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Aramis

De Umbanda, Plágios, 80km/h & Cláudia

Um aspecto ainda virgem de pesquisas mais profundas - a música umbandista - ganhou um interessante depoimento de um dos autores mais veteranos do gênero, J. B. de Carvalho, 75 anos. Participando do programa "Os Caminhos da Magia", que o deputado Atila Nunes, apresentava na extinta TV-Rio, J. B. de Carvalho, que desde 1929 vem compondo "pontos", gravados em dezenas de elepês, fez sérias acusações, de temas de sua autoria que vem sendo aproveitados por compositores populares. A entrevista de Carvalho, transcrita agora no "Gira da Umbanda" (nº 12, março, 77, Cr$ 5,00), que circula muito entre os umbandistas, esclarece melhor suas denúncias. xxx Entrevistado por Atila Nunes e sua mãe, a Bambina Bucci (uma das vereadoras mais votadas no Rio de Janeiro), J. B. de Carvalho afirma que "Nem Ouro, Nem Prata" de Ruy Mauriti e José Jorge, faixa que dá título ao último lp de Mauriti (Sigla/Som Livre, 1976) é um plágio completo de "Ponto de Oxossi", gravado por J. B. de Carvalho em 1948. Outra acusação de Carvalho: Martinho da Vila também se apropriou de um "Ponto de Xangô", num de seus elepês, só que, posteriormente, creditou o seu nome na composição e doou os "direitos autorais" ao Lar de Santa Bárbara e São José. xxx Os discos de J. B. de Carvalho vendem muito, em todo o Brasil. Só em Curitiba, há pelo menos uma dúzia de lojas de artigos de umbanda que os comercializam, afora as próprias lojas de discos, terem já balcões especiais para o gênero "umbanda", com dezenas de lançamentos, mas até hoje desprezados de qualquer estudo ou pesquisa, mesmo jornalística. xxx O esperto Franco, jovem cantor da Continental, foi o primeiro a aproveitar-se de um tema rodoviário atual, para tentar a parada de sucesso: em seu novo compacto (Continental, 1-01-101-265, abril/77), gravou uma canção intitulada "A 80 quilômetros por hora" de Antônio Saccomani, Luiz Vagner e Arnaldo Saccomani, com arranjo de Messias Júnior. A música não tem nada de especial, mas não deixa de merecer um registro à parte, já que é o reflexo da campanha de segurança e racionalização de combustível. xxx Musical, ainda: Cláudia Barroso, uma das cantoras brasileiras de maior público, hoje uma senhora tranqüila em termos financeiros graças aos seus bolerões, volta novamente a cidade, para duas apresentações no restaurante Mouraria (hoje e amanhã, 23:30 horas). Bem conservada, elegante administrando com astúcia os altos rendimentos que as vendas de milhares de cópias de seus elepês e compactos, pela Continental, garantem, somada a cachês por "shows" em clubes e churrascarias, Cláudia Barroso possui hoje 3 fazendas, dezenas de apartamentos e até uma editora musical. E, aquilo que se poderia chamar de um bom partido musical.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
15/04/1977

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