Login do usuário

Aramis

Discotheque & Instrumentistas

A premiação do Oscar de melhor canção de 1978 a "Last Dance" (Paul Jabará) interpretada por Donna Summer em "Até Que Enfim é Sexta-Feira" (Thank`s God It`s Friday, 1977, de Robert Klane) coincidiu com a melancólica carreira em Curitiba, em termos financeiros, desta produção da Motown Records/Columbia na mesma faixa das fitas de Robert Stigwood: em uma semana no Cine Astor, a casa de maior rentabilidade econômica da cidade, faturou pouco mais de Cr$ 100 mil - soma que "Os Embalos de Sábado à Noite" obtiveram em apenas dois dias de projeção. Aliás, "Saturday Night Fevre" e "Grease/Nos Tempos da Brilhantina", ambas produções de Stigwood, que lançaram John Travolta internacionalmente como o ;idolo-marketing para uma faixa pré-fixada de consumidores, estiveram entre as maiores bilheterias de 1978 em todo o mundo. O relativo fracasso de "Até Que Enfim é Sexta-Feira"- apesar da premiação de "Last Dance" - uma das 5 canções indicadas ao Oscar ("Hopelessly Devoted To You", de John Farrar, de "Frease", na voz de Olivia Newton-John também concorreu) - seria um primeiro sintomático exemplo da decadência das discotheques, modismo imposto a partir de fins de 1976 - e que no Brasil atingiu seu pique no final do ano passado-refletindo-se inclusive nas mais distantes cidades do Interior. Na quinta-feira Santa a Papetee - a mais polêmica das chamadas discotheque classe A da cidade, por sua localização há menos de 300 metros da Casa de Saúde São Vicente, não deixou de funcionar - numa prova de que realmente os tempos mudaram: quem imaginaria, 10 anos passados, que na véspera da maior data do calendário religioso houvesse uma casa de dança e música capaz de funcionar? Mas afinal a própria Igreja aceitou novas normas e os conceitos religiosos também transformam-se, de forma que não seria por um dia Santificado que uma discotheque deixaria de faturar. Outras "discotheques" mais populares, buscando faixas mais humildes da população, já dão sinais de exaustão - tendo inclusive algumas delas fechado, num fato que merece análises mais profundas. Em compensação, a perspectiva de instalar uma gafieira, com grande orquestra de metais, como nos anos 30/40, anima os empresários George Jung e Ademir Pedroso, proprietário do Pelourinho - hoje o melhor ambiente de MPB da noite curitibana - associados a um jovem milionário proprietário de um grande imóvel ao lado do restaurante Carreteiro. Osval Siqueira, pistonista e band-leader, dono da orquestra que nos anos 50/60 dividia com a de Genésio Ramalho a preferência dos grandes clubes, decidiu retornar a luta. Enquanto Genésio aposentou suas baquetes e esqueceu a música, em termos profissionais, dedicando-se apenas ao seguro vencimento de escrivão de um cartório de nascimento e óbitos, na galeria Andrade, Osval reorganizou sua orquestra, com bons músicos, que fêz aplaudida "reentre" em baile no Círculo Militar há duas semanas. Estimulante, sem dúvida, a todos que se preocupam pela valorização do instrumentista - cujo mercado de trabalho tem sido tão corrompido nos últimos anos, principalmente com a concorrência da música mecânica. O Sam Jazz Quinteto, liderado pelo pianista Hilton Alice - que é também professor na Escola de Música e Belas artes do Paraná e ativo presidente da secção regional da OMB - após uma breve crise, rearrumou-se e continua a exibir, 12 anos após o seu lançamento oficial, vencendo a I Jam -Sessionm, que organizamos no Santa Mônica Clube de Campos, em 1967, e quando era um trio - com Hilton no piano, Norton Morozowicz - hoje primeiro flautista da Sinfônica Brasileira - no baixo e João Chiminazzo Netto, agora publicitário e assessor da presidência da Lorenzetti - Porcelana Industrial do Paraná, em Campo Largo, na bateria. Aliás, um dos atuais integrantes do Sam Jazz, Reinaldinho - inspirado compositor e dono de voz suave - acaba de terminar a montagem de "Coração Musical", espetáculo com temas próprios, inéditos, que amparado em um excelente grupo instrumental, inteligente roteiro, pretende apresentar em Curitiba, tão logo consiga um necessário - e merecido - apoio financeiro. *** Neste fim de semana, artistas de diferentes faixas de público estão na cidade: Elizete Cardoso, que mais do que ninguém merece o título de A Divida e que gravou no final do ano passado o álbum definitivo de sua carreira, "A Cantadeira do Amor", produção de Herminio Bello de Carvalho - por sinal seu último elepê na Copacabana, da qual era contratada há 23 anos - chegou hoje à tarde, para um único show no Clube Curitibano. Angela Maria (Abelin Maria da Cunha), também chega hoje, para um único show - e mostrar, que continua, aos 30 anos de carreira, com a mesma vigorosa voz. Já para o público especifico, Sidney Magal (hães), 28 anos, produzido em termos de marketing por Roberto Livi e que é um dos maiores vendedores de discos da Polygram, estará domingo à tarde no Parque Aquático Vila Olímpica, fazendo um show a Cr$ 150 mil, mais 11 passagens. Há 18 meses, seu cachê era de Cr$ 5 mil. Por quanto tempo resistirá? A Polygram acredita que por mais alguns meses, tanto é que sai logo seu novo lp e vem aí o seu primeiro filme, "Amante Latino"- destinado a explorar, com um pouco de atraso, a linha discotheque , cujo "Sábado Alucinante", de Cláudio Cunha, que tem Isidoro Lassalve, da Distribuidora Arco Íris, de Curitiba, como um dos produtores, também já está tendo seu lançamento anunciado cuja trilha sonora sai nos próximos dias, igualmente pela Polygram. E falando nisto, Lady Zu - a morena cantora que a Polygram vê possibilidades de transformar numa Donna Summer nacional, estará na cidade na próxima quarta-feira, dia 18, especialmente para o lançamento de seu segundo lp, "Fêmea Brasileira". A gravadora dá tanta importância ao marketing do disco de Lady Zu em Curitiba, considerada ainda cidade-teste para muitas pesquisas, que Roberto Barros, representante regional da gravadora, já alugou o Flash Disco Club para um coquetel especial, no qual estarão presentes o vice-presidente da empresa, Heleno Oliveira , o compositor e produtor Roberto Menescal (um dos nomes mais respeitáveis da melhor fase da Bossa Nova) e, naturalmente, Paulo Guerra, chefe de divulgação. "Fêmea Brasileira", título bastante agressivo, traz Lady Zu, 21 anos, num repertório em que reinterpreta na linha discotheque clássicos como "A Banda" (Chico Buarque), até "Boneca de Pixe" (Ary Barroso/-Luiz Iglesias), mas tendo, naturalmente, em "Dança Louca", de Paulinho Camargo (autor de "A Noite Vai Chegar", seu primeiro sucesso) um dos pontos fortes de venda. *** Para não dizer que só falamos de dicotheque, duas ótimas notícias: de 31 de maio a 3 de junho, Vinícius de Morães e Toquinho fazem no Guaíra, temporada com show comemorando seus 10 anos de parceria. E de 13 a 17 de junho, no mesmo teatro, as vozes perfeitas e harmoniosas do Quarteto em Cy. FOTO LEGENDA- Lady Zu
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
14/04/1979

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br