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Elísio esvasia Cordone para agilizar o Social

O secretário Luiz Cordone Jr. mostrou ser um homem de nervos de aço e com muito jogo de cintura no episódio do enfraquecimento de sua pasta com a decisão do governador João Elísio em agrupar a Fundação de Promoção Social do Paraná - Promopar - e o Instituto de Assistência ao Menor - IAM, na recém-criada Subchefia de Bem-Estar Social. Embora, em releases e declarações oficiais, os homens do poder insistam em mostrar que a iniciativa de retirar da Secretaria da Saúde a área de Bem Estar Social, tenha sido feita com prévias e demoradas discussões, consta que a decisão final foi rápida e pessoal do próprio governador João Elísio. Preocupado em agilizar a área do serviço social - desenvolvida de forma capenga na pasta da Saúde - João Elísio teria pensado, inclusive, em criar uma nova pasta para a área. Entretanto, às vésperas de eleições e não querendo abrir novos pontos polêmicos, acabou optando por uma fórmula intermediária - Subchefia de Bem Estar Social ligada à Casa Civil, com direção entregue a uma assistente social a experiente sra. Eva Maria Neia Scheffer, que vinha assessorando, há algum tempo, a primeira dama do Estado, sra. Maria Cristina Camargo, na presidência da Provopar. xxx Mesmo que se diga o contrário, a separação de duas importantes fundações - Promopar e IAM - da esfera da Secretaria da Saúde, não só representa um esvaziamento da pasta, como obriga a imediata desativação da Fundação Caetano Munhoz da Rocha, o que deve significar a redução de muitos (e bem remunerados) cargos em comissão ali existentes. Pasta ocupada, desde início do governo José Richa, por elementos identificados ideologicamente a extrema esquerda, a Saúde e Bem Estar Social sempre preocupou alguns setores do governo - e há quem veja nesta reforma promovida a toque de caixa pelo governador João Elísio uma forma, indireta, de reduzir a área de influência de um grupo ativo e que, ao longo dos últimos anos, representou também um foco de resistência a certos programas oficiais. Tanto é que a área de assistência social vem sendo preterida, com um orçamento reduzidíssimo. Mantendo convênios com mais de mil entidades em todo o Estado, a Promopar tem um orçamento para 1986 de apenas Cz$ 50 milhões - metade do qual prometido com a folha de pagamento de seus 260 funcionários. Só para atender as solicitações de compra de cobertores, a Promopar necessitaria aplicar todo o seu orçamento - pois cada unidade (e há pedidos para 60 mil) custa Cz$ 55,00. Acrescente-se a isto solicitações de 3 mil cadeiras de roda (Cz$ 600,00 cada), 20 mil pares de óculos (Cz$ 400,00 cada) e subvenções para centenas de instituições com as quais mantém convênio para sentir-se a pobreza de sua atuação. Só dois asilos de Curitiba - Recanto Tarumã e São Vicente de Paulo - custam Cz$ 3,5 milhões ao ano. xxx Ex-funcionária da Promopar, onde chegou a chefiar o setor de entidades oficiais e responder, interinamente, pela direção técnica, Eva Maria Neia Scheffer, assistente social, uma senhora com muitos anos de serviço, respeitada profissionalmente, havia deixado a Fundação há alguns meses para assessorar ao Programa do Voluntariado Paranaense, onde Maria Cristina Campos, desde que assumiu a presidência, vem se preocupando em desenvolver um trabalho mais ativo do que nos muitos meses em que ali permaneceu a sra. Arlete Richa, a quem faltou maior dinamismo. E esta agilização proposta pela primeira dama, jovem, simpática e preocupada em ativar a assistência social, deve, naturalmente ter tido acidentes de percurso com tecnocratas frios e pragmáticos ideologicamente, dentro da política estrutural que Cordone Júnior montou em sua pasta. Assim, antes que houvesse uma crise maior - desaconselhável nestes inflamados meses pré-eleitorais - o governador João Elísio tomou uma decisão habilidosa e, até certo ponto desenvolvida em sigilo: trouxe para a proximidade de seu gabinete todo o comando da política de Bem-Estar Social, nomeou para sua coordenação uma profissional competente - e que deve ter, naturalmente, o aval da primeira dama do Estado - e, com isto, quer, nos poucos meses que lhe restam nesta administração, fazer algo por um dos setores mais negligenciados na administração José Richa. No Provopar, até o momento, a diretoria foi mantida: Wilson Andrade Ribeiro, homem de confiança de José Richa, continua na superintendência; Luís Hermínio Soares na administração e Maria Helena Rigoni de Faria na direção técnica. O diretor do Instituto de Assistência ao Menor - Nelson Esperandio - também deve ser mantido.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
08/08/1986

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