As eleições & o dever de cada um
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de novembro de 1974
Nunca o ginásio da Sociedade Thalia teve um público atencioso e pontual como na noite de quinta-feira, quando cerca de 2 mil responsáveis cidadãos ali compareceram, convocados pelo Tribunal Regional Eleitoral, para receberem as instruções rigorosas para o pleito da próxima sexta-feira, dai 15. Em linguagem franca e objetiva, os homens do TRE expuseram aos curitibanos convocados para o cívico trabalho da próxima semana a importância e responsabilidade da tarefa de cada um, iniciando com a clara afirmação de que assim como aquela reunião iniciava exatamente na hora prevista (20 horas), também no dia 15, às 7 horas da manhãs, o presidentes e mesários de todas as zonas da cidade terão que estar a postos para a sua tarefa - que se estenderá até o final do dia, num sacrifício democrático e importante para cada cidadão escolhido.
A maior preocupação das autoridades eleitorais é diminuir ao máximo a abstenção, pois os números dos últimos pleitos são realmente impressionantes e alertam a quem deseja ver as eleições fortalecidas como representação da vontade popular. Em 1970, cerca de 7 milhões de eleitores anularam suas cédulas ou votaram em branco. Em 1945, cerca de 6 milhões e 200 mil elegera os parlamentares que haveriam de redigir a Constituição do ano seguinte. No dia 15 de novembro, com um eleitorado seis vezes superior ao de 45, o Brasil irá novamente às urnas.
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De uma maneira geral, os resultados poderão surpreender pouco, pois o MDB luta para fazer o terço da Câmara dos Deputados e a Arena para impedir que ele o consiga. Enquanto isso, o aumento do que se pode chamar de abstenção real, pode comprometer o conjunto dos resultados. Nos Estados, os votos nulos, os brancos e os daqueles que simplesmente não vão às urnas amanhã, são encarados de forma simplista. A oposição sempre acredita que vai melhorar com reforços recebidos dos votos perdidos no que supõe serem atitudes de protesto.
A Arena insiste em prometer uma grande mobilização. E os Tribunais Eleitorais não arriscam previsões pois o pleito será regido por ruma nova mecânica, a da Lei Etelvino Lins, que obriga ao transporte e alimentação gratuitos. mais importante do que o número de cadeiras a ser conquistado é a sua representatividade, que corre o risco de chegar a níveis pouco lisonjeiros para àqueles que se acomodam em seus confortáveis assentos.
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