Login do usuário

Aramis

Em todas as rotações ...

[1 -] Há dois anos, Wanderléa, a "ex-Ternurinha" da Jovem Guarda, fez a primeira tentativa de mudar sua (desgastada) imagem: convidou o jornalista Arthur Laranjeiras para produzir um show e o seu disco "Feito Gente", conseguiu músicas inéditas de compositores de gabarito (Milton Nascimento, João Bosco-Aldir Blanc etc.) e o resultado foi um disco bem acima da média. Agora, Wanderléa consegue dar um salto maior: nada mais, nada menos do que o ultra-respeitado Egberto Gismonti fazendo arranjos e dando quatro músicas para ela gravar. Bem promovido pela Odeon, este elepê deverá fazer boa carreira comercial e ao mesmo tempo que eleva musicalmente Wanderléa abre para Egberto, até hoje considerado um excelente compositor-instrumentista mas [hermético] e "difícil", uma nova faixa de mercado. Enfim, uma simbiose válida tanto comercial como musicalmente. De Egberto-Geraldo Eduardo Carneiro, [Wanderléa] gravou "Calypso", "Café", "Educação Sentimental", e "Carmo". De Gonzaga Júnior é "A Felicidade Bate A Sua Porta", de Rosinha da Valença o belo "Coisas da Vida" (já gravado também por Norma [Benguell]). As demais faixas são de Altay, músico do grupo de Wanderléa ("Vamos Que Eu Já Vou", título do disco, "Antes Que a Cidade Durma", "Relva Verde"), Tibério Gaspar/Aecio Flávio ("Dança Mineira"), Paulo Diniz-Juhareiz Correya ("Poema Para Lea") e, como não poderia faltar, Roberto-Erasmo Carlos ("A Terceira Força"). 2 - A CBS é uma gravadora que não se cansa de procurar novos ídolos jovens, pois afinal Roberto Carlos continua a ser, há 12 anos, a grande galinha dos ovos de ouro. E para saber se há novos Roberto Carlos ou Odairs José (este descoberto pela Philips e hoje na RCA) só gravando com gente que pode [prometer] atingir diferentes faixas de público. Assim temos, por exemplo, um cantor-compositor como Hyldon ("Nossa História de Amor" (CBS, 137994, junho/77), com canções como "Eu Sou Um Anjo", "O Gavião Solitário", "Amor [Platônico]", "Rainha de Copacabana", e "Solange", tentando conquistar a faixa hoje dominada por Sidney Magal. Já Ed Carlos (CBS, 137998, maio/77) é apenas cantor coom um repertório de especialistas em músicas padronizadas ao gosto suburbano, como Robson-Jorge ("Quero Saber o Teu Nome"), Fernando Mendes ("Se o Telefone Tocar", "Sem Ela"), Bebeto ("Eu Não Me Importo Com As Coisas do Mundo") ou Tony Nunes ("Novidades de Você"). Tony Bizarro é outro cantor que busca também o seu lugar nesta faixa: com uma produção de quase 40 instrumentistas, incluindo cordas e metais, grava músicas da dupla Yara-Tulla ("Não Pode", "Quem Sou Eu, Quem é Vocé", "Não Vai Mudar", "Não Vejo a Hora", "Que Se Faz da Vida") e também suas próprias - que vão desde um tributo a Brian Jones ("Adeus Amigo Vagabundo") até "Como Está Não Faz Sentido"). Para a mesma faixa de público, a Odeon também prepara novos cantores: José Augusto é um deles, que abre o seu novo lp SMOFB 3038, junho/77, com "Mania de Grandeza" de Odair José, para em seguida enfileirar cinco composições próprias - "Quero Encontrar Meu Caminho", "Só Não Acaba O Que Nunca Começa", "Cinderela", "Meu Primeiro Amor", "O Relógio", todas evidentemente com parceiros diversos. Zé Augusto andou até a Espanha e lá gravou "Melancolia", que encerra o lp. 3 - Morris Albert não é mais tema para colunas musicais e sim econômicas: afinal Maurício Alberto Kaisserman tornou-se uma espécie de caça-dólares para equilibrar [nossa] capenga balança de pagamentos, haja [vista] que seu "feelings" já teve mais de 500 gravações no Exterior. O terceiro lp de Morris Albert ("Love And Life",, Charger Records/Beverly, junho/77), gravado evidentemente nos EUA, onde ele mora, foi lançado simultaneamente nos EUA, onde ele mora, foi lançado simultaneamente em 45 países, já teve faixas incluídas em telenovelas da Globo e, por certo, mesmo não vendendo tanto quanto "Feelings", garantirá ao grupo Som, um faturamento [tranqüilo] - a propósito: a harmoniosa dupla de pianistas Ferrante e Teicher, escolheu "Feelings" para tema-típico de seu último lp, gravado, de 12 a 4 de maio/76, em Nova Iorque e que a Copacabana lança agora no Brasil. Música suave, ideal para back-ground de conversas íntimas, a que Ferrante & Teicher oferecem. Além de "Feelings", temas como "[What] Are You Ding The Rest Of Your Life" (Legrand), "Tender Is The Night" (Cain-Webster), "Missouri Breaks" (John Willians) e até uma adaptação de "Thapsodie" e, além de sempre [romântica] "An Affair To Remember" (Warren), fazem deste um dos bons discos instrumentais da temporada. 4 - O bolero continua a encantar namorados. E nada melhor do que Lucho Gatia (Rancagua, Chile, 1928) para interpretar [músicas] como "Alfonsina", "Incertidumbre", "Amar Y Viver" e "Dos Almas", que somadas a "Apelo" (Baden Vinicius), num abolerado arranjo, estão no lp (Continental, 1-01-701-167, julho/77), que sai agora aproveitando a recente passagem de Gatica no Brasil. 5 - E se a CBS investe em novos cantores, a Chantecler continua a lançar grupos instrumentais-vocais, na faixa dos "bailes de sábado". Um grupo que acaba de fazer um lp na etiqueta do galinho é "Os Atuais", que gravou ao menos uma [música] importante: "A Saudade Mata a Gente". As demais não acrescentam nada e pouco promovem o conjunto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
27
31/07/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br