Descaminhos dos falsos amadores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de novembro de 1987
Em atenciosa correspondência o advogado Paulo Roberto Ferreira Motta, secretário executivo da Comissão Estadual de Artes Cênicas, traz esclarecimentos em relação às críticas feitas pela Federação Independente de Teatro Amador na "Carta de Cascavel" que aqui registramos há uma semana.
A rigor, Paulo Motta, ex-chefe de gabinete do secretário René Dotti - e seu homem de confiança - repete as explicações que o próprio secretário da Cultura já deu em nota oficial: a FITAP não tem motivos para se queixar pois tanto os festivais de teatro amador de Maringá e Ponta Grossa foram prestigiados com ajuda financeira e a presença do secretário.
A Secretaria da Cultura ajuda quem tem valor. Pessoalmente, René empenhou-se para que o grupo Delta, de Londrina, fosse à cidade do Porto, em Portugal, levar um espetáculo e também se mobilizou para que o Proteu conseguisse as passagens para representar o Brasil num outro festival na Cidade do México. Mas há os medíocres que reclamam, segundo Paulo:
- Existem pessoas que não estão levando a sério o teatro amador e fugindo de sua responsabilidade, procurando jogar nas costas da Secretaria os maus resultados de seus medíocres trabalhos.
O Festival de Cascavel foi organizado pela FITAP sem qualquer consulta à Secretaria da Cultura, que "só ficou sabendo de sua realização dias antes quando um elemento de nome Dario ligou desaforadamente para cobrar as verbas "prometidas" para o mesmo , diz Paulo Motta, acrescentando:
- Tudo isto porque a FITAP faz seus pedidos no início do ano e depois sequer comunica a secretaria da realização ou não do festival.
Há vários exemplos que, segundo Paulo Motta, mostram a desorganização do setor amador. Juntamente, o que deveria ser o mais vigoroso, idealista e capaz de fazer renascer o bom teatro - do que grupos como o Proteu e o Delta - são exemplos positivos. Infelizmente, a maioria , "fica amorfa durante a maior parte do ano, renascendo somente quando o Estado propõe-se a liberar recursos".
Ex-ator e diretor de grupos amadores, René Dotti quer fortalecer o bom movimento teatral. Para isto, ignora as críticas e encarregou Paulo Motta e Sale Wolokita de desenvolverem um ativo programa para 1988.
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