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Aramis

Do balé [à] harpa, em bons [álbuns]

O produtor Marcus Pereira, cuja importância na documentação da música brasileira nestes [últimos] anos o tem feito merecer a maior cobertura da imprensa do campo do folclore, aos grandes talentos esquecidos e agora também nas reedições (com o acêrvo dos discos Copacabana, que comentaremos dentro de algumas semanas ) - estende também o seu interesse para a música clássica brasileira. Depois dos magníficos [álbuns] duplos com Arthur Moreira Lima interpretando Ernesto Nazareth (1863-1934) e Chopin (1810-1849), Marcus Pereira lança agora a pianista paulista Isabel Mourão, ex-discípula de Magdalena Tagliaferro, executando peças de Oswaldo Lacerda (São Paulo, 1927), "Piano Brasileiro", Discos Marcus Pereira 10356, 1977), a obra de Lacerda se destaca por um refinado nacionalismo, fruto de um profundo conhecimento das características específicas da música folclórica e popular de nosso país, aliadas a um emprego livre e consciente das mais diversas técnicas de composição - o que somado ao virtuosismo de Isabel Mourão faz deste um excelente lançamento [indispensável] a quem se interesse por nossa música erudita. No momento em que o ballet, ao menos em Curitiba, adquire cada vez maior status, com as constantes temporadas no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto recebendo crescentes [públicos], a música especialmente criada para dança também deve ter um consumo em [ascendência]. E para esta faixa de público recomendamos o lp "Chopiniana", (Continental/Melodia, 3-37-404-002, [junho]/77), de Aleksander Glusunov e Maurice Keller), criada especialmente para o ballet e Mikhail Fokine, executada pela Orquestra do Teatro Bolshoi de Moscou, sob a regência de Algis Zuraitis. Trata-se de um novo lançamento de categoria, graças ao acordo firmado pela Continental com a gravadora estatal Melodia, de Moscou - e graças a qual teremos a música dos grandes mestres russos, em [edições] de excelentes aprumos [técnicos]. Na contracapa, lúcidas notas do musicólogo João Luiz Ferreti. Leonard Bernstein (Lawrence, Massachusetts, 1918) é um dos raros casos de genialidade [tanto] no popular ("West Side Story", por exemplo) como no erudito - tanto como criador regente. Bernstein merece toda uma literatura, tal a sua [importância] dentro da música contemporânea e sua imensa discografia, pouco a pouco vem sendo conhecida no Brasil, embora sem a regularidade que mereceria. Há poucos meses a CBS editou um elepe (CBS, 2500004, março/77), com fragmentos da "Missa" que Bernstein criou especialmente para a inauguração do Centro John F. Kennedy para as Artes Interpretativas, estreada em Washington em 8/9/1971. Editada nos EUA, numa caixa com 4 elepes, aqui esta obra litúrgica-musical tem apenas os seus momentos mais importantes - mas apesar disso é possível ter-se uma idéia da magnitude deste trabalho, um novo exemplo de "Missa" religiosa em concepção nova e audaciosamente criativa. No campo erudito, este é um dos mais importantes lançamentos do ano - lamentando-se apenas que a CBS brasileira não tenha feito a edição completa da obra. A propósito, a CBS, que até há pouco tinha um dos mais desorganizados catálogos nacionais e internacionais - agora, felizmente, em fase de reestruturação, no setor [erudito] é uma das gravadoras que faz [as] melhores edições, em especial, [foi] imenso catálogo da Odyssey, geralmente com [álbuns] de capas duplas, repleto de informações. Entre as suas edições recentes, temos as seguinte: a) Com a Orquestra de Câmara Bernard Thomas de Paris e o cravista Hans Governs, holandês de nascimento, temos duas das mais belas obras dos descendentes do grande John Sebastian Bach: de Carl-Philipo Emmanuel Bach (1714-1788) é o "Concerto nº 29, em lá maior["] e de Jean Chrétien Bach (1735-1782) o Opus 13 nº 2, concerto número 14 em ré maior. A harpa, um dos instrumentos mais suaves e que ao longo de sua história - cerca de vinte séculos - conheceu dias gloriosos e períodos de retraimento, tem, no Brasil, uma pequena discografia [à] disposição dos apreciadores e estudiosos. E isso faz com que o elepe "Prestígio da Harpa no Século XVIII" (CBS/Odyssey, 240.013, junho/77) adquira especial atenção. Anniel Chalann, harpista francesa que desde os 18 anos é membro da Orquestra de Ópera de Paris, executa peças de mestres harpistas, como Christian Hochbrucker, Jacques-George Couisineau, François Patrini, Joseph Hinner, [...], Krumpholtz e Jean Baur. Antonio Vivaldi (1678-1741) é um dos mestres clássicos com maior número de gravações de suas obras ao alcance do público brasileiro, principalmente a série do grupo I Musici. Agora, com a orquestra de Câmara Bernard Thomas, de Paris, formada por Jean Jacques Kantorow (violino), Etienne Peclard (violoncelo), Clelia Mertens (harpa), Alberto Ponce (violão) e Brigitte Haudebourg (cravo), temos "Quatro Concertos de Vivaldi" (CBS/Odyssey, 240.009). Já um exemplo da música vocal de - como o "Salmo 126[" ,] "Nisi Dominus", para contralto, cordas e órgão, pode ser ouvido no lado A do elepe "A Arte Vocal na Itália nos Séculos XVII e XVIII", (CBS/Odyssey, 240.007), com o contralto Ortrun Wenkel e a Orquestra Pro Arte, sob regência de Kurt Redel. No lado 2, temas de três outros compositores italianos do mesmo período: Giacomo Carissimi (1605-1674), Antonio Caldara (1670-1736) e Claudio Monteverdi (1567-1643). Para quem aprecia a música lírica, outro elepe recomendável: a soprano Cecilia Fondevila e o baixo Juan Pons, acompanhados pela orquestra Sinfônica de Barcelona, sob [regência] do maestro Armando Gatto, interpreta no lp Columbia S/A, aqui editado pela Copacabana (AHLP 12071, junho/77), trechos das operas "Macbeth", "Il Trovatore", ["]Cavelleria Rusticana", "Turandot", "La Wally", "La Gioconda" e "Andrea Chenier". Ainda para a mesma faixa faixa de público é o interessantíssimo [álbum] "Cantos na Corte de Carlos Quinto" (CBS/Odyssey), com a soprano Ana Maria Miranda (Paris, 1942, criada na Argentina), acompanhada pelo Groupe d'Instruments Anciens de Paris, sob a direção de Roger Cotte, o que [interpreta] peças de três [gêneros] diferenciados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
32
10/07/1977

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