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Aramis

De gente & fatos

Felício Raitani Neto, 60 anos, paranaense de Cerro Azul, é um dos nossos bons escritores. Modesto, sem esquemas autopromocionais, vem construindo, há quatro décadas, uma obra mais suave mas de grande profundidade: "Lendas e crendices da infância" (1944), "Conversa de passarinho" (1952), "Estórias com amor" (1969) e "Longe, longe" (1980). Agora, Roberto Gomes, nosso mais atuante editor acaba de reunir textos de Felício num livro que revela outra face de Raitani: "Erótica", desenvolvendo histórias de erotismo, profundo e denso, capaz de gerar climas de grande excitação, com o tempero picante da paixão e do lirismo. xxx Roberto Gomes, professor, ensaista e, sobretudo, escritor e editor, vê reconhecido no Exterior o talento de seus editados: a Biblioteca Internacional da Juventude, que reúne e avalia a produção literária infanto-juvenil de todo o mundo, com sede em Munique, inclui "Os Quitutes de Luanda", de Jorge Lescano (Criar Edições, 1983), em seu catálogo de obras premiadas, como livro de destaque internacional. Jorge Lescano, radicado no Brasil, há mais de 20 anos, nasceu na Argentina e reside em São Paulo. É contista e teatrólogo. "Os Quitutes de Luanda" narra a história de uma garota negra, cujo sonho era conhecer a avó, falecida há muitos anos. Como lhe diziam que a avó estava no céu, Luanda, com a ajuda do irmão, Dimitri, constrói um barco com o qual realiza a viagem ao céu. A história desse reencontro com a avó e com as raízes da cultura de sua raça, é a descoberta fascinante que Luanda proporciona aos leitores. xxx Alaor Oliveira, 40 anos, 32 de música (desde os tempos do Clube Infantil M-5, na Rádio Guaraicá, toca flauta), já por duas vezes teve roubados seus instrumentos. Da primeira vez, foi uma Amstrong, na qual tirava dolentes valsas e entusiásticos choros. Depois, uma Palatina Belorum, com a qual deu interpretações tão emocionantes, a "Valsa dos Bobos", tema instrumental de seu amigo Reinaldinho, que, numa noite de inverno, a cantora Alaíde Costa, sensibilizada com a melodia, acabou criando a belíssima letra, infelizmente nunca gravada. Essa segunda flauta, roubada há algum tempo, Alaor conseguiu recuperar, graças a um prestativo pastor evangélico, que havia, inadvertidamente, adquirido o instrumento de um receptador. Agora, roubaram a bicicleta de Alaor, com a qual, após trabalhar até às 3 horas da madrugada, todas as noites, no Pizzaiolo, retornava a sua distante casa, na Cidade Industrial. Se há alguns anos, houve uma ajuda dos amigos para adquirir uma flauta para o bom Alaor, agora, espera que o ajudem a conseguir uma bicicleta. Sem a qual não pode vir trabalhar, no restaurante do Ivan Gattone Amaral, para encantar o público com sua arte. xxx Frei Betto (Carlos Alberto Libanio Christo), dominicano, ex-preso político, está sendo contatado para vir a Curitiba participar de mesa-redonda sobre Igreja e política. Frei Betto aproveitará também para autografar "Cartas da Prisão" (232 páginas, Cr$ 20 mil), que está sendo reeditado pela Civilização Brasileira, que lança, também, outro de seus livros: "Das Catacumbas". Neste, estão reunidas as cartas escritas por Frei Betto na prisão, durante o primeiro período de clausura. Refletem sua posição mais revoltada - "uma voz que se eleva, realmente, das catacumbas".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
26/06/1985

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