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Aramis

As dores teatrais, com as limitações de Taumaturgo

Na noite de quinta-feira passada, após a estréia de "Dores de Amores", no Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, uma senhora de 50 anos, comentando a drástica informação carimbada no ingresso - "em hipótese alguma será permitida a entrada após o início do espetáculo", dizia: - "O pior seria se, em hipótese alguma, não permitissem que o espectador pudesse deixar o auditório no meio do espetáculo". Já outra senhora, 73 anos, há anos fã de Malú Mader pelos seus trabalhos na televisão, irritadíssima, dizia: - "Depois desta peça, nem vou mais assistir o "Top Model" ou qualquer outra telenovela em que Malú apareça". Entre opiniões tão radicais aos risos de uma platéia que pagando Cr$ 600,00 lotou as quatro apresentações de "Dores de Amores", houve até quem gostasse da peça escrita por Leo Lama, filho do dramaturgo-ator-contestador Plínio Marcos e da (boa) atriz Walderez de Barros. O jovem Leo chegou com atraso em termos de dramaturgia. Se na época da repressão, o choque visceral, crítico e corajoso dos textos de seu pai adquiriu um sentido político - que compensava, muitas vezes, as limitações das temáticas abordadas, Leo, a propósito da crise no relacionamento de um jovem casal, fica na mais pura apelação, com diálogos e situações sem a menor imaginação. Malú Mader, atriz que há dois anos teve uma dupla presença vigorosa no cinema brasileiro ("Dedé Mamata" e "Feliz Ano Velho"), mereceria melhor sorte: afinal, além de bonita, é uma profissional esforçada, com segurança e que, perdida no palco, tenta inutilmente segurar um espetáculo descosido, repetitivo e que só pode satisfazer aos mais débeis viciados pelas telenovelas. O mais triste, entretanto, é ver um ator como Taumaturgo Ferreira, que há dois anos ganhou do cineasta Ruy Guerra o principal personagem, o Padre Nando, na superprodução "Kuarup", perder-se totalmente. Se na televisão e no cinema consegue, ainda, passar algum elemento dramático, nesta montagem de "Dores de Amores" sua presença é constrangedora. Tão nervosa e irritante que a exigência de que não haja público entrando após o início do espetáculo, é de sua parte, pois com isto "desequilibraria" sua interpretação. Pelo visto, da nada adianta! LEGENDA FOTO - Dores no palco: Taumaturgo, constrangedor. Malú, desperdiçada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/04/1990

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