De como ir e voltar rapidamente aos EUA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de novembro de 1986
Um alerta necessário: na ânsia de aumentarem seus lucros, algumas agências de turismo estão criando situações constrangedoras para pessoas que viajam a Europa e Estados Unidos com projetos de ali permanecerem mais do que 90 dias. Pelo menos duas curitibanas sentiram os riscos de prestarem informações não verdadeiras ao governo americano - mal orientadas por inescrupulosos agentes de viagens - e com isto pagaram caro.
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Seguinte: para alguém permanecer nos Estados Unidos por mais tempo do que uma simples viagem turística, seja buscando oportunidade para estudar ou trabalhar, é necessário uma autorização expressa do Departamento de Imigração, através do Consulado Geral, em São Paulo.
Uma conhecida médica e professora da Universidade Federal do Paraná viajou para os Estados Unidos com projeto de fazer cursos de especialização. Só que a sua documentação foi incompleta e quando ali chegou teve problemas no aeroporto. Uma série de telefonemas internacionais, consultas a advogados e só com a intervenção de pessoas muito influentes conseguiu contornar o problema. Se tivesse sido melhor orientada, viajaria já com a documentação em ordem.
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Mais grave foi o caso de uma jovem curitibana, sonhando em procurar nos Estados Unidos uma universidade em que possa fazer seu curso superior. Ao invés de prestar informações verdadeiras - como, por exemplo, suas intenções de permanência, o fato de ter ou não parentes no país etc. - optou pela falsificação das respostas. Resultado: foi detida ao apresentar o passaporte e só não foi deportada porque, orientada por advogados, optou pelo retorno imediato. Caso contrário, ficaria fichada nos computadores e nunca mais entraria nos Estados Unidos.
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São dois exemplos - entre muitos outros - de irresponsabilidade tanto das agências que vendem as passagens compromentendo-se em liberações que não têm autoridade para fazer, como das próprias pessoas que, na ânsia de buscarem o sonho americano, esquecem-se de que nos Estados Unidos a arte do jeitinho brasileiro não funciona e que o Departamento de Imigração, com um competente banco de dados ligado a mais completa rede de computadores, pega na mentira de quem tenta usar de má fé nas informações.
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Mais grave ainda é o caso dos músicos que vivem sonhando em emigrar para Nova Iorque com esperanças de ali fazerem fama e fortuna. O exemplo de alguns (poucos) músicos bem sucedidos - como Airto Moreira e Raulzinho - faz com que a rapaziada fique pensando que obter o green-card é coisa fácil ou que se pode, para sempre, enganar a fiscalização. Resultado: há pelo menos meia dúzia de paranaenses que viajaram para os Estados Unidos, em busca de "caminhos musicais" (sic) que já estão na mira das autoridades e poderão, quando menos se espera, serem expulsos do território. E há outros que já estiveram e que acabaram também ficando mais tempo do que era permitido e que já estão devidamente fichados nos computadores - para não poderem mais entrar no pais.
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Quem quer ser muito esperto, acaba dando á diploma de otário.
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