lp: "Break For The Street", You Still Suprise Me", "Fallin'Into You", "Time For a Chance" e "Are You Afraid Of Me ?". As demais, reservou para o co-produtor Michael Lloyde. Com um estilo bastante eletrificado e um marketing visando especificamente uma faixa adolescente, o prestígio de Shaum Cassidy tem crescido muito nos últimos 2 anos. E por trás existe a bem ajustada máquina /marketing do grupo Warner e os conselho dos ilustres pais. ELTON JOHN / VICTIM OF LOVE - (Polygram / 91033509) - Os anos passam e este ídolo dos anos 60, famoso pelos paêtes e efeitos visuais em seus shows, consegue se manter em evidencia. Nesta sua mais recente produção. Elton John (na verdade Reginald Kenneth Dwight), com formação musical clássica e que a partir de 1966 iniciou uma carreira ascendente, recorreu a um harmonioso grupo instrumental, ao qual está presente até o brasileiro Paulinho da Costa na percussão. Para a parte instrumental ter o máximo destaque, no lado um, apenas 3 faixas: o clássico de Chuck Barry ("Jonny B. Good"), seguido de "Warn Love In A Cold World" (Pete Bellorte / Stefan Wisnet / Gunther Moll) e "Born Bad" (Bellote / Bastow), Belotte é autor de 4 faixas que compõe o lado 2 deste lp: "Thunder In The Night", "Spotlight", "Street Boggie" e a música título "Victim Of Love". CURTIS MAYFIELD / HEARTBEAT (RSQ / Polygram, 2394231) - Cantor e guitarrista, começou cantando num grupo intitulado "Northern Jubilees", do qual fazia parte o hoje famoso compositor-produtor Jerry Butler. Posteriormente, passou pelos The Roosters e, em 1958, organizou The Impressions. Com Jerry Butler foi guitarrista por algum tempo e, como compositor, se destacou a partir de "He Will Break Your Heart" e "Find Another Girl". Mas seria "Gypsy Woman", em 1972, que lhe daria maior projeção. Agora, intercalando composições próprias a de outros autores, "Heartbeat" o traz num lp de vigorosas interpretações, que pode ser muito curtida especialmente aos fãs das discotheque. LOU REED / THE BEELS (Arista / Odeon, 31 CO6462630) - Fundador do legendário grupo nova-iorquino Velve Underground, em 1965, Lou Reed (Nova Iorque, 2 de março de 1942), teve seu aprendizado nos anos 50, no auge do rock'roll aos 14 anos, já como guitarrista, fazia seu primeiro disco. Passou por vários conjuntos (Pasha & The Prophets, L.A. & The Eldorados, Shades), até criar uma "imagem" que mantém até hoje, aos 38 anos: rosto pálido, óculo escuro). Suas canções sempre se caracterizaram também por temas chocantes - a morte, o sadismo, a perversão, o sexo, a droga. Do encontro do John Cale, surgiu o Velvet Underground, que, na década retrasada apareceu com músicas como "Waiting For My Man", "Venus In Furs", "Heroin", entre outros. Em 1972, o Velvet Underground separou-se e Lou Reed iniciou uma carreira solo, gravando com a RCA ou, eventualmente fazendo apresentações em Londres, com instrumentistas como Rick Wakeman e Steve Howe. Um trabalho com uma grande orquestra o projetou na década passada, quando também fez dois lps considerados antológicos - "Rock'n Roll animal" e "Lou Reed Live", produzidos por Steve Katz. Após mais 3 outros discos na RCA, passou para a Arista, com "Rock And Roll Heart", onde deu [seqüência] ao seu trabalho com músicas-crônicas de uma sociedade urbana em plena decadência, com textos brilhantes mas terríveis em seu conteúdo. "The Bells", produzido em 1979, o traz em parcerias com Nils Lofgren, com temas menos violentos, mas que nem por isso podem ser considerados agradáveis: "Stupid Man", "With You", "Looking For Love", "Families" etc. Na capa, uma imagem menos agressiva: sem óculo, com um espelho na mão, como a refletir 15 anos de indagações e desespero. De qualquer forma, na história da música pop Lou Reed é no mínimo um compositor-intérprete inquieto. MORRIS ALBERT / ONCE UPON A MAN (Copacabana, 12266) - Há muito que, Maurício Alberto Keisserman adotou a cidadania americana: depois de se tornar milionário com "Feelings", passou a residir em Los Angeles e assumiu totalmente a posição de dedicar a um público internacional - mesmo sem repetir o mesmo sucesso de "Feelings". Seu novo lp, gravado na Califórnia, com músicos americanos e tendo, desta vez, três vozes femininas de apoio, repete o mesmo esquema "água com açúcar" que valeu a "Feelings" e "She's My Girl" a mesma aceitação popular. E como "Once Upon a Man", faixa que dá título a este seu novo lp, entrou na trilha sonora de "Feijão Maravilha", nem é preciso dizer nada mais: vendeu o suficiente para a Copacabana respirar aliviada. OS NOVATOS - Como é necessário sempre colocar gente nova no mercado, há também estreantes, de várias matrizes. Dobie Gray estréia em "Diamond" (Infinity Records/RGE, 304.0067), com um repertório de vários compositores, mas apurados cuidados de produção e boas formações instrumentais em cada faixa. Já Rex Smith, um garotão de longos cabelos e que, ao menos visualmente, vai atrair uma faixa adolescente, em seu lp de estréia no Brasil (CBS, 138145) interpreta músicas do filme "Sconer or Later", que estrelou ao lado de Denise Miller, Barbara Feldon, Vivian Blaine e, ao menos uma atriz conhecida: Lyn Redgrave. Todas as faixas são de autoria da dupla Stephen Lawrence e Bruce Hart. O filme tem direção de Bruce Hart e, por enquanto, não há notícias de seu lançamento no Brasil. Já o guitarrsta-compositor - intérprete Ron Wood em "Gimme Some Neck", (CBS, 138138) mostra uma série de inovações, a partir da dinâmica capa, uma criação das mais originais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
29
13/01/1980

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